Um novo conceito para melhorar a relação das pessoas com os alimentos. Trata-se do food design, um processo que apoia a criação de novos negócios e soluções inovadoras no setor da alimentação, conectando as emoções e as necessidades das pessoas com todos os aspectos da estratégia de negócio.
“As pessoas estão mudando a relação com o alimento e o food design chega para propor novas soluções”, disse o coordenador do Istituto Europeo di Design (IED), Wagner Lúcio, durante sua palestra no Summit Alimentos 2019, evento promovido pela GS1 Brasil em setembro. O tema vem ganhando espaço no mercado, tanto que o IED criou um curso de extensão sobre food design.
Wagner Lúcio, do IED, em palestra no Summit Alimentos 2019 – Foto: Eliane Cunha
O especialista explicou as possibilidades de aplicação desse novo conceito a partir de vários exemplos, como um cartão de jogo da Nintendo revestido com um gosto amargo, que não é prejudicial à saúde, mas que inibe uma criança de colocá-la na boca. “Esta é uma inovação chamada incremental, mas há também as inovações disruptivas”, disse, mencionando uma exposição no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, que propôs uma visão da alimentação em 2050, com uma smart horta, para produzir PANCs (plantas alimentícias não convencionais) em escritórios, ou então imprimir comida.
Aliás, a impressão de comida já despertou o interesse da NASA, que há alguns anos investiu em pesquisas nessa linha. O especialista mostrou o quanto esse tema vem avançando, tanto que mostrou um protótipo da impressão 3D de alimentos, usando cream cheese, durante o evento.
Na Europa, já existe a Foodini, uma impressora 3D à venda por 4 mil euros, capaz de imprimir comida a partir de qualquer tipo de ingrediente. Assim como um forno de micro-ondas, o consumidor pode comprar e utilizar em sua cozinha.
Outro exemplo é o da food designer holandesa Chloé Rutzerveld, que pesquisa a impressão de alimentos a partir de uma massa feita com sementes que crescem dentro da própria comida. A ideia é compor um prato de acordo com a necessidade nutricional de cada um.
“São possibilidades que a tecnologia traz para pensarmos o futuro”, afirmou Wagner Lúcio, que também é sócio-cofundador e head de inovação da Arco, empresa que atua como hub de inovação.
Segundo ele, o food design olha a perspectiva do passado (exemplo: a cozinha da casa dos avós onde toda família se reunia para comer, criando uma memória afetiva), as microtendências de hoje (a cozinha pequena de um apartamento) para entender as macrotendências do futuro (como serão os utensílios da cozinha?).
“É um olhar com foco nas pessoas, na conexão do produto com o consumidor, não apenas na tecnologia.”
Nesse sentido, o food design pode apoiar as empresas de alimentos para testar e validar o desenvolvimento de novos produtos, aumentando o ciclo de vida e mantendo a companhia inovadora por mais tempo.
Imagem de abertura: iStock
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