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5 dicas para os empreendedores inovarem na crise

Diante da crise mundial provocada pela Covid-19, existem duas reações extremas que costumam ser tomadas pelos empreendedores: esperar a situação passar para mudar as estratégias e voltar os investimentos; ou inovar em um cenário desafiador, procurando se destacar no mercado.

Os especialistas consultados pela reportagem do Portal de Notícias da GS1 Brasil apostam que, sem dúvidas, inovar é a melhor escolha.

Embora seja muito mais fácil e favorável fazer novos investimentos em tempos de bonança, as chances vindas pela crise não podem ser perdidas.

Fabian Salum, da Fundação Dom Cabral

Fabian Salum, da Fundação Dom Cabral – Foto: Divulgação

“Inovar é a garantia de sobrevivência. É a continuidade e longevidade do negócio”, pontua o professor da área de estratégia da Fundação Dom Cabral, Fabian Salum.

Na avaliação do sócio-fundador da consultoria de gestão de inovação PALAS, Alexandre Pierro, nas crises surgem oportunidades.

“É em momentos como esse que avaliamos o que realmente importa e fazemos as reformas necessárias em busca de mais eficiência e produtividade. Inovar deve ser um objetivo inerente à empresa, algo que acontece o tempo todo”, diz, ponderando, entretanto, que o momento pede, sim, maior cautela e pensamento estratégico.

“Na crise, como as fichas são poucas, errar pode custar a sobrevivência da empresa”, adverte Pierro. Salum também reforça a importância de enxergar a crise como uma oportunidade para não entrar num looping negativo.

“Se tenho um negócio voltado para consumidores com mais de 60 anos, que constitui hoje o grupo de risco da pandemia e que, portanto, está assumindo um confinamento social mais rígido, será que esse público não está consumindo por que não quer ou por que não são oferecidas novas formas de consumo a ele? Deve-se analisar, nesse exemplo, quais as novas expectativas deste consumidor. O bom empreendedor consegue se reinventar”, comenta Salum.

O professor da Fundação Dom Cabral dá outro exemplo. “Na impossibilidade de abrir os salões de cabeleireiros, muitos empreendedores estão realizando o serviço na casa do cliente. Assim, sem infringir a lei, ele se adaptou à realidade, criou um protocolo de segurança para sua equipe e fornecedores e passou a agendar os atendimentos domiciliares. Muitos, inclusive, estão faturando mais nesse período do que antes da pandemia”.

Cultura de inovação é a saída para crise

Alexandre Pierro da PALAS

Alexandre Pierro, da PALAS – Foto: Divulgação

Embora muitos empreendedores não enxerguem uma ‘luz no fim do túnel’, é importante ressaltar que toda crise tem um fim. No entanto, é preciso se adaptar ao novo normal, que será um momento de escassez.

“Teremos de oferecer produtos e serviços que sejam essenciais, já que os supérfluos devem sofrer quedas devido à redução na renda e altos índices de desemprego”, afirma Pierro, da PALAS.

“Se o mercado não quer ou não pode mais comprar o que eu vendia antes, vou ter que criar outra solução que atenda exatamente as necessidades atuais dos meus antigos clientes ou criar novas ofertas para clientes que eu não conseguia atender antes”, argumenta.

Nesse momento mais difícil, é a cultura de inovação que permite a criação de novos produtos ou serviços capazes de suprimir as novas demandas.

Diante desse cenário, a PALAS, por exemplo, desenvolveu o Reinventa, uma consultoria de três meses, 100% online, focada em ajudar pequenas e médias empresas a inovarem na crise. O programa propõe uma mentoria para rever pontos como, gestão de pessoas, produtos e processos. A ideia é que os empreendedores consigam encontrar caminhos alternativos para criar novos produtos e serviços, entendendo a real necessidade do cliente. Além disso, desenvolvam resiliência e uma cultura de inovação.

Competências para inovar

Confira as dicas dos especialistas para aplicar a inovação na prática e melhorar a situação do seu negócio nesta pandemia.

1. Ter resiliência e cultura adaptativa

Reclamar nunca resolveu o problema de ninguém. “É hora de arregaçar as mangas e trabalhar para criar as oportunidades certas. Onde estão os maiores problemas inevitavelmente estarão as melhores oportunidades”, diz Alexandre Pierro, da Palas.

Portanto, é preciso ser resiliente para agir conforme a situação se apresenta. “Se tenho resiliência, me acalmo e reinvento meu negócio, seja por meio de um canal de entrega ou de relacionamento. O desespero não permite pensar numa solução”, comenta o professor Salum, da Fundação Dom Cabral.

2. Ter olhar atento

O empreendedor inovador é, acima de tudo, um bom observador. Ele se dedica a olhar ‘a parte submersa do iceberg’, aquilo que ninguém está conseguindo enxergar.

“As pequenas e médias empresas, por exemplo, têm uma vantagem em relação às grandes que é a leveza operacional. Com estruturas mais enxutas, a inovação acontece de uma forma mais rápida, menos burocrática. Elas só precisam descobrir o que os clientes precisam para criar ofertas que atendam exatamente a essas novas necessidades”, aconselha Pierro.

3. Abusar da curiosidade, criatividade e força de vontade

De modo geral, inovar não exige custos elevados. “É preciso se livrar de pré-conceitos e estar aberto ao novo, entendendo que ninguém sabe as respostas certas até começar, testar e descobrir. Nesse sentido, é importante ter sagacidade, ousadia e processos bem definidos para fazer o novo acontecer”, conclui o especialista da PALAS.

4. Estar preparado para gestão de riscos

O empreendedor deve fazer a gestão de riscos, criando planos de ação para mitigar possíveis impactos no negócio.

“Empreendedores natos percebem, pelos sinais de mercado ou estimativas, que algo pode acontecer e colocar o seu negócio em risco, conseguindo sentir momentos de crise ou dificuldades e, assim, ter a possibilidade de calcular uma nova rota. Por outro lado, os empreendedores por oportunidade, como aqueles que se aposentaram e querem criar um novo negócio, costumam sentir muito mais os impactos de um período instável”, analisa Salum.

Ao fazer a gestão de riscos, é possível lidar com as crises de uma maneira mais tranquila e favorável. “Crises são inerentes a qualquer tipo de negócio. Inevitavelmente, um dia elas irão aparecer e a maneira como lidamos com elas é o que diferencia os empresários de sucesso”, pontua Pierro.

5. Adotar uma comunicação eficiente

Durante uma crise, é fundamental que o empreendedor dialogue com toda a equipe e clientes para ter a oportunidade de receber ideias e inspirações sobre novos modelos que podem ser aplicados, afirma Fabian Salum, da Fundação Dom Cabral.

“Quando se tem fornecedores e consumidores conscientes de que se está tocando ideias, isso traz inovação aberta e a co-criação de novas soluções que, sozinho, dificilmente poderiam ser pensadas. Quando se conversa, pode-se construir novos produtos e saídas”, diz.

Foto: Getty Images

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