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10 tendências de consumo para 2020, segundo a Euromonitor

Conveniência, tecnologia integrada à vida cotidiana, respeito à identidade cultural, bem-estar mental, privacidade de dados e preocupação com o meio ambiente. Essas são algumas das tendências emergentes identificadas pela Euromonitor International, que anualmente publica um relatório com insights sobre o comportamento dos consumidores.

Confira as 10 tendências de consumo para 2020, segundo a Euromonitor International

1.“Mais que humano”

Assistentes virtuais, dispositivos inteligentes, chatbots, fábricas sem funcionários e aplicativos gerenciados por Inteligência Artificial (IA) são cada vez mais usados nas operações comerciais, na logística da cadeia de suprimentos e nas vidas das pessoas.

Dessa forma, os consumidores estão começando a aceitar o fato de que certas tarefas podem ser feitas por robôs e sistemas de IA para o seu próprio bem-estar, conveniência e conforto.

A maior disposição em gastar com tecnologias que exigem a adoção de comportamentos relativamente novos, como o controle por voz, é um dos sinais desse novo comportamento, que também inclui: uso crescente de assistentes virtuais, como a Alexa, da Amazon; de caixas de som sem fio (como Amazon Echo e Google Home), de brinquedos robóticos (como o Alpha Mini, da Ubtech Robotics) e aspiradores de pó robóticos conectados. Esses aparelhos comandados por IA simplificam a vida das pessoas e proporcionam experiências personalizadas, algo que a Geração Z valoriza bastante.

No longo prazo, as empresas vão incorporar a IA em suas estratégias. Essa tecnologia será usada para automatizar a manufatura e logística, compreender demandas de consumidores diferenciados e proporcionar soluções personalizadas com precisão.

2. “Conquiste-me em segundos”

Com maior acesso à tecnologia, os consumidores podem acessar quantidades imensas de informações. A partir daí, surge a necessidade de identificar os conteúdos mais relevantes.

As pessoas estão procurando canais personalizados, autênticos e cativantes. Para isso, marcas e plataformas apostam em materiais com impacto visual e comentários em áudio — multissensoriais e rápidos para gerar a satisfação instantânea. Segundo a Euromonitor, em 2020, esse deverá ser padrão de serviço para atender aos consumidores.

Esta tendência é mais forte em regiões emergentes, como Oriente Médio e África, Ásia-Pacífico e América Latina, onde as populações são mais jovens.

Outro ponto é que os consumidores buscam fontes confiáveis para ajudar a analisar a grande quantidade de informações disponíveis e tomar decisões rapidamente. Em 2020, os canais que parecerem autênticos (amigos, familiares e consumidores independentes) serão as fontes confiáveis. Por outro lado, os canais de marketing ligados diretamente a uma marca, serviço ou produto terão menor influência.

Os influenciadores digitais também ganham força como um canal de marketing digital emergente.

Geralmente, os consumidores seguem influenciadores com valores semelhantes, resenhas confiáveis e conteúdo que desperte uma resposta positiva. Isso resultou na transição de macroinfluenciadores liderados por marcas para microinfluenciadores independente das marcas. Esse canal tem repercussão principalmente com usuários entre 18 e 44 anos de idade, em regiões com populações mais jovens.

3. “Mobilidade sem limites”

Com as cidades superlotadas, a mobilidade do futuro deverá ser personalizada e eficiente.

A transição da mentalidade da posse para o acesso permitirá que os consumidores não priorizem mais comprar um carro para facilitar os deslocamentos. Além disso, com os estilos de vida cada vez mais atribulados, porém flexíveis, as pessoas querem liberdade para se locomoverem e o transporte precisa atender às necessidades variadas 24 horas por dia.

As pessoas usam aplicativos para planejar sua jornada e querem atualizações em tempo real sobre a melhor maneira de ir do ponto A ao B, seja de trem, táxi, bicicleta elétrica, patinete ou uma combinação de todos esses meios. Em 2020, os consumidores querem que seu transporte pelas cidades seja modular e personalizado de acordo com suas necessidades especiais, levando em conta tempo, orçamento, clima e ocasião.

Os consumidores também esperam que a compra e o pagamento sejam convenientes e ininterruptos. Com isso, os pagamentos sem contato, via dispositivos móveis e transações pré-pagas devem virar a regra em muitas cidades.

4. “Inclusão para todos”

As marcas estão mais atentas às necessidades de indivíduos com deficiências físicas ou mentais, que frequentemente acabam vivendo em isolamento e enfrentando discriminação.

Assim, as empresas que atuam em diversos setores começam a reformular produtos e serviços para serem mais acessíveis, ajudando a reduzir o preconceito relacionado às diferenças.

Isso significa que as marcas estão saindo da estratégia de segmentação para adotar a inclusão. Elas procuram compreender as deficiências e se unem a empresas locais e comunidades de pessoas com deficiência para fornecer esclarecimentos em relação ao desenvolvimento de novos produtos, desde a etapa inicial de design até o marketing e a divulgação.

Em um movimento mais amplo, além da questão da inclusão de pessoas com deficiência, os padrões de beleza estão mudando e os consumidores estão aceitando quem eles são, em contraponto aos padrões antes inatingíveis.  Assim, ganha força no campo de beleza e cuidados pessoais, a expressão “body-positive”, com as artes culturais e a mídia reforçando esses ideais que estão mudando.

Além disso, os consumidores também procuram marcas que reflitam seus próprios valores. Seja um xampu, uma calças jeans ou um software de videogame, eles querem comprar produtos de empresas que reverberem suas crenças. Esses novos comportamentos de compras andam lado a lado com o interesse em movimentos de saúde, bem-estar e atitudes éticas.

5. “Cuidando de mim mesmo”

Ansiedade e estresse são problemas comuns atualmente. Enquanto no passado não muito distante as pessoas consumiam cigarros e álcool para amenizar esses problemas, hoje consumidores procuram produtos para lidar com necessidades específicas de bem-estar mental e para evitar os efeitos psicológicos do estresse, preocupações e falta de sono.

Produtos posicionados para melhorar o humor, relaxar, aliviar o estresse e a ansiedade e melhorar as funções do cérebro estão cada vez mais presentes em diversos setores, de bebidas a cosméticos. Bebidas e cigarros estão sendo substituídos por estimulantes menos prejudiciais, como cannabis, álcool sintético e molecular.

A cannabis legalizada está na vanguarda dos cuidados de bem-estar. A Euromonitor International prevê que o mercado de cannabis legalizada chegará a US$ 166 milhões em 2025. Essa indústria abriu caminho para outros produtos se posicionarem de maneira parecida, o que pode ser visto na inclusão de plantas funcionais em produtos alimentícios e bebidas, como cúrcuma, cogumelos, ashwagandha e matcha ou estimulantes de hormônios em neurocosméticos e aromas que imitam a natureza em produtos de beleza.

6. “Casas multifuncionais”

Com o trabalho remoto ganhando popularidade, os lares também evoluem. Os consumidores adquirem novos hábitos quanto ao trabalho, roupas, compras, alimentação e exercícios físicos. Assim, o deslocamento até lojas, restaurantes, academias e centros comerciais diminui, estimulando o varejo online e serviços de entrega de comida, itens de mercado e outros produtos.

Os consumidores gastarão mais tempo e dinheiro procurando por produtos, serviços e atividades para que aproveitem ao máximo o tempo que ficarem em suas “Casas multifuncionais”.

A tecnologia será usada não somente para trabalhar, mas também para cozinhar, entreter, limpar, cuidar do jardim, socializar, se exercitar e relaxar em casa. Com a conectividade doméstica de banda larga em crescimento, o 5G será o principal catalisador para criar casas inteligentes no futuro, ainda mais multifuncionais e integradas.

Refrigeradores inteligentes farão automaticamente o pedido dos itens que estão acabando, enquanto drones farão a entrega. As realidades aumentadas e virtuais vão proporcionar relaxamento e diversão, criando oportunidades de vivenciar shows ao vivo e partidas esportivas no conforto do lar.

7. “Personalização privada”

Os consumidores querem que as marcas customizem produtos e serviços e, para isso, precisam ceder informações pessoais para otimizar sua experiência. As empresas investem em algoritmos e métodos de coleta de dados para fazer um marketing mais preciso.

No entanto, os consumidores estão cada vez mais preocupados com quem tem acesso aos seus dados e como eles são usados. Assim, esta tendência indica que as pessoas confiarão cada vez menos em empresas que coletem e usem seus dados sem transparência, segurança adequada e opções de cancelamento de compartilhamento.

Segundo a Euromonitor, legislações como a GDPR (General Data Protection Regulation ou Regulamento Geral de Proteção de Dados), da União Europeia, sugerem que o poder estará cada vez mais nas mãos do consumidor.

No futuro, os consumidores provavelmente poderão sair das experiências fabricadas digitalmente e, talvez, possam exigir aquelas que desejarem, impondo para as empresas os métodos para executá-las. Isso pode criar um mercado para aspirantes a agregadores de dados, que pagariam aos consumidores para acessar certas partes de seu banco de dados e, por sua vez, vender às empresas um perfil mais completo do consumidor.

8. “Orgulhosamente local, ganhando o mundo”

Muitas pessoas estão voltando às suas raízes e tradições. Isso é visto na preferência cada vez maior por produtos e marcas locais, que são considerados mais autênticos.

As marcas de nicho começam sua rota global acentuando suas credenciais locais. Ao mesmo tempo, as multinacionais moldam seus produtos de acordo com os gostos e preferências locais, sem perder a identidade central da marca.

Essa tendência local se estende às mudanças que estão ocorrendo nas instalações e processos de manufatura. Minifábricas localizadas muito mais perto do consumidor final estão substituindo as megafábricas multinacionais. Isso está em sintonia com prioridades ambientais, pois, ao produzir localmente, as empresas podem reduzir os tempos de entrega e criar modelos de distribuição sustentáveis. Ser acessível, local e não poluente se torna cada vez mais importante.

As regiões com o maior apego às compras em lojas de proprietários locais são o Oriente Médio e África (32%), seguidos pela América do Norte (28%), segundo a Pesquisa Lifestyle Survey da Euromonitor International.

No Oriente Médio e África, essa tendência pode ser atribuída a uma combinação de lealdade à comunidade com acessibilidade econômica e física. Na América do Norte, a experiência de shoppings centers e cadeias de lojas parece cada vez menos atraente. As pessoas querem estar ligadas à sua vizinhança e apoiar comerciantes locais e independentes.

9. “Revolucionários de reutilização”

Reutilizar é o novo reciclar. Com a sustentabilidade afetando a percepção das marcas, as empresas lançam modelos de assinatura e opções reutilizáveis ou com refis para atender às demandas éticas dos consumidores.

O aumento da conscientização ambiental reforça esta tendência especialmente para as gerações mais novas, que dão prioridade para experiências e não para a posse. Com isso, há a criação de oportunidades de modelos de negócios circulares, por meio do compartilhamento, reutilização, reposição e aluguel.

Novos modelos de negócios que evitam a geração de resíduos chamam a atenção de consumidores mais éticos que estão adotando a sustentabilidade por meio de produtos mais duradouros.

As empresas estão vendendo peças sobressalentes, ensinando aos consumidores como consertar produtos e lançando esquemas de comprar produtos de volta para recuperar materiais.

Entretanto, não há uma solução única que sirva para todos. Embora os consumidores do Oriente Médio, África e América Latina prefiram comprar produtos duradouros, o movimento minimalista é forte na Ásia, e os produtos de segunda mão estão ganhando mais interesse nos Estados Unidos e Europa.

Os consumidores de países europeus ricos, como Suécia, Dinamarca ou Alemanha, estão mais abertos a consertos, aluguéis e compra de itens de segunda mão.

10. “Queremos ar puro por toda a parte”

A preocupação crescente com o bem-estar pessoal e com o meio ambiente coloca a questão da qualidade do ar nos holofotes. Tanto que aumenta a pressão popular sobre os governos para evitar o aumento das temperaturas, manifestada, por exemplo, no ativismo climático da adolescente Greta Thunberg.

Portanto, esta é uma tendência que defende um mundo livre de carbono. Diante disso, várias indústrias estão inovando e adaptando seus produtos para atrair os consumidores, principalmente os mais jovens, com consciência climática.

Por exemplo, dispositivos de monitoramento da qualidade do ar que fornecem informações em tempo real sobre o material particulado ou produtos de limpeza ecológicos livres de compostos orgânicos voláteis (VOCS).

De acordo com a Pesquisa Lifestyle Survey da Euromonitor International, a porcentagem de entrevistados que se sentem bem ao comprar produtos ecologicamente corretos ou de origem ética cresceu de 24%, em 2015, para 28% em 2019, em todo o mundo.

Foto: Getty Images

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