As empresas familiares brasileiras estão aumentando os investimentos em inovação, estão dispostas a expandirem os negócios e consideram viável uma futura abertura de capital.
Além disso, elas estão investindo mais em seus próprios negócios e tornando a gestão mais madura e profissionalizada.
Essas são algumas das conclusões da quarta edição da pesquisa “Retratos de família: um panorama das práticas de governança corporativa e perspectivas das empresas familiares brasileiras”, conduzida pela KPMG.
De acordo com o material, a maioria (58%) dessas organizações aumentou os investimentos nos últimos seis meses, contra 42% que não o fizeram.
As receitas de vendas vêm apresentando um crescimento nos últimos anos de uma forma geral, mesmo com o impacto da Covid-19 em 2020.
“Apesar de todos os impactos da pandemia, as empresas familiares brasileiras não perderam o otimismo. Superaram dificuldades importantes, como administração do caixa e acesso ao crédito, e estão mais resilientes a cada ano. Essa evolução é resultado de investimentos constantes na profissionalização do negócio e decorre, também, da própria maturidade das práticas de governança corporativa dessas organizações”, afirma o CEO do ACI Institute Brasil e Sócio de Consultoria em Riscos e Governança Corporativa da KPMG no Brasil, Sidney Ito.
Questionados se, nos últimos seis meses, houve crescimento na lucratividade, o retorno dos respondentes foi positivo também: 53% em 2020, 38% em 2018 e 30% em 2017.
Outro dado é que, nos últimos seis meses, houve crescimento na abrangência geográfica dos negócios, com 42% dos respondentes informando que isso ocorreu em 2020, contra 31% em 2018.
Perguntados se nos últimos seis meses houve aumento na quantidade de funcionários, durante a pandemia, houve uma clara tendência de alta para os que informaram que sim, de acordo com o seguinte: 45% em 2020, 37% em 2018, 26% em 2017 e 19% em 2016.
Apesar disso, sobre as expectativas com relação à situação econômica da própria empresa familiar nos próximos três anos, 67% se mostraram confiantes em 2020, contra 70% em 2018.
A pandemia também fez as empresas familiares observarem mais a necessidade de inovação, com 38% dos respondentes afirmando que, havendo investimentos, eles seriam destinados à inovação no negócio atual, um aumento de 10% em relação a 2018.
Além disso, 27% relataram que os investimentos seriam para novos negócios ou produtos, contra 20% em 2018. Os respondentes que previam investimentos apenas para manter o negócio atual mudou de 51% em 2017 para 37% em 2018 e 16% em 2020.
Sobre as incertezas política e econômica e a redução na lucratividade, estes aspectos são, desde 2017, as principais preocupações das empresas familiares.
A inovação tecnológica e a disputa por talentos crescem a cada ano, mas, nesta edição, o acesso limitado a financiamento saltou de 1% para 19%, resultado atrelado à pandemia.
Os indicadores sobre a profissionalização se tornam cada vez mais relevantes: 60% contam agora com Conselho de Administração, contra 42% na edição anterior; 47% dos Conselhos com membros independentes recorreram ao auxílio de uma consultoria para realizar essa contratação, contra 35% na primeira edição da pesquisa.
Sobre governança corporativa nas empresas familiares, a pesquisa evidenciou a relevância de implantar e seguir as boas práticas de governança corporativa, além de harmonia e comunicação entre as gerações da família proprietária, e preparação e capacidade de gestão dos negócios pelos sucessores.
Aspectos considerados importantes mas menos prioritários ou relevantes nesse momento, na opinião dos respondentes foram: aquisição da participação societária dos membros da família não envolvidos no negócio pelos membros familiares atuantes; e cargos-chave da gestão serem exercidos por familiares e engajamento em atividades filantrópicas.
A maioria das empresas (33%) respondentes tem faturamento anual na faixa de R$ 100 milhões a R$ 499 milhões ou acima de R$ 1 bilhão (23%). Grande parte delas já se encontra consolidada no mercado, apesar de serem consideradas novas em relação às empresas familiares da Europa e da Ásia: 33% têm entre 21 e 40 anos de operação e 21% têm mais de 70 anos.
Foto: iStock
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