A liderança feminina em empresas ajuda a diminuir o gap entre as condições de homens e mulheres e a promover a igualdade de gêneros no mercado de trabalho.
Consequentemente, ter mais mulheres na gestão contribui também para mais igualdade dentro da sociedade como um todo, algo ainda distante da realidade de hoje, mas que vem diminuindo ao longo dos anos.
Relatório recente do Global Gender Gap Report indica que ainda irão demorar 100 anos para alcançarmos em definitivo o equilíbrio entre os gêneros no âmbito profissional.
Atualmente, em todo o mundo, as mulheres representam 38,8% da força de trabalho global, contra 61,2% de homens.
No Brasil, essa diferença é menor, mas ainda muito distante: são 42% das mulheres e 58% de homens.
Pensando nisso, a Mentora em Carreira & Liderança Feminina, Gisele Miranda, listou 6 pontos em que a liderança feminina pode fazer toda a diferença:
Não só no Brasil, mas em muitos outros países, a desigualdade salarial entre homens e mulheres que exercem o mesmo tipo de trabalho é um problema. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a disparidade salarial de gênero em todo o mundo é de 16% – ou seja, só por ser do sexo feminino, elas ganham cerca de 84% em relação aos homens.
“Com as mulheres assumindo grandes cargos, a diferença salarial entre homens e mulheres que exercem o mesmo trabalho tende , diminuir, e é importante que isso aconteça para motivar as profissionais do sexo feminino, e para que elas ganhem cada vez mais espaço no mercado de trabalho”, afirma Gisele.
Desde muito jovem, a mulher precisa lidar e solucionar problemas de diversas naturezas, lidando com as inúmeras adversidades e pressões sociais, tanto na vida pessoal quanto na trajetória profissional. Isso faz com que a maioria das mulheres seja resiliente e com que a liderança feminina não desista facilmente diante de obstáculos.
“A resiliência é fundamental no mercado de trabalho, um líder precisa sempre buscar soluções para os mais variados problemas que aparecem no mundo corporativo, e uma mulher tem muito a contribuir nesse sentido”, diz a especialista.
Embora ao longo dos anos o mercado tenha evoluído e se tornado mais inclusivo, ainda hoje muitas mulheres sofrem preconceito por serem mães, ao se candidatarem a uma oportunidade de trabalho, e também enfrentam dificuldades para serem promovidas ou retornarem ao mercado após a licença-maternidade.
Segundo estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV), 50% das mulheres no prazo de aproximadamente dois anos após a licença maternidade.
“Os primeiros anos da maternidade são, sem dúvidas, mais difíceis, pois as crianças ficam mais doentes, necessitam da mãe, e as próprias mulheres estão mais cansadas de conciliar a maternidade com a profissão e é importante que elas tenham uma líder que tenham mais tolerância e compreensão em relação a isso”, comenta Gisele. No entanto, ela lembra que as mulheres que são mães e trabalham podem recorrer a uma rede de apoio para ampará-las – como babá, parentes e escola-, podendo dessa forma exercer suas funções de mães sem prejudicarem a performance no trabalho.
“As mulheres não têm que escolher entre trabalhar ou ter filhos. Ter medo de responder a perguntas sobre filhos em uma entrevista não pode ser visto como normal”, defende Gisele. “Da mesma forma, o fato de uma mulher ter se tornado mãe não pode ser visto como impeditivo para uma promoção ou contratação”, diz.
Nesse sentido, a liderança feminina pode ajudar a diminuir esse tipo de problema, já que uma líder mulher tende a ter mais empatia por passar pelos mesmos preconceitos que a liderada, ou ao menos se imaginar passando por isso.
A liderança horizontal é aquela que prioriza o trabalho colaborativo e o compartilhamento de ideias.
Neste modelo de gestão, os membros da equipe são estimulados a debater suas opiniões uns com os outros, para que se chegue às melhores soluções após a troca de ideias, independentemente de quem deu a ideia.
Não é novidade que as mulheres, que pertencem a um grupo muitas vezes minoritário- principalmente nos escalões mais altos-, muitas vezes são impossibilitadas de conquistar espaços significativos de fala.
“Ainda hoje, não é raro mulheres se queixarem de que não foram devidamente ouvidas em uma reunião da qual participavam muitos homens, por exemplo. A liderança horizontal ajuda a reparar situações de exclusão e silenciamento das mulheres, que infelizmente até hoje ainda se repetem. As empresas que adotam esse tipo de medida, ao meu ver, estão à frente de muitas outras companhias”, avalia Gisele.
No mercado de trabalho, as mudanças costumam ser constantes e nem todo mundo consegue passar por esses “altos e baixos” com a mesma facilidade. Muito pelo contrário, a grande maioria tem uma certa dificuldade para se adequar ao novo.
“As mudanças exigem muita paciência e saber lidar com desafios, fortes qualidades que as mulheres tendem a ter, não só na carreira profissional, como na vida pessoal. As mulheres já crescem tendo que lidar com mudanças radicais na vida pessoal, o maior exemplo disso é a maternidade, que envolve todo o processo de gestação, as alterações hormonais, o puerpério”, exemplifica Gisele.
Se as mulheres ainda não contam com o espaço que merecem no mercado de trabalho- no sentido de reconhecimento profissional e financeiro-, isso tende a melhorar conforme a liderança feminina aumente.
Se uma líder consegue compreender mais, ter maior tolerância em relação a alguns temas, e continuar exercendo suas funções buscando sempre o melhor, ela também estará demonstrando que vale a pena apostar nas mulheres, e que elas são tão competentes e capazes quanto os homens, inclusive os superando em alguns quesitos.
“Assim, o mercado passará a aceitar e investir mais em profissionais mulheres, e gradativamente a desigualdade entre os gêneros -dentro e fora do mercado de trabalho- irá se atenuar”, finaliza Gisele.
Fotos: iStock
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