Na luta para combater a Covid-19, as universidades brasileiras estão empenhadas em apoiar a sociedade, reforçando suas pesquisas para entendimento da doença e busca de soluções, mas também exercendo um importante papel na produção de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e outras iniciativas inovadoras.
Na série de reportagens Histórias que Inspiram, o Portal de Notícias GS1 Brasil mostra as ações de algumas universidades parcerias da GS1 que, em colaboração com todo o seu ecossistema, contribuem com a população e a cadeia da saúde nesta pandemia. Confira.
O Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) montou um grupo com 20 pessoas – entre professores, técnicos e alunos – para atuar em diversas frentes no combate à Covid-19. O objetivo é entender as demandas de materiais e equipamentos hospitalares, identificar e criar soluções para aumentar a oferta, acompanhar a produção das soluções, suportar a implantação e manutenção das soluções na cadeia.
Escudos faciais produzidos pelo IMT – Foto: Divulgação IMT
Como resultado desse trabalho, desde o início da pandemia, a instituição produz protetores faciais em seu FabLab, com o apoio de parceiros. Hoje, a capacidade de produção é de 150 unidades por dia.
“Atualmente, a empresa Kallas, um de nossos parceiros, adquiriu o material para produção de 10 mil protetores faciais que serão enviados aos hospitais”, conta o diretor do Centro de Pesquisas do Instituto Mauá de Tecnologia, José Roberto Augusto de Campos.
Até o momento, já foram produzidos e doados cerca de 2 mil protetores faciais para 15 hospitais da grande São Paulo e região do ABC, como Hospital Mário Covas, Hospital das Clínicas, Santa Casa de São Paulo, Hospital do Exército, Santa Marcelina, Oswaldo Cruz, e para as secretarias de saúde das cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema.
“Nossa intenção é continuar a produção conforme formos recebendo o material para confecção dos protetores pelas empresas, parceiros ou instituições”, diz José Roberto. Ao longo do mês de junho, o IMT deve receber cerca de 300 kg de matéria-prima da empresa Berry e 2 toneladas da Braskem para confecção de máscaras com apoio de empresas parceiras do IMT. Com a quantidade, será possível produzir em torno de 1 milhão de máscaras.
Ventilador mecânico – Foto: Divulgação IMT
Outro projeto envolve a produção de ventilador mecânico de baixo custo para hospitais, ideia que surgiu de um ex-aluno do IMT e foi prototipada pelos alunos do FabLab. “O projeto foi aperfeiçoado pela Mercedes-Benz, que destinou uma de suas linhas para produção do equipamento e estamos aguardando a finalização de ensaios técnicos. O equipamento já foi protocolado na Anvisa. Acreditamos que em breve eles poderão ser doados aos hospitais da região e futuramente para o País”, conta José Roberto.
As ações não param por aí. O IMT também participa de um trabalho para esterilização em autoclave de partes e peças de respiradores reparados pela rede formada por instituições de ensino e empresas automobilísticas do ABC, com apoio do Senai.
Além disso, já ministrou cinco cursos gratuitos para micro e pequenas empresas em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) com objetivo de apoiar a qualificação e a otimização de negócios frente às dificuldades do mercado. Os cursos abordaram temas como Indústria 4.0, segurança do alimento, gerenciamento de projetos, entre outros.
Os alunos da faculdade também organizaram a arrecadação de alimentos para doação ao Fundo Social de São Caetano do Sul.
“O Instituto Mauá de Tecnologia tem como um de seus diferenciais o forte relacionamento com empresas, promovendo ao longo do ano uma série de atividades. Apesar de estarmos atravessando um período de incertezas e dificuldades, todos os nossos parceiros têm nos apoiado de forma a tornar possível todas estas ações, mostrando que podemos contar com a solidariedade em momentos de crise”, conclui José Roberto.
Produção de escudos faciais no Fab Lab da Facens – Foto: Divulgação FACENS
Diante do avanço da Covid-19, a FACENS – Centro Universitário de Sorocaba se mobilizou para auxiliar a população e os profissionais de saúde. A instituição montou uma linha de produção com 14 impressoras 3D e sete profissionais do seu FabLab para produzir máscaras do tipo face shield (ou escudos faciais) para proteção de médicos e enfermeiros.
Além disso, iniciou a produção de outro EPI para a área hospitalar. Trata-se de uma caixa de intubação, colocada em cima da cabeça de pacientes (sem tocá-los), por onde o médico insere as mãos e realiza a intubação, enquanto se mantém protegido das secreções comumente expelidas durante esse tipo de procedimento. O novo equipamento foi desenvolvido em conjunto com a Santa Casa de Sorocaba.
A Fab Lab da FACENS também desenvolveu e está produzindo suportes para tablets para o Hospital das Clínicas (HC), para auxiliar a iniciativa do hospital de facilitar a comunicação dos pacientes internados em decorrência de Covid-19 com suas famílias. Os suportes possuem rodas para facilitar a mobilidade e permitir que os tablets fiquem na altura dos pacientes acamados, contribuindo para o menor risco de contágio da doença por manipulação.
Caixa de intubação – Foto: Divulgação FACENS
De acordo com o diretor de operações do Instituto de Pesquisa da FACENS, Lester Faria, a instituição já fez a doação de 16 caixas de intubação e mais de 3 mil escudos faciais para cerca de 50 hospitais, clínicas e instituições, como Hospital das Clínicas, GRAAC, ICESP, Hospital Santa Catarina, todos os hospitais públicos de Sorocaba e INCOR.
Já em uma iniciativa relacionada à educação, a FACENS desenvolveu o jogo Herois da Pandemia para ajudar a conscientizar e orientar crianças e adultos sobre a propagação do novo coronavírus de forma lúdica. O game é gratuito, bilíngue e está disponível nas plataformas Android e iOS.
“A FACENS vem conseguindo impactar o tripé que suporta a superação dessa fase crítica: segurança para os profissionais da saúde, conforto e carinho aos pacientes e inovação no desenvolvimento de dispositivos para a superação de dificuldades”, afirma Lester, completando que a produção de EPIs continua e novas iniciativas também devem surgir.
Segundo ele, os resultados desse trabalho são gratificantes, provando que “juntos somos mais fortes”. “O que temos visto é que pessoas comuns, isoladamente, nos procuram para ajudar e a mobilizar a rede de apoio. Vemos que pessoas e instituições se juntam para dar soluções rápidas e eficientes para problemas reais, que mobilizações ocorrem em prol da qualidade de vida e do conforto do próximo e que uma vida vale mais do que qualquer sacrifício que possamos fazer”, finaliza Lester.
O Centro Paula Souza (CPS) – autarquia do Governo do Estado de São Paulo que administra as Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) e as Faculdades de Tecnologia (Fatecs) – também está fazendo a diferença nesta pandemia.
Professores e estudantes voluntários de diversas Etecs e Fatecs estão produzindo EPIs e produtos de limpeza. Até o final de maio foram fabricados mais de 6,3 mil máscaras de acetato, 9 mil máscaras de tecido e 1,3 mil toucas que foram doadas para hospitais regionais. Além disso, professores e alunos dos cursos técnicos de Química estão produzindo álcool em gel 70%, sabão líquido, desinfetante e água sanitária.
A expectativa é continuar com a produção, inclusive as unidades buscam doações de matérias-primas, como plásticos, elásticos, tecidos, entre outros insumos.
Prof. Alfredo Colenci Neto, da Fatec São Carlos – Foto: Divulgação
Outra frente de trabalho também ganha destaque. No mês de abril, o Centro Paula Souza promoveu o Hacka Trouble, uma maratona de programação online que durou 48 horas. “Promovemos um hackaton online que envolveu todo o Centro Paula Souza com o objetivo de criar soluções inovadoras para combater os impactos da Covid”, conta Alfredo Colenci Neto, professor de tecnologia e inovação da Fatec de São Carlos, no interior de São Paulo.
A participação no evento não ficou restrita aos alunos da Fatec, mas foi aberta para sociedade, recebendo inscrições de 130 projetos, que deveriam apresentar ideias em quatro eixos temáticos: saúde, mobilidade, negócios e social. A iniciativa teve o apoio de empresas como Bosch, Mercedes-Benz e Amazon, além do Sebrae.
De acordo com Alfredo, 12 projetos foram selecionados, apresentando soluções como: app de telemedicina para SUS, controle de ativos em hospitais, sistema para gerenciamento de vacinas, app para controle da comunicação de áreas contaminadas em ambiente hospitalares, app para integrar fornecedores de EPI e instituições de saúde, pagamento virtual de passagens de ônibus, app para retirada de compras online, várias soluções para apoiar negócios de pequenas empresas, app para doações, soluções para integrar voluntários e idosos isolados, entre outras.
“Um dos requisitos era criar projetos que pudessem ser implementados no curto prazo, em quatro meses. Então, os projetos selecionados estão recebendo mentoria do Sebrae e de outros parceiros envolvidos e em breve devem ser colocados em prática”, afirma o professor Alfredo.
“A lição que fica com esta iniciativa é que a gente consegue lidar com a inovação além do Centro Paula Souza, incluindo empresas, comunidade e parceiros, levando isso para fins sociais. É possível ajudar uma comunidade frente a um desafio social, sem deixar de lado a questão do empreendedorismo e da inovação. É um legado que fica”, destaca.
O hackaton foi organizada pelo Centro Paula Souza através da agência de inovação InovaCPS, criada pela instituição há sete anos para estimular a cultura do empreendedorismo no ecossistema de alunos e professores. São 42 unidades da agência espalhadas pelo Estado, que organizam eventos de inovação, treinamentos e capacitação de professores.
O professor Alfredo, que é agente da InovaCPS em São Carlos, conta que um dos programas atuais da agência é a Escola de Inovadores. “É um programa de 10 semanas aberto para qualquer empreendedor aprender desde modelagem, validação da ideia, conhecimentos em tecnologia, marketing, prototipação, ou seja, para desenvolvimento toda a ideia do negócio”. As atividades continuam mesmo no período de isolamento social.
A GS1 Brasil lançou a série Histórias que Inspiram, mostrando exemplos de empresas e instituições que estão fazendo a diferença nesta crise, servindo de inspiração para o mercado, como é o caso do Instituto Mauá de Tecnologia, da FACENS e do Centro Paula Souza.
Para participar, envie a sua história para o e-mail: noticias@gs1br.org
Foto de abertura: Divulgação FACENS
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