A tecnologia de identificação por radiofreqüência (RFID) surgiu há algumas décadas para ajudar a melhorar a gestão e a visibilidade na cadeia de abastecimento. Hoje ela continua relevante e passa a beneficiar não somente as empresas, mas também os consumidores, impulsionada pela chegada da Internet das Coisas (IoT). “O RFID é o que conecta o mundo físico com o digital. É a tecnologia mais acessível em termos de custo para tangibilizar a IoT”, afirma Márcio Muniz, diretor RFID do Grupo CCRR, uma das maiores indústrias de autoadesivos da América Latina.
Na opinião do executivo, uma nova revolução deve começar a partir do RFID. “Antes o parque de leitores RFID não existia, mas, hoje, os novos modelos de smartphones possuem leitores de NFC [que são capazes de fazer a leitura de tags RFID]. Isso significa que no Brasil temos milhões de leitores de etiqueta RFID espalhados entre o público em geral. A partir daí, as empresas podem dar o próximo passo, que é criar um relacionamento, uma promoção ou uma comunicação mais assertiva atrelada a RFID. Isso muda o jogo”, acredita Márcio. “É como ler um QR Code ou código de barras usando o celular. A diferença é que o RFID é único, e você sabe que o produto é autêntico”.
Essas são algumas tendências que estão no radar da CCRR, que nasceu em 2012 da fusão da Colacril e da RR Etiquetas, que na época já eram negócios consolidados no mercado nacional. Alguns anos depois, a companhia foi adquirida pelo banco BTG Pactual.
Fábrica do Grupo CCRR
Hoje o Grupo CCRR tem uma estrutura vertical, com várias divisões de negócios: a Colacril, que produz bobinas autoadesivas; RR Etiquetas, que transforma as bobinas em etiquetas ou rótulos; Colacril Office, fabricação e distribuição de produtos adesivos para a linha office (etiquetas, fitas, blocos de notas, etc.); e CCRR RFID, que desenvolve soluções RFID.
Com receita líquida de R$ 550 milhões por ano, o Grupo CCRR possui fábricas em Campo Mourão (PR), São Paulo (SP) e Uruguai, além de escritórios na capital paulista, Buenos Aires (Argentina) e Houston (Estados Unidos). A empresa exporta para América do Norte e Europa e já é uma das maiores fabricantes de etiquetas RFID do mundo.
Acompanhando a evolução da tecnologia, a CCRR enxerga um novo momento da utilização do RFID. “No passado, o RFID era visto como algo muito complexo. Você precisava virar a sua operação toda, mudar os sistemas, mas hoje é tudo mais simples. Pequenas empresas familiares da área têxtil, por exemplo, já utilizam soluções para contagem rápida e assertiva de produtos, usando apenas um leitor e as etiquetas RFID. É o tipo de solução simples, mas que muda o negócio”, afirma Muniz.
Márcio Muniz, diretor RFID do Grupo CCRR
“Nossa função na CCRR tem sido a democratização da tecnologia RFID. Somos competitivos em custo e isso permite que várias empresas adotem a tecnologia. Na outra ponta, trabalhamos na democratização do conceito. A gente quer deixar a tecnologia muito mais palatável, simplificar os conceitos e aproximá-la do cliente”, completa o diretor.
A CCRR tem apostado na inovação das soluções de RFID de acordo com as necessidades específicas dos vários setores que atende, como, por exemplo: têxtil (controle de inventário); pedágios e meios de pagamento (pagamento de pedágio, estacionamento, postos de combustível, etc.); farma (rastreabilidade e combate à falsificação de medicamentos) e agronegócio (autenticação de origem).
“Para cada segmento temos pensado em novas soluções. Como somos uma indústria, nossa prática não é ter uma solução final para o cliente, mas é sempre ter parceiros trabalhando em conjunto. Nosso papel é fomentar e investir em novos projetos, estimulando novos integradores a participarem desse mercado”, diz o executivo.
Em 2018, a CCRR começou a comercializar as soluções de RFID para outros países e, desde então a internacionalização vem ganhando cada vez mais espaço nos negócios da companhia.
“Todo mundo sempre achou que o único local que produzia barato era a China, mas a CCRR tem experimentado uma situação diferente em relação à RFID. Percebemos que nosso preço é competitivo e, por isso, conseguimos entrar em mercados como Estados Unidos, Europa e Ásia. Isso é muito legal porque nos obriga a aprender em mercados mais maduros e nos força a inovar o tempo todo nos sistemas de codificação, no tipo de etiqueta”, conta Muniz.
A empresa se preparou para essa expansão internacional, tanto que, em 2018, traçou um plano estratégico amplo e construiu uma nova fábrica, em Campo Mourão (PR), na qual investiu cerca de US$ 13 milhões entre prédio e maquinário. A capacidade de produção passou de 100 milhões para cerca de 1,2 bilhão de etiquetas. Segundo Muniz, com essa estrutura, a CCRR está entre os sete maiores fabricantes de etiquetas RFID do mundo.
A expansão continua neste ano, apesar da crise gerada pela Covid-19. Em 2020, o Grupo CCRR abriu um escritório em Houston, no Texas (Estados Unidos), com foco em RFID. “E até o final do ano teremos novidades na Europa também”, diz o executivo.
Lá fora o RFID já tem uma adoção mais ampla entre as empresas, porém o executivo percebe que o Brasil também tem avançado com o uso da tecnologia nos setores de meios de pagamento/pedágios, agronegócio e têxtil.
“O varejo têxtil é o principal mercado no mundo de RFID, embora no Brasil haja muitos projetos em andamento. Considerando os dez principais varejistas da área têxtil do País, nove já implementaram ou estão em fase piloto. É muito promissor”, comenta Márcio. No começo da pandemia, com o fechamento temporário do comércio, a CCRR registrou queda de volume em termos de RFID na área têxtil no mercado nacional, mas agora já começa a ter uma retomada.
Para Márcio Muniz, o desafio para ampliar o uso do RFID no País passa por estruturar melhor todo o ecossistema, que envolve indústrias, consultorias, provedores de software, integradores, etc.
A RR Etiquetas, do Grupo CCRR, foi uma das precursoras da introdução do código de barras no Brasil, há mais de 30 anos, ao lado da GS1. Essa sinergia se mantém até os dias atuais e se estende a outras tecnologias de identificação e RFID.
No Centro de Inovação e Tecnologia (CIT), da GS1 Brasil, instalado na capital paulista, estão expostas algumas soluções da CCRR. “O CIT é uma referência mundial. Vemos outros showrooms de tecnologia no mundo e o CIT não deixa nada a desejar, pelo contrário, todo mundo que visita fica encantado. É um espaço que tem a função de agrupar as tendências, fazendo essa ponte entre o que se tem de mais inovador e o dia a dia dos negócios”, acredita Márcio Muniz.
Fotos: Divulgação Grupo CCRR
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