Grande espaço disruptivo do Mobile World Congress, que aconteceu esta semana, em Barcelona, o 4YFN (Four Years From Now) é o evento que mostra de que forma os grandes temas de mobile podem ser acessíveis à realidade de pessoas e negócios. Nascido como irmão mais novo do MWC, o 4YFN reúne startups que revelam o que vai ser tendência em um futuro muito próximo. Desde que surgiu, em 2014, o espaço amadureceu e nunca foi tão grande – só em Barcelona, mais de 20 mil pessoas passaram pela área em três dias.
A GoAd esteve no 4YFN e identificou as cinco maiores tendências da feira, que este ano terá também edições em Shanghai e Los Angeles.
Biohacking e a Internet dos Corpos
Em uma das sessões mais aguardadas do evento, um voluntário teve um chip implantado em sua mão, ao vivo, no palco, pela empresa Body Data Space. A tecnologia RFID (identificação por radiofrequência) permite que a pessoa faça pagamentos – uma transferência bancária foi feita in loco, para provar que o chip funciona -, além de poder funcionar como ‘tranca’ digital, abrindo e fechando portas de carros, casas e escritórios.
A discussão sobre a Internet dos Corpos deixou a impressão de que os wearables são apenas um passo intermediário para um futuro onde nossos olhos, cérebros e membros serão parte da nova inteligência artificial.
Medtech e a indústria do cuidado
As startups de saúde e bem estar foram os grandes destaques no 4YFN este ano. Soluções para alimentação, vida saudável e treinamento esportivo dominaram boa parte dos stands do evento. Os produtos mais disruptivos, porém, são os de diagnóstico preditivo como a da Onelabs, que mede dados vitais no suor da pessoa por meio de um biossensor não-invasivo que permite que pacientes crônicos sejam monitorados continuamente e em tempo real, reduzindo hospitalizações.
A indústria do cuidado também trouxe novidades – plataformas como a Carers, lançada no ano passado, conecta famílias de pessoas idosas a enfermeiros e tem funcionalidades como câmera, agenda customizada e acesso a uma base de dados de profissionais verificados previamente.
A democratização da realidade aumentada
Muito além do mundo dos games, onde se destacou nas últimas edições do 4YFN, a realidade aumentada vem assumindo formatos acessíveis para pequenos negócios e pessoas. Em um painel sobre ‘digital disruption’, a VP do Facebook, Nicola Mendelsohn, destacou as soluções criativas e financeiramente modestas que empresas de todos os setores vêm adotando para engajar seus públicos.
Um exemplo é a StageInHome, aplicativo que usa a tecnologia para decorar e mobiliar ambientes de acordo com a preferência do cliente, melhorando a atratividade de imóveis para alugar ou vender. De olho no setor varejista, a BeepVip criou um provador virtual, onde o cliente usa a realidade aumentada para experimentar roupas.
Outra empresa, a Pisces, desenvolveu um ambiente virtual para reuniões corporativas, em que as pessoas têm a sensação de estar sentados na mesma mesa com os colegas – a tecnologia requer apenas smartphones como ferramentas, sem a necessidade de óculos especiais.
IA no campo e na mesa
Presentes no 4YFN de forma transversal em 2019, a inteligência artificial e a internet das coisas expandem suas soluções para indústrias como o agronegócio e o varejo. A Faromatics, uma startup de Barcelona, desenvolveu um robô que monitora dados como temperatura, umidade, alimentação e qualidade do ar em granjas de aves. O sistema usa vídeo e áudio streaming e pode identificar problemas de saúde com antecedência, reduzindo o uso de antibióticos nos animais.
Outra empresa, a Color-Sensing, analisa a cor e a composição dos gases emitidos pelos alimentos para ajudar supermercados, e potencialmente o cliente final, a identificar produtos vencidos ou em mau estado de conservação. Os dados são acessíveis por meio de um QR code rastreável.
O fim das barreiras culturais?
As falhas de comunicação parecem estar ficando para trás – e os tradutores tradicionais têm muito pouco a ver com isso. Startups como a Xpik usam a linguagem universal das imagens para ajudar o cliente final a se comunicar em outro idioma. A pessoa só precisa dizer o que busca, em sua própria língua, e imagem dirão ao interlocutor o que o cliente deseja, seja produto, serviço ou local.
Já a japonesa Yufuin Chat conseguiu integrar não só idiomas, mas plataformas de comunicação. Por meio de um QR code, usuários do Facebook Messenger, por exemplo, conseguem conversar com pessoas que usam o WeChat, popular na China, ou Line, preferida pelos japoneses. A tradução é simultânea em 104 idiomas.
O caráter disruptivo do 4YFN vem se revelando na sua exigente curadoria – a prova é que grandes temas dos anos anteriores, como Blockchain, meios de pagamento e soluções para drones tiveram destaque apenas pontual este ano. A maioria das startups presentes no evento está em fase de prototipação e busca de financiamento, ou seja, a ideia é a de que seus produtos só estarão disponíveis e integrados no mercado nos próximos, digamos, quatro anos.
Fonte: GoAaD Media – 27/02/2019
Foto: iStock
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