A GS1 Brasil realizou mais um Summit Alimentos em sua sede, em São Paulo (SP), no dia 26 de setembro de 2019. Com o tema “Conectando os pontos para o futuro dos alimentos”, o encontro teve uma programação ampla de palestras unindo a visão de toda a cadeia de alimentos– indústria, varejo, foodtechs e consumidor, mostrando um panorama do mercado e tendências que vão impactar o setor nos próximos anos. Os participantes tiveram a oportunidade de fazer networking e participar de uma food experience, conhecendo o que há de mais novo na indústria alimentícia.
O evento foi promovido em momento no qual toda a cadeia de alimentos vive uma revolução motivada pelas novas tecnologias digitais e pela mudança de hábitos dos consumidores. O atual cenário é bastante complexo e nele surgem novas demandas que o food system precisa lidar: rastreabilidade para garantir a segurança alimentar, escassez de alimentos, obesidade, sustentabilidade, crescimento do veganismo, consumidores com pouco tempo para cozinhar, entre outras.
Em paralelo, as foodtechs, as startups da área de alimentos, e as agtechs, dedicadas ao agronegócio, trazem inovações e modelos de negócios disruptivos apoiados nas tecnologias digitais para otimizar os negócios no setor.
Cerca de 140 profissionais de todo o food system participaram das discussões no evento, recebendo as boas-vindas da head de Desenvolvimento Setorial da GS1 Brasil, Ana Paula Maniero. “Uma das grandes oportunidade do evento é conectar as empresas através do uso de padrões. Por isso, agradecemos a presença de todos participantes, parceiros, colaboradores da GS1 e palestrantes que vieram compartilhar conosco as melhores práticas, experiências e desafios”, disse.
O Summit Alimentos 2019 contou com a apresentação da jornalista Sabina Simonato e palestras de especialistas que apontaram tendências, exemplos práticos e reflexões para o futuro do setor de alimentos. Confira.
O especialista apresentou um panorama da aplicação da Instrução Normativa Conjunta INC nº 02/2018, que obriga produtores ou responsáveis pela venda de vegetais frescos a fazerem a rastreabilidade desses alimentos com informações padronizadas. Um dos principais objetivos da norma é assegurar ao consumidor produtos vegetais sem irregularidades no uso de agrotóxicos e contaminantes.
Mostrou como a rastreabilidade pode transformar os negócios, com informações disponíveis em toda a cadeia de alimentos, desde a produção até o consumidor final com o apoio dos padrões globais GS1. Um processo de rastreabilidade automatizado e confiável traz vários benefícios, como melhor gerenciamento do fluxo de produtos, redução das perdas e desperdícios de alimentos, eficiência em recall’s e maior segurança no consumo dos produtos.
A CEO da Builders apresentou um panorama global com os principais números e tendências que ilustram a revolução que está acontecendo em toda a cadeia de alimentos, do cultivo ao consumidor – que cada vez mais prioriza o bem-estar, a saúde e a sustentabilidade. A tecnologia é fundamental para criar novos ingredientes e modelos de negócios com forte participação de startups, conectando tudo isso aos valores e necessidades dos consumidores. No Brasil, o Foodtech Movement mapeou o ecossistema de foodtechs e desenvolve um trabalho para unir todo o setor para criar condições favoráveis ao desenvolvimento de novos negócios.
Apresentou estudo da GS1 que destaca as megatendências que estão norteando os negócios, como rastreabilidade, segurança e privacidade de dados, sustentabilidade, personalização em massa, entre outras, e as tecnologias para atender a essas novas demandas – Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial, Blockchain, realidade aumentada e virtual, sensores, biometria, etc. Clique aqui para fazer o download do estudo (em inglês).
Compartilhou as iniciativas da companhia na área de sustentabilidade, que têm foco em economia circular de baixo carbono, ou seja, fontes renováveis, reciclagem e rastreabilidade. Também apresentou pesquisa da TetraPak,que mostra o comportando do consumidor em relação à sustentabilidade, indicando que os brasileiros estão mais conscientes e tomando atitudes para preservar o meio ambiente, inclusive a compra de produtos sustentáveis.
A executiva falou sobre as oportunidades que a tecnologia está promovendo na produção de alimentos no campo, uma das áreas menos digitalizadas do mercado, bem como os projetos da companhia nessa área. Nos últimos anos, a Syngenta vem fazendo investimentos, como a compra de várias agtechs para levar inovação para a lavoura, além de apostar em ferramentas como robótica, analytics, big data e machine learning para analisar dados, conectando as necessidades do consumidor diretamente à produção no campo.
Contou como a troca eletrônica de dados ou EDI (Electronic Data Interchange), otimiza os negócios da Nestlé juntos aos seus parceiros. No Brasil, 40% do faturamento da companhia é feito via EDI, usando dados padronizados do Sistema GS1, como GTIN e GLN. Com isso, a empresa automatiza o envio de pedidos e expedição de mercadorias aos clientes, com mais rapidez e sem erros.
O executivo contou sobre a jornada da empresa que, de olho nas tendências, direciona suas estratégias para produção e comercialização de produtos orgânicos e atuação ominchannel. Além disso, a Vapza aposta na rastreabilidade e em dados de qualidade, tanto que foi a primeira empresa no mundo a aderir ao sistema Verified by GS1, um banco de dados no qual as empresas podem cadastrar os produtos e identificá-los com atributos que podem ser verificados globalmente.
A empresa chilena – que tem o fundador e CEO da Amazon, Jeff Bezos, como investidor – tem a proposta de produzir alimentos à base de plantas utilizando inteligência artificial. O algoritmo é capaz de cruzar dados de diferentes vegetais e criar receitas com mesma textura, aroma, sabor e valor nutricional dos alimentos de origem animal. A NotCo chegou ao Brasil em maio de 2019 com a maionese feita com grão de bico e está estruturando sua operação para, em breve, lançar novos itens, como sorvete, leite e hambúrguer.
O especialista apontou tendências e insights de um futuro não tão distante, em que o consumidor poderá imprimir seu próprio alimento em casa, compondo um prato com as necessidades nutricionais adequadas para seu perfil. Essa é apenas uma das possibilidades estudadas pelo food design, uma nova disciplina que pensa a inovação propondo soluções e estratégias para melhorar a relação das pessoas com os alimentos. O food design pode auxiliar as indústrias no planejamento e desenvolvimento de novas soluções, considerando a visão de todos os envolvidos e do consumidor.
O Carrefour criou um programa global chamado “Act for Food” para impulsionar a venda de produtos sustentáveis e, no Brasil, as principais frentes dessa iniciativa são a marca Sabor e Qualidade, apoiada nos pilares da sustentabilidade, e a rastreabilidade dos itens desta marca com base em Blockchain. Para isso, a companhia desenvolveu uma plataforma em parceria com a Safe Trace que possibilita ter as informações – do campo ao consumidor – mais seguras, invioláveis e compartilhadas com toda a cadeia. Vasco Picchi destacou a importância de se utilizar chaves globais de identificação a fim de facilitar a comunicação e segurança das informações entre os elos da cadeia produtiva.
O executivo falou sobre os desafios atuais do varejo, que para se ajustar às necessidades do novo consumidor precisa de uma transformação baseada em processos, pessoas e dados. Nesse sentido, contou as iniciativas da Amazon, uma das empresas mais inovadoras do mundo, com o objetivo de promover uma experiência sem fricção (frictionless) para o consumidor, ou seja, mais fácil, com comodidade e praticidade, nos vários canais em que atua. Para isso, a companhia investe em um conjunto de tecnologias habilitadoras, como big data, vídeo analytics, realidade virtual e aumentada, sensores, robótica, Inteligência Artificial, Data Lake, entre outras. A empresa aplica todos esses recursos na Amazon Go, rede de supermercados nos Estados Unidos sem atendentes e sem a necessidade de pagar as compras nos caixas. O cliente só precisa baixar o app da loja no celular e cadastrar o cartão de crédito.
No Summit Alimentos 2019, os participantes tiveram, ainda, a oportunidade de fazer networking e participar de uma food experience, degustando produtos das empresas: Itaueira Alimentos, Vegetais Saudáveis, Benafrutti, Sucos Jandaia, Vapza e Leandro´s Sorvetes . Além desses, a água de coco Edencoco, oferecida na própria casca e com sistema de abertura fácil; do hambúrguer de plantas da Fazenda Futuro, servido com maionese feita de grão de bico da The NotCo.
A Cozinhe.me apresentou um pocket de experiências para os participantes descobrirem um pouco mais da própria personalidade pelo paladar. Com os olhos vendados, o participante tem contato diferentes aromas, texturas e músicas e depois escolhe os que mais lhe agrada. Os dados são lançados em um aplicativo, que, ao final, indica características pessoais com base no paladar. A Cozinhe.me é uma empresa de Porto Alegre (RS), que produz e comercializa molhos e oferece serviços com jantar secreto e caixa misteriosa, com ingredientes para promover uma experiência gastronômica.
O hub de inovação Arco demostrou uma nova possibilidade que começa a surgir com a tecnologia: a impressão 3D de alimentos. Alguns alimentos foram impressos com cream cheese para mostrar essa novidade aos participantes do evento.
Fotos: Eliane Cunha
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