Nos últimos dias 22 e 23 de novembro aconteceram dois webinares para o lançamento oficial das Diretrizes para Fornecimento de Informações sobre Sustentabilidade de Produtos no Comércio Eletrônico.
Este suplemento das Diretrizes para Fornecimento de Informações de Sustentabilidade do Produto, desenvolvido em 2017, explica como os dez princípios existentes podem ser aplicados em um ambiente online.
Desenvolvido pela UNEP e a adelphi, o documento também fornece às empresas recomendações e exemplos de boas práticas sobre como reunir adequadamente as informações de sustentabilidade dos produtos e serviços que vendem e/ou anunciam.
O tema ganha relevância ao passo em que pode alertar os consumidores sobre rótulos ambientais, por exemplo, que indicam os aspectos ambientais de um produto ou serviço de uma forma consistente, confiável, precisa e verificável.
As diretrizes, portanto, servem como um ‘norte’ para evitar o greenwashing, que são estratégias de marketing enganosas presentes em muitos produtos e serviços. As vantagens desse conceito também se estendem para o fato de que, quando aplicadas, fazem com que as informações contidas no rótulo tenham, de fato, o poder de comunicar atributos de sustentabilidade dos produtos, com o objetivo de nortear a tomada de decisão mais consciente.
As orientações apontadas no Guia desenvolvido em 2017 são o resultado de um processo internacional com várias partes interessadas, liderado pela ONU Meio Ambiente e pelo Centro de Comércio Internacional, por meio de um grupo de trabalho do Programa de Informação ao Consumidor do Plano Decenal da ONU.
O enfoque está nas informações fornecidas aos consumidores para incentivar padrões de consumo mais sustentáveis por meio da escolha, uso e descarte de bens de consumo.
Acompanhe, a seguir, algumas das principais orientações do documento.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
1. Confiabilidade
Assegure-se de que a mensagem transmitida siga e reflita as evidências que possui (o que foi medido ou avaliado).
Certifique-se, ou obtenha a confirmação de especialistas que fornecem evidências, de que seus métodos e dados são o estado da arte.
Esteja ciente das exclusões, limitações e suposições que foram usadas na construção das evidências para a alegação – e comunique-as.
2. Relevância
Destaque as características do produto ou inovações que realmente façam a diferença para o desempenho geral de sustentabilidade do produto.
Certifique-se de que o tópico da alegação esteja em uma área que seja parte integrante do produto, ou seja, sua função, materiais ou desempenho.
Verifique os requisitos legais antes de realizar uma alegação para que seu produto seja significativamente melhor do que o que já é exigido por lei.
3. Clareza
Evite alegações vagas, ambíguas e amplas de “benefício geral ambiental / social”.
Compartilhe informações que ajudem os consumidores a entender seu papel na melhoria do desempenho dos produtos e os impactos de seu consumo.
Forneça orientações simples sobre como os consumidores podem modificar ou melhorar seus comportamentos de consumo.
4. Transparência
Permita que os consumidores avaliem as informações que sustentam a alegação • Forneça informações compreensíveis.
Adapte a provisão de informações ao interesse do consumidor e às necessidades relacionadas ao produto: de gerais, fáceis de compreender a detalhadas e complexas, quando apropriado.
Não faça uma alegação quando as informações subjacentes forem consideradas confidenciais.
5. Acessibilidade
Torne a alegação claramente visível para os consumidores (por exemplo, na frente da embalagem, com fonte de tamanho apropriado, gráficos/logotipo).
Forneça as informações quando e onde o consumidor precisar.
Evite quaisquer barreiras (por exemplo, técnicas) e use vários métodos de comunicação, para que diferentes hábitos de busca de informações sejam respeitados e satisfeitos.
Enfrente restrições, como espaço limitado, com links diretos para recursos online.
PRINCÍPIOS ASPIRACIONAIS
6. Três dimensões da sustentabilidade
Informe o consumidor sobre o melhor desempenho do seu produto em todas as três dimensões da sustentabilidade e garanta que todos os aspectos sustentáveis relevantes sejam considerados.
Torne sua alegação de sustentabilidade tangível e especifique como seu produto tem melhor desempenho em todas as dimensões de sustentabilidade.
7. Mudança de comportamento e impactos a longo prazo
Incentive os consumidores a agirem durante a compra, reutilizar e descartar produtos, a fim de reduzir os efeitos adversos no meio ambiente ou na sociedade.
Implemente processos de engajamento que assegurem relacionamentos de longo prazo com os consumidores para melhor entender seu comportamento e necessidades de informação – para seu próprio progresso e para desenvolver conteúdo educacional para a sustentabilidade, com base em suas vidas e na sociedade.
Incorpore as informações de sustentabilidade em um contexto mais amplo e apoie o conhecimento dos consumidores sobre sustentabilidade.
8. Abordagem multicanal e motivadora
Aborde os consumidores onde eles precisam da informação.
Criativamente, lembre e inspire os consumidores sobre como eles podem agir de forma mais sustentável – sem entediá-los.
Use uma combinação de diferentes abordagens para a comunicação.
9. Colaboração
Envolva um grupo mais amplo de atores (por exemplo, parceiros da cadeia de valor, membros de associações comerciais, ONGs) para desenvolver conjuntamente a base para suas alegações de sustentabilidade.
Permita que outros stakeholders participem e, assim, melhorem a aceitação e a confiabilidade de suas alegações pelos consumidores.
Inspire a mudança de comportamento através de uma linguagem inclusiva: deixe o consumidor sentir que não está sozinho(a), mas que faz parte de um (grande) grupo ou movimento.
10. Comparabilidade
Use comparações entre produtos somente quando realmente for ajudar o consumidor a fazer escolhas sustentáveis.
Certifique-se de que as comparações entre produtos baseiam-se em regras muito rigorosas e objetivas relevantes para o produto específico, como regras de categorias de produtos.
Participe de iniciativas relevantes lideradas pelo governo ou por terceiros, ou abordagens colaborativas setoriais, para desenvolver comparabilidade construtiva.