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Aumenta o número de mulheres que abriram o próprio negócio

Recente pesquisa sobre empreendedorismo realizada por uma consultoria internacional ouviu pessoas em 28 países e revelou que 43% dos brasileiros pensam em empreender, sendo que 40% desses planejam fazer isso nos próximos dois anos.

O instituto responsável pela pesquisa também revelou que a nível global, o empreendedorismo não é mais dominado por homens.

Isso por que, em média, dos 26 países pesquisados, o grupo das mulheres teve aumento no percentual dos que já iniciaram um negócio ou que vão iniciar nos próximos 2 anos.

Mulheres no empreendedorismo

mulheres empreendedoras

Nessas estatísticas de empreendedorismo feminino, estão a educadora financeira Aline Soaper; a especialista em auriculoterapia, Lirane Suliano; e a mentora de palestrantes Tathiane Deândhela.

“Eu fui criada no Complexo do Alemão, um dos maiores conjuntos de favelas da Zona Norte do Rio de Janeiro. Meu primeiro negócio começou lá dentro do meu quarto, com uma pequena fábrica de carimbos. Nessa época, eu tinha apenas 17 anos e ainda cursava o ensino médio. Com 18 anos de idade comprei meu primeiro carro usado, sem precisar fazer um financiamento. De lá pra cá, já empreendi em várias áreas, até chegar nas finanças. Quando eu entrei não era tão simples. Ainda era muito difícil encontrar mulheres de sucesso nessa área. Mesmo com a melhora, ainda existe um preconceito em achar que mulheres não entendem do setor como os homens. Hoje, há muitas de nós nessa área e mostrando tanta capacidade quanto os homens. O reflexo está no resultado que nós tivemos na B3, com a marca de 1 milhão de investidoras em 2021″, lembra a educadora financeira Aline Soaper.

O relato de Aline Soaper, sobre o preconceito em achar que mulheres não entendem sobre alguns setores, e por isso podem ter dificuldade em se firmar em determinado ramo de negócio, vem de encontro a outro dado revelado na pesquisa: a percepção de equidade gênero na hora de abrir um negócio.

30 milhões de mulheres empreendedoras no Brasil

Sebrae

No âmbito global, 37% dos entrevistados acreditam que as mulheres são tratadas de forma justa quando tentam iniciar um negócio.

No entanto, essa percepção varia de país para país. Entre os países onde essa visão é menos comum encontra-se o Brasil, com 25%.

O fato é que mulheres deveriam ser tratadas de maneira justa na hora de empreender, isso por que segundo dados de uma pesquisa, de 2020, da Global Entrepreneurship Monitor 2020 (GEM), em parceria com o Sebrae, o Brasil possui um total de aproximadamente 52 milhões de empreendedores, sendo que 30 milhões são mulheres.

Outro fator apontado pela pesquisa realizada pela consultoria internacional é que em nível global, 14% dos entrevistados já iniciaram um negócio próprio mais de uma vez. No Brasil esse percentual é de 28%.

Thatiane

Tathiane Deândhela. Foto: divulgação

Essa situação é o caso da especialista em produtividade e alta performance, e hoje mentora de palestrantes, Tathiane Deândhela.

Ao longo de sua trajetória a goiana já empreendeu em vários seguimentos: no ensino médio e parte da sua faculdade, ia de porta em porta vender bijuterias, semijoias, roupas, chocolates artesanais, e até mesmo colchões para conseguir uma renda extra para sua família.

Largou o empreendedorismo por um tempo, quando depois de muito trabalho na área de vendas de uma faculdade chegou a gerente de vendas nacional.

No entanto, depois de decepções no trabalho formal, decidiu empreender novamente.

“Eu não esperava, principalmente depois de todo o meu desempenho com a empresa, ter que sair. Naquele momento eu entendi que precisava ser dona do meu próprio negócio. Eu investi todo o dinheiro que tinha conquistado na carreira corporativa para dar início a um instituto com foco em palestras e treinamentos in company sobre produtividade e alta performance. O primeiro ano foi péssimo e desgastante. Em paralelo, eu tinha sociedade em uma clínica de estética, que faliu. Tive prejuízo durante todos os meses, porque eu não calculei bem alguns gastos. Foquei em metas erradas. Minha conta bancária estava zerada e ainda tive que vender meu carro e o da minha mãe para pagar dívidas, além de fazer um empréstimo de R$ 100 mil para complementar os furos. Depois daquilo, eu dei um basta. Comecei do zero novamente. Aprendi tudo que tinha sobre marketing digital, e daí pra frente o negócio começou a dar certo”, relembra Deândhela.

Os tipos de negócios iniciados por empreendedores, de acordo com a pesquisa da consultoria internacional, também variam de acordo com o país.

Mas a maior proporção dos negócios é de venda de produtos em lugares físicos, seguido por produtos de venda on-line.

É o caso da especialista em auriculoterapia, Lirane Suliano que em 2018, investiu na mudança das aulas presenciais para aulas on-line de auriculoterapia, e viu o faturamento do seu negócio aumentar.

Em 2020, em plena pandemia, e em 2021, a venda dos cursos online de auriculoterapia também aumentou, segundo Lirane.

“Quando iniciei na auriculoterapia o objetivo era oferecer um tratamento que pudesse ajudar efetivamente os meus pacientes com dores agudas e crônicas. Mas com o tempo e ao desenvolver os cursos online, eu percebi que a técnica também se mostrou como uma carreira promissora e rentável para os meus alunos, que são 93% formados por mulheres. Muitas delas são da área da saúde, como enfermeiras e fisioterapeutas, que buscam ajudar seus pacientes e também ter uma melhor remuneração, ou mesmo uma mudança de carreira – com abertura do seu próprio negócio, e que ao mesmo tempo oferecesse horários mais flexíveis, possibilitando fugir das jornadas exaustivas e ter mais tempo com a família. Muitos alunos perceberam que poderiam cuidar de pessoas, ter uma nova profissão e gerar renda com isso”, finaliza Lirane Suliano.

O relatório completo da pesquisa global pode ser lido aqui.

Foto: iStock

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