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7 lições e tendências do e-commerce chinês

O e-commerce chinês é o maior do mundo, e estima-se que o país abocanhe cerca de 40% de todo o mercado global.

Empresas como Grupo Alibaba (no Brasil, representada pela plataforma AliExpress) e JD.com se tornaram representantes dessa força global. Ambos são grandes marketplaces, formato que permite a consumidores do mundo comprarem diretamente de atacadistas e fabricantes na China, garantindo acesso a uma grande variedade de produtos a preços competitivos.

A força desses conglomerados também está no modelo de negócios adotado, um ecossistema inovador no qual atuam em diversos setores relacionados entre si, e com processos de decisão harmônicos, mas independentes.  Além disso, esses gigantes chineses investem pesado em tecnologia, mobilidade, meios de pagamento, gestão de dados e digitalização.

Comparado ao e-commerce chinês, o Brasil ainda está no início de seu desenvolvimento. Barreiras logísticas, omnichannel e acesso à internet, que ainda são gargalos encontrados por aqui, já são questões resolvidas por lá.

Acompanhe, a seguir, alguns fatores que levaram ao boom do e-commerce da China e sua influência em todo o mundo.

1. INTERNET DE QUALIDADE E HÁBITO DE COMPRA

Enquanto o Brasil ainda vive o entrave de entregar internet de qualidade a um preço acessível em todo o País, algo que é crucial para o e-commerce, na China essa já é uma questão superada.

Além dessa infraestrutura básica para o comércio eletrônico, o chinês já tem a cultura de comprar pela internet, o que é bastante favorável a esse tipo de negócio.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Maurício Salvador, a China tem 430 milhões de consumidores online. Para se ter uma ideia, no Brasil, onde esse mercado está em crescimento, o volume de compradores nas lojas virtuais é de 50 milhões de pessoas.

2. INCENTIVO DO GOVERNO

Diferentemente do que acontece no Brasil ou nos Estados Unidos, onde diversas empresas disputam o seu espaço no comércio online, na China há poucas e grandes empresas nesse setor, como JD.com e Alibaba, que atuam de forma agressiva no mercado. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Amazon nasceu num mercado extremamente competitivo, concorrendo com Walmart.com e Macy’s.

Além disso, o governo chinês dá incentivos para as empresas se fortalecerem e avançar pelo mundo. Os impostos no setor são baixos e as punições são pesadas para quem não entrega o que promete ao consumidor.

3. LOGÍSTICA FAVORÁVEL

Apesar da força que o e-commerce tem ganhado nos últimos anos, o mercado nacional ainda enfrenta alguns gargalos típicos de países em desenvolvimento, como a infraestrutura, que se reflete no preço do frete. Mas na China esse problema praticamente inexiste.

“Seja qual for o ponto da China, é possível receber o produto no mesmo dia”, pontua Salvador. Tudo isso é possível graças a trens de alta velocidade e aeroportos com capacidade de decolar mesmo em condições de neve.

Além disso, como há incentivo governamental, a legislação no setor corre de uma forma muito rápida. Entregas por drones, por exemplo, já são possíveis. Até mesmo bicicletas são usadas para levar o produto ao destino escolhido pelo consumidor.

4. FOCO NO CONSUMIDOR

Um ponto similar entre o mercado de comércio eletrônico brasileiro e chinês é o olhar sobre o consumidor. Os dois mercados têm colocado os clientes no centro dos negócios e criado estratégias para melhorar a experiência de compras.

Entretanto, por lá, a gestão de dados é feita de fora mais eficiente, aponta a diretora executiva do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (IBEVAR), Patricia Cotti. “As empresas chinesas têm uma gestão de dados bem estruturada, que vai muito além de informações demográficas. Há uma inteligência analítica que garante muito mais informações sobre o comportamento e jornada de compras do consumidor”, afirma.

5. OFERTA DE PRODUTOS DE QUALIDADE

São muitos os que ainda têm a imagem de que a China oferece mão de obra barata. O país não tem fabricado com tanta intensidade, segundo Patricia. “A China manda sua produção para outros países, como Filipinas, por exemplo. E além dos produtos populares, também passa a oferecer artigos de luxo”, diz.

6. NOVAS TECNOLOGIAS

A tecnologia usada pelo e-commerce chinês já começa a influenciar empresas em todo o mundo. “O reconhecimento facial para pagamento das compras é uma delas. É uma solução bastante efetiva para evitar fraudes”, elenca Salvador.

O WeChat, serviço multiplataforma de mensagens instantâneas usada no mercado chinês, similar ao WhatsApp, também é um modelo a se prestar atenção. Por meio dele, além de ter acesso às redes sociais, é possível fazer compras e pagamentos online. Tudo num único aplicativo. O WeChat pertence a outra gigante chinesa, a Tencent que se transformou em um dos mais importantes ecossistemas de negócios do mundo, com forte atuação também na área de games.

“Oitenta por cento dos pagamentos na China são via mobile. A maioria das empresas não aceita mais cartão de crédito”, lembra Patricia.

7. CROSS BOARDER

Diante da notoriedade do e-commerce chinês, o comércio eletrônico cross-border (comprar online em sites estrangeiros) tem ganhado força entre varejistas e consumidores.

Segundo dados da pesquisa Webshoppers, desenvolvida pela Ebit/Nielsen, o número absoluto de brasileiros que compraram em 2018 em sites estrangeiros cresceu 3%, o equivalente a 23,1 milhões de consumidores. O estudo mostra também que o site Aliexpress.com continua na liderança de vendas para o Brasil, representando 51% de todas as vendas cross border no País em 2018.

Mas o movimento contrário, de empresas brasileiras migrando para o mercado chinês, começa a ser observado, de acordo com Patricia. Aliás, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) assinou, em 2018, uma série de acordos com marketplaces de e-commerce chineses, inclusive com o Alibaba.com, com o objetivo de ajudar as empresas brasileiras a realizarem negócios diretamente com os consumidores de lá.

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