O ecossistema brasileiro conta com 13.087 startups, que vem apresentando crescimento robusto de, em média, 26,5% ao ano. Nessa crescente de negócios, inclusive com o nascimento de alguns unicórnios (as startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão), elas são conhecidas por terem grande poder de adaptação e entrega de valor. Mas como andam os negócios das startups na pandemia causada pela Covid-19?
A Fundação Dom Cabral (FDC) e o Órbi Conecta, com o apoio da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), realizaram uma pesquisa com startups de mais de 30 segmentos para verificar os impactos do atual cenário para seus negócios e perspectivas.
O estudo “Startups e os desafios da pandemia: adaptações e reinvenções no ecossistema” mostrou que 53,2% dos respondentes afirmaram terem sofrido impactos negativos, enquanto outros 30,9% foram positivamente afetados. O grupo não afetado engloba apenas 4,2% dos participantes da pesquisa. Uma parcela de cerca de 11,7% ainda não consegue identificar os impactos para suas empresas.
Os principais impactos da pandemia sobre as startups cujas atividades foram negativamente afetadas são: perda de receita; prejuízo à dedicação das equipes e uso de espaços.
Para aquelas cujas atividades foram positivamente afetadas, os impactos são: demanda de novos clientes; demanda por novos produtos e crescimento da receita.
Também há impactos comuns aos dois grupos, que são: pressão para resolver problemas de curto prazo, mudança nas prioridades estratégicas das empresas e alteração das expectativas de faturamento para os próximos anos.
Entre as principais medidas adotadas pelas startups como reação ao momento atual estão, em ordem de relevância para o grupo positivamente afetado:
“Alguns dos principais impactos que pudemos observar na pesquisa estão relacionados à aceleração forçada do processo de transformação digital das empresas. Embora isto já venha ganhando espaço há algum tempo, nunca foi tão crucial para a adaptação e reinvenção dos negócios e dos relacionamentos com o ecossistema”, afirma o professor Carlos Arruda, diretor do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC e responsável pela pesquisa.
“Percebemos nesta pesquisa que, ainda que a pandemia global provoque impactos negativos consideráveis para todos os setores da economia, por outro lado, cria oportunidades únicas para as startups. Elas possuem a capacidade de se adaptarem rapidamente e devem usar isso a seu favor para entender a direção das novas demandas dos clientes e assim sobreviverem”, diz Anna Martins, co-founder e Managing Director do Órbi Conecta.
Com relação à adoção do desenvolvimento ou da adaptação de produtos para contribuir com o combate à COVID-19, 33% apontaram intensidade máxima na adoção desta estratégia. Perfil parecido foi observado na adoção da busca por novas parcerias com grandes empresas: de um lado, 29,5% dos envolvidos responderam ser essa uma estratégia adotada em intensidade máxima, enquanto, do outro, 26,1% atribuíram a ela intensidade mínima.
Entre as startups que declararam terem sido positivamente impactadas pelo cenário, a pandemia desencadeou certo otimismo, apesar da forte pressão para resolver problemas de curto prazo.
De maneira geral, os resultados apontam para uma postura ativa das startups na reestruturação e reinvenção de seus negócios: quase 60% dos respondentes da pesquisa concordaram com este ponto, em grau 4 ou 5, os mais elevados do ranking.
Com relação às expectativas quanto ao futuro dos negócios pós-pandemia, os fatores mais mencionados por ordem de relevância foram: (1) vamos aproveitar a crise para promover mudanças significativas na empresa; (2) vemos a situação como temporária, e as atividades serão restabelecidas ao mesmo patamar que antes da crise até o final de 2021; (3) vemos a situação como temporária, e as atividades serão restabelecidas ao mesmo patamar que antes da crise até o final de 2020; (4) as atividades sofrerão bastante com a crise, serão reduzidas e não se reestabelecerão antes do final de 2021.
Conduzida pelo Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral e pelo Órbi Conecta, a pesquisa “Impactos da pandemia da COVID-19 na atividade das startups” ouviu, entre os dias 24 de abril e 8 de maio, diretores, fundadores e membros de startups brasileiras.
A amostra da pesquisa contou com 94 respondentes e abrangeu mais de 30 segmentos de negócios, com destaque para tecnologia, que representou 27,7% do total de respondentes, e serviços, com 11,7%. Dentre os demais setores, estavam fintechs (6%), indústria (6%), agrotechs (5%), edtech (5%), e logística (5%).
Imagem: Getty Images
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