Mais do que uma promessa, a Internet das Coisas (IoT) já está acontecendo nas empresas, ganhando cada vez mais relevância. Hoje, 35% das empresas brasileiras e 24% das latino-americanas contam com alguma iniciativa de IoT.
No Brasil, para 42% das companhias, o tema é de alta importância e a previsão é de que nos próximos três a cinco anos, cresça para 76%. Na Colômbia, México, Argentina e Chile, a previsão de evolução é de 43% para 73%.
Apesar do crescimento e dos benefícios da IoT – que ajuda a reduzir custos e a ganhar agilidade e eficiência operacional – a cultura organizacional e os custos são os principais inibidores para adoção da tecnologia.
Os dados são da quarta edição do estudo IoT Snapshot, realizado pela Logicalis, empresa global de serviços e soluções de tecnologia da informação e comunicação, em parceria com a consultoria Stratica.
A pesquisa analisa a adoção e a evolução da IoT nos mercados brasileiro e latino-americano. Entre outubro e novembro de 2019, foram entrevistados 256 executivos, divididos em: Brasil (146), Colômbia (34), México (32), Argentina (27) e Chile (17).
“Justificar investimentos de IoT é algo de suma importância. Afinal de contas, a tecnologia deixa de ser hype e torna-se uma (ou mais uma) abordagem estratégica de busca de competitividade. Chegamos a um ponto em que as soluções de transformação digital estão prontas para realmente mudarem as empresas”, afirma o diretor de consultoria da Logicalis, Yassuki Takano.
O estudo analisou também os times que conduzem a IoT nas empresas. Agora, a tendência é de serem cada vez mais diversos. De modo geral, a área de TI está envolvida, o que mostra que, com a transformação digital e o surgimento de tecnologias disruptivas, TI vem ganhando relevância, deixando de ser uma área de apoio e infra e se tornando fundamental para melhoria do negócio.
Na maioria dos casos, a gestão e implementação de projetos de IoT ainda estão sob a responsabilidade da área de TI (60%), número um pouco menor quando comparado com o ano anterior (68%).
Mas o estudo apontou uma mudança significativa em relação aos projetos conduzidos por times multidisciplinares, especialmente no Brasil. Enquanto no ano passado apenas 3% da responsabilidade e gestão era feita por equipes compostas por profissionais de TI, negócios e inovação, hoje esse porcentual cresceu para 26%. Nos demais países estudados, apenas 9% dos respondentes afirmaram que iniciativas de IoT são de equipes multidisciplinares.
A IoT tem ganhado cada vez mais espaço na América Latina. No Brasil, 35% das empresas contam com algum uso da tecnologia, enquanto na América Latina o número é 24%.
O mercado brasileiro desponta ligeiramente mais maduro, ao ter 19% das iniciativas já em produção. Nos demais países analisados, 10% das empresas estão em fase de Prova de Conceito (PoC), portanto, o cenário está equilibrado.
Já os planos de investimento em IoT ao longo dos próximos 18 meses se mostram mais contidos que em 2018. Argentina, Chile, Colômbia e México apresentam uma visão um pouco mais otimista em relação a isso.
No Brasil, em 2018, 44% dos entrevistados afirmavam ter planos concretos de investir em novas iniciativas de internet das coisas; na edição 2019, foram apenas 34% dos respondentes.
Na avaliação por setores do mercado brasileiro, o segmento em que mais há planos concretos de investimentos em novos projetos de IoT nos próximos 18 meses é o de manufatura. Em segundo lugar, vem o setor de serviços, em que 33% dos executivos afirmam ter planos de investir em IoT. O número é discretamente mais alto que no último ano (30%).
Já o agronegócio, que aparecia em segundo lugar no último estudo com 43% das empresas planejando investir em IoT, caiu para a terceira posição entre os mais interessados, com apenas 20% dos executivos tendo planos concretos.
Apesar do aumento de relevância da IoT nos mais diversos setores do mercado, a tecnologia enfrenta algumas barreiras como a cultural e a financeira. As incertezas do cenário econômico regional e a necessidade cada vez maior de justificar investimentos de IoT levaram 38% dos respondentes brasileiros e dos demais países a colocar o item custo como principal inibidor para a adoção dessa tecnologia.
Em segundo lugar, aparece a questão da cultura organizacional, apontada por 28% dos executivos brasileiros e por 20% dos latino-americanos como principal barreira para uma adoção completa.
No tema de capacitação e preparo de equipe, os itens que aparecem como principais dificuldades enfrentadas pelos executivos brasileiros são: inteligência artificial e machine learning. Somente 12% dos entrevistados acreditam que suas equipes estão preparadas ou muito preparadas para usar essas tecnologias, enquanto 37% acreditam que seus times não estão preparados. Nos outros países analisados ocorre o mesmo.
Já em relação a temas confortáveis para os executivos estão: redes e segurança. No Brasil, 82% e 68% afirmam que seus times estão preparados ou muito preparados para essas questões. Enquanto isso, na América Latina rede e conectividade aparecem como principais itens do quesito.
Foto: Getty Images
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