Muitas empresas foram ao limite nesta pandemia da Covid-19 e, para continuar ativas no mercado, precisaram se reinventar, atuando em novos canais de vendas e reduzindo custos. Esse novo cenário trouxe uma atenção maior para um aspecto importante dos negócios: as embalagens dos produtos.
Cada vez mais, fica evidente a importância de pensar estrategicamente em todo o sistema de embalagem, considerando o tipo de produto, o perfil do consumidor, a estrutura da empresa, a logística, o transporte, etc. Esse trabalho envolve toda a cadeia em busca de soluções inteligentes, desde os vários departamentos internos de uma empresa, passando pelos fornecedores de matérias-primas até os clientes.
Marcos Palhares,da The Packaging Academy – Foto: Divulgação
Assim, nesses tempos de crise, quais são os aspectos mais relevantes quando o assunto é embalagem? “Agora é o momento de apostar na inovação, redução de custos e sustentabilidade”, afirmou o diretor da The Packaging Academy e sócio da revista EmbalagemMarca, Marcos Palhares. Em entrevista ao Portal de Notícias GS1 Brasil, ele comentou algumas tendências e insights para o desenvolvimento de embalagens. Acompanhe a seguir.
A busca por redução de custos já era uma premissa da indústria antes da pandemia e que, a partir de agora, tende a se acentuar. Segundo o especialista, o importante é diminuir os custos com inteligência para não “matar” o produto ou a marca. Às vezes, uma solução que, à primeira vista, parece boa e fácil, pode gerar ainda mais problemas.
“Não adianta trocar a matéria-prima por uma opção de qualidade inferior ou reduzir a espessura da embalagem, por exemplo. Normalmente, isso gera perdas na linha de produção ou a embalagem estoura no transporte”, pondera.
De acordo com Palhares, uma das estratégias mais comuns é reduzir o conteúdo do produto, e logo o tamanho da embalagem. Isso não requer muitos esforços, basta informar a mudança na embalagem. “De alguma maneira, isso desagrada parte dos consumidores, mas é uma forma de viabilizar o produto”, avalia.
Outra ideia para diminuir os custos é redimensionar a embalagem a fim de otimizar área de armazenamento. “Há várias maneiras de reduzir perdas em algum ponto da cadeia que podem significar um ganho para todo o sistema de embalagem”.
O tema da sustentabilidade ganha novo fôlego no mercado, indicando a necessidade de adequar os processos. “As empresas deverão buscar a redução de impacto ambiental ou do consumo de água ou energia na linha de produção, ou estimular a cadeia mais sustentável de alguma forma. Isso é uma decisão que envolve o desenvolvimento de embalagem”, ressalta Palhares.
A previsão de queda de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2020 resume o tamanho do impacto negativo que praticamente todos os setores da economia vão sofrer em razão da pandemia. “Quando temos uma situação tão crítica e extrema, é o momento de buscar caminhos por meio da inovação”, destaca o diretor da The Packaging Academy.
“Por isso, vale refletir sobre questões como: como criar uma lealdade de marca quando o preço é tão importante? A marca vai competir por preço? Ou o branding será mais importante para manter o posicionamento no mercado?”, completa.
Segundo Palhares, mesmo sendo um momento crítico, é fundamental avaliar como dar um passo à frente em termos de embalagem.
No novo normal, virou hábito higienizar as embalagens, geralmente com álcool em gel. “É preciso pensar em uma embalagem que possa ser higienizada, sem prejudicar o material ou as informações impressas. O que não pode acontecer é passar álcool e apagar a data de validade do produto, por exemplo”, diz Marcos Palhares.
Com a pandemia, as vendas online aumentaram exponencialmente em pouco tempo, fazendo com que empresas reconsiderassem alguns aspectos e decisões sobre as embalagens.
Um dos desafios é que o aspecto estético ganhou maior relevância. “Como mostrar a foto da embalagem na internet com o mesmo apelo da prateleira?”, questiona Palhares. Além disso, dependendo do perfil da marca, um ponto importante é gerar uma experiência de unboxing, ou seja, tornar o momento de desembalar o produto em casa mais interessante. Uma embalagem visualmente bonita e inteligente valoriza todo o esforço da marca.
Além da parte visual, as embalagens precisam ser resistentes e adequadas ao processo de logística e transporte. Para isso, é necessário entender a jornada da entrega, se será pelos Correios, caminhão ou motoboy, por exemplo.
Outro ponto é que as empresas vão precisar fazer escolhas diferentes para cada canal de vendas. “Da mesma forma que as indústrias têm embalagem distintas para produtos vendidos em supermercados e atacarejos, será preciso diferenciar a embalagem para o e-commerce”, ressalta Palhares.
Um cenário de crise é o momento propício para reinvenção de empresas e profissionais. Nesse sentido, surge a necessidade de investir em qualificação para conseguir responder às novas demandas do mercado.
Na área de embalagens, é fundamental ter uma visão ampla, considerando os processos de produção, os tipos de materiais, o design, a distribuição e o transporte, e o perfil da cadeia, para conseguir tomar decisões mais assertivas.
“As empresas devem acreditar na área das embalagens, porque ela está relacionada à composição de custos e pode criar possibilidades para estimular a receita. Se a sua empresa tem uma pessoa ou departamento de embalagem inteligente, consegue encontrar boas oportunidades e solucionar os problemas com qualidade”, conclui o especialista.
De acordo com a GS1 Brasil, através da embalagem é possível identificar de forma única e inequívoca os produtos, proporcionando maior agilidade nos processos internos das empresas, disponibilidade de informações do produto aos consumidores, transmitindo, desta forma, confiabilidade, segurança e atendimento às legislações.
Foto: Getty Images
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