Em um mercado em constante transformação, as empresas precisam responder com rapidez e eficiência e, para isso, muitas adotam as metodologias ágeis em seus negócios.
A pesquisa “Agilidade na América Latina”, realizada pela everis, consultoria de negócios e TI do Grupo NTT Data, e a MIT Tech Review em espanhol, mostra que a adoção da filosofia ágil resultou em redução de custos e riscos, além de maior alinhamento da área de TI com o negócio.
O estudo foi realizado com base em 48 entrevistas de líderes de 35 empresas, dos países nos quais a everis atua (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru), 26 das quais estão entre as 500 maiores da América Latina. Três em cada quatro dessas empresas têm um faturamento de mais de US$ 50 milhões, enquanto 61% têm mais de 5 mil funcionários. Os aspectos analisados foram processo de adoção, desafios atuais e estratégias de gestão, geração de talentos e crescimento da agilidade dentro das empresas.
Uma das conclusões é que a filosofia ágil não é mais utilizada somente na área de tecnologia, mas aplicada transversalmente em toda a estrutura organizacional.
Uma das razões mais relevantes para a adoção desses modelos de trabalho é a melhoria do time-to-market e o alinhamento das equipes com uma visão mais centrada no cliente. “As companhias brasileiras estão focadas em oferecer experiências mais interessantes e satisfatórias aos clientes, assim como em obter resultados precisos no menor tempo possível. Os métodos ágeis têm permitido que as empresas diminuam processos burocráticos e se adaptem as necessidades de mercado através de novos hábitos organizacionais e melhor aproveitem seus dados para agilizar lançamentos de produtos e serviços, personalizar as ofertas aos clientes e se antecipar às suas expectativas”, afirma Ewerton Santos, Head do Centro de Excelência ágil da everis Brasil.
De acordo com o estudo, a primeira área a adotar os métodos ágeis, em geral, é a de TI, seguida por Pesquisa & Desenvolvimento, mas hoje este movimento se espalha por toda a organização, que assim pode unir-se para executar de modo adaptativo as estratégias a fim de alcançar objetivos e resultados.
Os benefícios de adoção da metodologia ágil podem ser avaliados considerando dois aspectos: mudança cultural e resultados da empresa. Em ambos os casos, o estudo constatou que o impacto é perceptível nos estágios iniciais e melhora à medida que a nova forma de trabalho amadurece.
No primeiro ponto, três em cada quatro empresas melhoraram sua capacidade de gerenciar a alocação da equipe e a flexibilidade do processo. A capacitação de equipes alinhadas a um objetivo comum é um aspecto notável que impacta na otimização dos negócios. Quanto ao segundo ponto, a velocidade da entrega de produtos ou serviços, o alinhamento das áreas tecnológicas com o negócio e a capacidade de gerenciar a mudança de prioridades são aspectos que melhoram em nove de cada dez experiências.
Segundo o estudo, entre as vantagens dos métodos ágeis, estão:
Isto mostra que a Ágil não só tem um impacto no nível operacional, mas, quando aplicada estrategicamente, ajuda a alcançar resultados positivos nos negócios.
Ao contrário dos anos anteriores, nos quais o principal obstáculo para o progresso da transformação era a falta de conhecimento ágil, à medida que um maior número de empresas começa a adotar, o principal desafio tem sido a resistência à mudança, relatado por 49% dos entrevistados, o que ressalta a necessidade de envolvimento dos líderes como fator essencial para conquistar seguidores e facilitar as mudanças necessárias.
O estudo “Agilidade na América Latina” também mostrou que cerca de 37% consideram entraves a consolidação do modelo e sua ampliação em toda a organização, pois é necessário transformar diretores e gerentes, que terão de deixar para trás as estruturas hierárquicas tradicionais.
Nesse sentido, 20% citaram a reestruturação organizacional, novos equilíbrios de poder e a definição de novos cargos na empresa como outros grandes desafios a serem resolvidos.
Por outro lado, 20% mencionaram questões regulamentares, tanto internas, como externas, como obstáculos para realizar a transformação necessária. No setor bancário, por exemplo, a regulamentação referente à privacidade de dados e seu uso afeta a capacidade de desenvolver serviços mais personalizados.
A falta de comunicação existente entre as áreas, de treinamento e de conhecimento sobre agilidade ainda são questões a serem resolvidas à medida que as companhias avançam em seu processo de transformação. O apoio da área de recursos humanos é necessário para redefinir a estrutura sob a qual as equipes podem funcionar eficientemente.
“Um dos elementos centrais para o sucesso da filosofia ágil é formar equipes de trabalho equilibradas, com pessoas das áreas de negócios e de TI, com a mesma mentalidade ágil. Para isso, é fundamental que os gestores estejam atentos, próximos e abertos para abrir canais de comunicação, que deixem a hierarquia de lado para gerar sinergias e colaboração. Conseguir que toda a empresa trabalhe com a mesma mentalidade e faça uma mensuração assertiva dos resultados exigem dedicação e profundo esforço por parte de todos os envolvidos”, ressalta Santos.
Um pouco mais da metade das empresas entrevistadas considera que até 25% dos projetos sendo realizados internamente estão sendo desenvolvidos com métodos ágeis. Quanto ao orçamento destinado aos projetos, o aumento do investimento é notável. Em 2017, apenas 7% das empresas tiveram um investimento de mais de US$ 5 milhões, crescendo em apenas dois anos para 37%. Além disso, apenas 16% das companhias se consideram autossuficientes para realizar a implementação dessas formas de trabalho, enquanto cerca de 10% não consideram a assistência externa a curto prazo.
As metodologias e estruturas mais proeminentes são Scrum (29%) e Kanban (24%). Em empresas com anos de adoção e nas quais as áreas de tecnologia ou laboratórios digitais foram transferidos, o equipamento está mais bem adaptado ao controle de processo obtido pelo Kanban. Porém, deve-se notar que um expressivo número de organizações mencionou o uso de diferentes metodologias e práticas nos projetos realizados, de acordo com seus objetivos e necessidades.
A capacidade das equipes de trabalhar em conjunto, assim como de se autorregularem, são indicadores-chave para entender como a adoção da agilidade está se desenvolvendo. Os entrevistados identificaram que, em 74% dos casos, os membros da equipe têm liberdade e confiança para expressar suas opiniões e 58% acreditam que os profissionais têm liberdade de tomar suas próprias decisões.
Quase 80% dos líderes participantes concordaram que, graças à filosofia ágil, as equipes são multidisciplinares e conseguem integrar diferentes ideias sob um esquema e objetivos de trabalho comuns. É fundamental entender que, para alcançar estes números, é crucial articular dentro da organização um alinhamento de objetivos e métricas, no qual as áreas envolvidas tenham uma clara missão e definição das ações a serem efetivadas.
Foto: Getty Images
Send this to a friend