O Euromonitor International publicou um estudo (“How Will Consumer Markets Evolve After Coronavirus?”) que destaca seis tendências que vão impactar o comportamento dos consumidores num cenário pós-Covid-19.
De acordo com o estudo, os gastos do consumidor per capita devem cair 5,2% em 2020 em todo o mundo, e não deve voltar aos níveis observados em 2019 até 2022. Com essa contração nos gastos, as pessoas vão reavaliar suas prioridades, impactando a atuação das empresas no curto e médio prazo.
Na verdade, algumas tendências que estão se desenhando agora com o impacto do novo coronavirus, já estavam presentes no dia a dia do consumidor, como, por exemplo, sustentabilidade, maior foco no bem-estar, crescimento do e-commerce e de modelos como clique e retire, varejo sem atrito e comércio D2C (directo to consumer ou venda direta para o cliente final). Agora, elas só tendem a se intensificar.
A reportagem do Portal de Notícias da GS1 Brasil traz os detalhes sobre os temas apontados neste estudo do Euromonitor International. Confira.
A sustentabilidade evolui para além das questões éticas, preocupações ambientais e mudanças climáticas para uma abordagem mais holística. Para as empresas, essa mudança já estava acontecendo antes da pandemia e agora tende a se intensificar, colocando o propósito em primeiro lugar, enquanto as organizações reafirmam os três pilares da sustentabilidade – ambiental, social e econômico.
Saúde, beleza e moda: as marcas devem investir mais em produtos fabricados localmente e devem se concentrar em valores como transparência, segurança e garantia de origem.
Bebidas e tabaco: com a qualidade de vida em foco, as empresas desejam ser vistas apoiando as comunidades locais. A pandemia traz o mantra ‘planeta antes do lucro’ e a ação orientada a propósito se intensifica nos próximos meses e anos.
Alimentação e nutrição: a curto e médio prazo, questões como desperdício de alimentos, bem-estar e segurança alimentar estarão no foco.
Casa e tecnologia: a Covid-19 reorientou a sustentabilidade para os setores doméstico e de tecnologia. Isso não quer dizer que os esforços para reduzir o uso de energia e plástico tenham desaparecido, mas agora eles devem coexistir com a questão da higiene, num cenário de dificuldades econômicas.
Serviços e pagamentos: a pandemia afetou bastante os serviços de alimentação, viagens e esportes, acelerando a digitalização e os processos sem contato no varejo.
Os consumidores redefinem e adaptam suas rotinas diárias à medida que ficam em casa por mais tempo, reforçando o entretenimento doméstico e as experiências digitais. Isso cria oportunidades em produtos e serviços, desde artigos de luxo, passando por rotinas de bem-estar e experiências gourmet até maior digitalização da educação e entretenimento.
Saúde, beleza e moda: a realidade aumentada e virtual, combinada com experiências holográficas, transformará as compras on-line. As experiências de luxo serão mais focadas no universo doméstico, e as marcas precisarão garantir experiências significativas e de alta qualidade em todos os canais.
Bebidas e tabaco: uma das tendências é o desenvolvimento de equipamentos para criar bebidas em casa, por conta do desejo crescente das pessoas de controlar o processo de preparação. Haverá também um aspecto mais calmo e solitário das experiências, com foco na saúde e bem-estar.
Alimentação e nutrição: após quase três meses preparando quase todas as refeições em casa, alguns consumidores podem ter encontrado na culinária uma nova paixão. Esta tendência é facilitada por um uma infinidade de fóruns e aulas online gratuitas, algumas ministradas por chefs famosos.
Casa e tecnologia: cresce a tendência para a educação digital e passatempos, incluindo jogos e eventos de e-sports online que compensam a falta de eventos esportivos regulares. As empresas de brinquedos estão se reposicionando como empresas de entretenimento, esperando o fortalecimento da digitalização de jogos.
Serviços e pagamentos: as pessoas permanecerão cautelosos em participar de eventos esportivos, shows, restaurantes, etc. Com isso, o desafio das empresas que atuam nessas áreas é manter o relacionamento com os consumidores. A necessidade de justificar toda e qualquer saída para locais físicos se intensificará.
Com a pandemia, alguns modelos foram acelerados, como varejo on-line, clique e retire, varejo sem atrito e comércio D2C, mudando a forma como as empresas se posicionam para atender às necessidades dos consumidores.
Saúde, beleza e moda: a distribuição de produtos de beleza e moda está sendo fortemente impactada pela Covid-19, devido à dependência do varejo físico. As empresas devem acelerar a adoção do comércio eletrônico e expandir os formatos de clicar e retire e varejo sem atrito.
Bebidas e tabaco: a recuperação do setor de food service será lenta, inclusive com muitos pontos de venda fechados. Assim, o foco será em canais alternativos, como D2C e B2B2.
Alimentação e nutrição: tendência para venda de kits de refeições, pois é menos provável que os consumidores se dirijam às lojas físicas para comprar produtos de impulso, como uma barra de chocolate, por exemplo. Oportunidades D2C podem surgir.
Casa e tecnologia: com o aumento do comércio eletrônico, as marcas D2C vêm à tona, aumentando o conhecimento da marca e a aquisição de clientes através de uma variedade de plataformas, desde a presença nos grandes marketplaces ou vendas em seus próprios sites, além de modelos de assinatura. O modelo clique e retire também deve ter aumento significativo.
Serviços e pagamentos: crescimentos do modelo clique e retire e opções alternativas de check-out e super aplicativos.
Os aspectos primários da saúde e a adoção de uma abordagem holística que abrange o bem-estar espiritual e físico estão sendo reforçados neste momento, com a noção de felicidade se tornando uma perspectiva comercial mais tangível. Ganham importância a prevenção da saúde, a imunização e produtos com atributos calmantes e que diminuam o estresse.
Saúde, beleza e moda: as preocupações com imunidade e energia aumentam, juntamente com questões relacionadas ao sono, estresse e ansiedade. As soluções de saúde digital são reforçadas e as marcas de bem-estar de luxo passam a ter enfoque na saúde mental, emocional e espiritual.
Bebidas e tabaco: maior ênfase nos produtos que ajudam no bem-estar e prevenção da saúde, com o consumo de ingredientes estimulantes responsáveis (como cannabis, cafeína, vegetais) em vez de álcool e tabaco.
Alimentação e nutrição: A alimentação saudável se tornará um tópico ainda mais importante para os consumidores, com foco nas calorias dos produtos, já que as pessoas devem ter um estilo de vida mais sedentário.
Casa e tecnologia: O conceito de “casa como centro de saúde” ressurge e é reforçado à medida que muitos consumidores aumentam as rotinas de higiene. Com isso, pode haver maior demanda por purificadores de ar e inovações nos produtos desinfetantes para limpeza de superfícies.
Serviços e pagamentos: a saúde será um fator-chave para a recuperação do setor de viagens. As empresas precisarão trazer uma impressão de calma, conforto e serenidade à experiência do consumidor, enfatizando também a limpeza e a higiene. Confiança e transparência se tornarão ainda mais importantes.
Em um ambiente de mudanças rápidas, com varejistas e consumidores avessos ao risco, o apelo à experimentação diminui. A “Era Coronavirus” interrompeu os negócios com foco em empresas que produzem bens de consumo para prestação de serviços ao consumidor. Como ficará a inovação das marcas?
Saúde, beleza e moda: as inovações envolvem o fornecimento de serviços domésticos para os clientes, como consultas de beleza e conteúdo de bricolage. Ao mesmo tempo, as empresas estão reorientando-se em torno de linhas de produtos mais simples e econômicas, como produtos de marca própria e produtos de saúde em geral, e simplificando os processos de fabricação.
Bebidas e tabaco: a inovação será impulsionada pela demanda por ingredientes que aumentam a imunidade/saúde.
Alimentação e nutrição: a inovação será impulsionada pela demanda por imunidade e valorização da saúde. Além de produtos econômicos, devem ter destaque os produtos premium que podem replicar a experiência do restaurante em casa.
Casa e tecnologia: A inovação no curto e médio prazo se concentra na agilidade, comunicação, eficiência e custos para os consumidores.
Serviços e pagamentos: eventos sofisticados de comércio eletrônico e transmissões ao vivo podem servir como plataformas de lançamento de novas marcas e produtos.
O modo como os consumidores trabalham, compram, comem, bebem e se divertem será impulsionado pelo isolamento doméstico prolongado e pelo medo de contágio. Assim, o consumidor tende a reduzir o consumo de itens não essenciais, com maior foco em si, na família e na prevenção da saúde.
Saúde, beleza e moda: novas atitudes em relação à distância física, saúde e trabalho remoto criarão oportunidades relacionadas a tratamentos e bem-estar mental. As empresas trabalharão para diversificar as cadeias de suprimentos, continuando a investir em tecnologia digital e experiências virtuais para manter o envolvimento do consumidor.
Bebidas e tabaco: o distanciamento social derruba o conceito do consumo em grupo. Os consumidores estarão cansados e menos propensos a postar nas mídias sociais as suas preferências de consumo. Além disso, a renda será gasta, em primeiro lugar, em produtos mais saudáveis.
Alimentação e nutrição: o Euromonitor não espera um novo normal para alimentos embalados, pois o setor está indo bem.
Casa e tecnologia: as marcas que se concentram em estratégias de baixo custo serão beneficiadas por oferecerem uma melhor relação custo-benefício.
Serviços e pagamentos: empresas que já atuavam no comércio eletrônico terão uma vantagem considerável à frente daquelas que começaram mais recentemente neste canal. Os shopping centers terão de trabalhar duro para atrair compradores.
Fotos: Getty Images/iStock
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