O Brasil tem várias iniciativas positivas quando o assunto é inovação. Mas, um estudo da consultoria global Bain & Company mostra que as empresas brasileiras e seus ecossistemas ainda estão em um estágio inicial de inovação, na comparação com benchmarks globais como Estados Unidos, Europa e China.
A consultoria classificou as empresas em níveis de maturidade, de iniciantes a avançadas. No mundo, as iniciantes representam 26% da amostra; no Brasil esse número chega a 78%.
O atraso das companhias está ligado às limitações de recursos financeiros e de talentos para desenvolver novos projetos dentro das empresas ou fora. “A volatilidade econômica ainda cria incertezas no curto prazo e tira foco de investimentos de prazo mais longo que não tenham impacto claro e imediato nos resultados”, diz o executivo-sênior da Bain & Company, André Fernandes
Por esse motivo, chama a atenção o fato de empresas brasileiras utilizarem ecossistemas de startups com frequência praticamente idêntica à observada em países mais desenvolvidos (46% vs. 45%).
Além disso, as companhias nacionais disseram ter, em média, 4,6 parceiros em suas iniciativas de inovação, enquanto que a média em mercados desenvolvidos é de 3,7.
Outro dado do estudo mostra que mais de 60% das empresas brasileiras usam recursos compartilhados com o negócio principal para a inovação; em âmbito global essa parcela não passa de 45%.
“O problema é que o compartilhamento de talentos entre a operação do negócio principal e o desenvolvimento de novas ideias gera não só um potencial conflito de incentivos, normalmente vencido pelo negócio principal, como também a inadequação de talentos para ambas as atividades”, afirma Fernandes.
O estudo da Bain & Company traz, ainda, outros dados:
– 80% das empresas em mercados desenvolvidos dizem ter uma estratégia para a inovação contra 40% no Brasil.
– 75% das empresas da amostra global afirmam ter criado modelos de atração, retenção e alocação adequada de talentos voltados à inovação, apenas 30% das empresas brasileiras afirmam o mesmo.
– 28% das empresas afirmaram que seus líderes no Brasil estão tendo um papel claro na inovação, contra cerca de 80% no exterior.
A parcela global do estudo da consultoria revelou que o valor de mercado das empresas que mais inovam cresceu a um ritmo muito mais acelerado do que o de empresas menos inovadoras.
O valor de mercado de inovadoras experientes cresceu a uma taxa anual composta de 9,5% no período de cinco anos, em comparação com apenas 0,5% para as empresas com a menor experiência na inovação. A diferença é de 19 vezes.
Segundo o estudo, 57% das inovadoras experientes disseram utilizar a abordagem de capital de risco corporativo. Outro modelo popular também são as aceleradoras, usadas por 61% das empresas.
No caso de empresas menos experientes, é menor a probabilidade de uso de ambas as abordagens. Apenas 22% das empresas do quartil inferior da inovação têm um fundo do gênero e somente 38% já usaram aceleradoras.
O estudo da Bain & Company conclui que as empresas brasileiras ainda estão em estágio inicial de inovação. Apesar disso, diversos exemplos nacionais de organizações se reinventando e insurgentes registrando sucesso mostram que o Brasil possui os insumos para aqueles que queiram embarcar nessa jornada.
Foto: Getty Images
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