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Investidor anjo: o que é e como atraí-los para sua empresa?

O investidor anjo é uma pessoa física que investe com seu próprio capital em negócios com alto potencial de retorno e em início de operação (startups). Em entrevista ao Portal de Notícias da GS1 Brasil, o diretor de marketing e vendas da Abstartups, Paulo Buso, afirmou que é comum o  investidor anjo não dar apenas o suporte financeiro para essas empresas nascentes, mas também apoiar os sócios fundadores com experiência e rede de relacionamentos, além de ser muitas vezes um dos primeiros aportes de uma startup.

investidor anjo

Paulo Buso, da Abstartups. Crédito: divulgação

“São empreendedores e profissionais extremamente experientes e com muito conhecimento de startups ou do segmento em que investem. Muitos deles, inclusive, investem em mais de um instituição ao mesmo tempo”, resume Buso.

A diretora executiva da Anjos do Brasil, Maria Rita Spina Bueno, acrescenta que quase nunca se trata de grandes fortunas, mas de pessoas que desejam transferir essa experiência de vida para evitar que o futuro empreendedor cometa erros que eles próprios cometeram no passado.

“É claro que o investidor anjo também quer ganhar dinheiro, mas há uma busca pela satisfação de construir algo novo, uma vez que esses investimentos demoram para dar retorno”, analisa.

E qual a relação entre os captadores de recursos e os investidores? “Normalmente, estes investidores têm uma participação minoritária no negócio, mas não têm posição executiva na empresa, atuando, apenas, como mentores e conselheiros”, diferencia Maria Rita.

Assim, o investidor anjo sempre faz investimentos em troca de participação societária, assim, ele se tornará um sócio da empresa, mas não executivo.

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Maria Rita Spina Bueno, da Anjos do Brasil. Crédito: divulgação

“Muitas vezes são utilizados instrumentos jurídicos do tipo “mútuo/dívida”, mas sempre conversíveis em participação societária e sem quaisquer garantias reais/aval/fiança, isto é, apenas utilizados para desburocratizar o processo de investimento, sendo que, em caso de insucesso, o valor investido é simplesmente desconsiderado”, mostra a especialista da Anjos do Brasil, diferenciando o sócio do investidor.

“O sócio tem gestão ativa no negócio e se envolve no dia a dia; já o investidor anjo atua como um conselheiro ou mentor, sem poder de decisão”, reforça.

Como saber a hora ideal de abrir capital?

Quando o negócio supera a fase de validação, tem clareza e conhecimento do problema que resolve, já conquistou seus primeiros clientes, e está precisando de capital para seu próximo passo, pode ser um bom indicativo da hora de abrir capital.

“Captar recurso com investidor anjo trará o combustível necessário para avançar e chegar em seu próximo estágio, como contratar time, aprimorar o produto, expandir sua máquina de vendas, ou quem sabe, validar demais hipóteses que ajudem a consolidar o negócio numa direção de escala e crescimento”, pontua Buso.

Maria Rita reforça que o investidor anjo normalmente atua em startups que estejam em estágio pré-operacional, mas que tenham pelo menos um protótipo do produto/serviço que irão ofertar, ou já operacional, mas em seu início.

“A startup não pode estar muito desenvolvida, já que, neste caso, precisará de quantias maiores. A melhor hora para um empreendedor buscar capital com anjos é o momento no qual o dinheiro e apoio farão a diferença para crescer e escalar”, aconselha.

Nesta etapa, é importante que os sócios-fundadores da empresa que pretende captar recursos reúnam todo o conhecimento necessário sobre o mercado em que atuam e saibam demonstrar a sua capacidade de crescimento.

“Pode ser, inclusive, que os sócios-fundadores encontrem esse investidor através da conexão com outros empreendedores que já conhecem, conversando diretamente com seus contatos. O mesmo vale para eventos de empreendedorismo ou do segmento a que pertencem. Existem também instituições especializadas em conectar startups com uma base de investidores anjo que podem ter interesse em aportar capital”, sinaliza Buso.

Cenário atual de investimentos

A pandemia, de alguma forma, prejudicou esse tipo de investimento. “Em 2020, o volume de investimento anjo diminuiu 20% em comparação ao ano anterior. O  volume total foi de R$ 856 milhões, o mesmo valor de 2016. O número de investidores também caiu 15%. Não há dados ainda para o ano de 2021”, constata Buso, salientando que, no mapeamento feito pela Abstartups, os setores que mais têm atraído investidores anjo são educação, agronegócio, varejo e e-commerce.

Mas outros setores também podem ter sucesso. “O investidor anjo normalmente investe nos setores que ele tem conhecimento, pois isto tanto ajuda na sua avaliação quanto depois em apoiar o empreendedor. Assim, existem diversos setores que podem ser investidos, desde que o negócio tenha inovação, seja escalável, tenha um mercado amplo (no mínimo nacional), enfim, um alto potencial de crescimento”, enumera a executiva da Anjos do Brasil.

Até o final deste ano, a projeção é positiva. “Espera-se que possamos ter um aumento de 15%. Mas apesar deste sinal recuperação, a expectativa é ainda insuficiente para a demanda das startups”, pondera Maria Rita, reforçando que, para 2022, as expectativas são muito positivas.

Dicas para ser atrativo ao investidor anjo*

dicas para ser atrativo ao investidor anjo– Fazer um levantamento do mercado de atuação, clientes em potencial, concorrentes e outros aspectos relevantes.

– Realizar um pitch, que é uma apresentação que vai vender o projeto.

– Demonstrar os aspectos inovadores do negócio, metas e estratégias do negócio, e as projeções de crescimento a curto, médio e longo prazo.

– Ter perfil empreendedor, a fim de levar o projeto para o próximo nível e transformar suas empresas em negócios de sucesso.

– Mostrar a capacidade de execução com números e comprovar que a empresa possui as competências necessárias de gestão.

– Indicar o quanto o  negócio é escalável e poder crescer rapidamente sem exigir grandes quantidades de recursos humanos e/ou financeiros.

*Fontes: diretor de marketing e vendas da Abstartups, Paulo Buso; e diretora executiva da Anjos do Brasil, Maria Rita Spina Bueno

Foto: iStock

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