Nesta pandemia causada pelo novo coronavírus, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) tem auxiliado os empreendedores com várias iniciativas online, reforçando suas atividades de consultoria e educação.
O Portal de Notícias GS1 Brasil entrevistou Fabio Gerlach, consultor e gerente do Sebrae-SP, Escritório Regional (ER) Capital Centro, que mostrou um panorama do impacto da Covid-19 nos pequenos negócios e também as iniciativas da entidade no Estado.
Entre essas ações, a GS1 Brasil, que já tem um longo histórico de parceria com a entidade, está compartilhando em suas redes sociais cursos, lives e materiais produzidos pelo Sebrae para apoiar o micro e o pequeno empresário sobre temas diversos, como gestão financeira, questões legais e trabalhistas, acesso a crédito, tecnologia, entre outros.
As duas entidades também planejam disponibilizar conteúdos em conjunto por meio de salas virtuais ou lives, abordando assuntos como acesso ao crédito e vendas via e-commerce.
Qual tem sido o impacto da quarentena em São Paulo, iniciada em 20 de março como medida para evitar a propagação do novo coronavírus, nos pequenos negócios? O Sebrae-SP já tem algum panorama desse cenário?
Fabio Gerlach, gerente do Sebrae-SP – Foto: Divulgação
O principal impacto foi a redução significativa do número de clientes circulando, com consequente redução de faturamento e receita. E, por conta disso, todos os desdobramentos decorrentes. Pesquisa realizada pelo Sebrae-SP mostra que seis entre 10 empreendedores estão “muito preocupados” com o vírus. As entrevistas foram realizadas entre os dias 16 e 17 de março com 1.509 donos de empresas de todo o Estado. Para 83% dos entrevistados, o coronavírus vai afetar sua empresa. Entre eles, 95% acreditam que o impacto será negativo.
Do total de entrevistados, 12% não sabem se haverá impacto e apenas 5% afirmam que não esperam ser afetados. A preocupação é maior entre os empreendedores da capital: 90,7% deles esperam sofrer impacto com o coronavírus. No interior, esse índice cai para 79,1%.
Quais são os setores mais impactados até agora?
Em relação ao setor de atuação, os empresários mais preocupados estão no comércio: 86,5%, contra 81,9% na indústria e 81,5% no setor de serviços. No que diz respeito ao porte da empresa, 90,4% dos donos de empresas de pequeno porte (EPPs) acreditam que vão sofrer impacto. Entre os proprietários de microempresa (MEs), esse índice é de 86,8%; já entre os MEIs, são 79,1%.
Construção civil, alimentação fora do lar, moda e varejo tradicional são alguns dos setores mais impactados pela pandemia da Covid-19 no Brasil. Mapeamento do Sebrae mostra que, além destes, outros 10 segmentos estão entre os mais afetados e totalizam mais de 12,3 milhões de negócios, que respondem por mais de 21,5 milhões de empregos. O total de pessoas empregadas nas pequenas empresas é de 46,6 milhões, segundo dados da RAIS de 2018.
“Construção civil, alimentação fora do lar, moda e varejo tradicional são alguns dos setores mais impactados pela pandemia da Covid-19 no Brasil. Mapeamento do Sebrae mostra que, além destes, outros 10 segmentos estão entre os mais afetados e totalizam mais de 12,3 milhões de negócios”
Os empreendedores que atuam nos segmentos de saúde e alimentação, considerados essenciais, estão conseguindo manter seus negócios ou também enfrentam dificuldades?
Entre as diferentes naturezas de negócios atingidos diretamente pela crise do novo coronavírus, os de saúde e alimentação também foram impactados, mas com diferenças em função da necessidade do produto.
No segmento de alimentação:
Já na área de saúde, todos aqueles que oferecem produtos e serviços para o combate direto ao coronavirus estão com demanda. Por outro lado, muitos prestadores de serviço da área de saúde com atendimentos eletivos foram impactados e estão parados nesse momento.
Quais são as iniciativas do Sebrae-SP apara apoiar as empresas neste momento difícil?
Em linhas gerais são duas frentes de apoio. A primeira de atendimento, com todas as nossas equipes disponíveis atendendo à distância, com consultorias, lives e cursos.
A segunda institucional, com ações diversas de apoio aos pequenos negócios, acionando toda a rede de parceiros. Aqui temos parceiros diversos nos apoiando e sendo apoiados para levar aos pequenos negócios a maior quantidade de informações e orientações possível. E também os parceiros públicos, que além de informações e orientações, também temos feito um esforço conjunto para fazer chegar aos pequenos oportunidades diversas de compras públicas e acesso a crédito.
Considerando essas iniciativas, que tipo de apoio as empresas têm procurado mais nas últimas semanas?
A procura tem sido por atendimentos dos mais diversos. A procura por consultorias cresceu em 119 % entre a semana do dia 23 de março e a semana do dia 30 de março. Os atendimentos pelo 0800 570 0800 cresceram 52% na busca por informações e em 505% para inscrições em nossas lives, na mesma semana. A procura por cursos EAD cresceu 58 %. Dentre os temas, finanças, vendas online e acesso a crédito tem sido os mais procurados.
“Aproveite o momento para pensar sobre tecnologias disponíveis, serviços de delivery, home office, férias, redução de custo, economia de recursos, fracionamento das suas compras e negociação de tudo o que for possível”
Como o senhor avalia a parceria entre o Sebrae-SP e GS1 Brasil para apoiar os pequenos negócios nesta pandemia?
As duas entidades têm clientes em comum: os micro e pequenos negócios. Portanto, avalio a parceria de maneira muito positiva e necessária para fazer chegar a quem precisa toda informação e apoio necessários.
Para finalizar, qual é a principal dica do Sebrae-SP para os empreendedores de forma geral na atual situação?
Não fiquem e nem se sintam sozinhos. Procure ajuda, contate o Sebrae, converse com outros empreendedores, com entidades de classe, organizações diversas, com o gerente do banco, com seu contador… Entenda o que cada um está fazendo e como isso pode ajudar você a repensar o seu negócio.
E aproveite o momento para pensar sobre tecnologias disponíveis, serviços de delivery, home office, férias, redução de custo, economia de recursos, fracionamento das suas compras e negociação de tudo o que for possível.
Foto de abertura: Getty Images
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