Nos últimos anos, a sigla ESG – que se refere a aspectos ambientais (environment), social e de governança (governance) dos negócios, tem ganhado força de forma global, muito por conta da preocupação crescente do mercado financeiro com assuntos relacionados com sustentabilidade.
Nelmara Arbex, da KPMG Brasil. Crédito: divulgação
Segundo dados do relatório da PwC, divulgados no portal do Pacto Global – Rede Brasil, 77% dos investidores institucionais entrevistados disseram que planejam parar de comprar produtos não ESG nos próximos dois anos.
Outro levantamento, feito pela Morningstar e pela Capital Reset, mostra que, no Brasil, fundos ESG captaram R$ 2,5 bilhões em 2020 e mais da metade da captação veio de fundos criados nos últimos 12 meses.
Diante desses números, é fato que esse conceito veio para ficar no ambiente corporativo e, portanto, é hora de se adaptar para que a empresa siga concorrencial.
“A forma de gestão e a estratégia de empresas em relação aos aspectos ESG refletem a habilidade da liderança de navegar no contexto atual dos negócios, onde aspectos sociais, ambientais, éticos e de transparência têm cada vez mais relevância”, constatou a sócia-líder de ESG da KPMG Brasil, Nelmara Arbex, em entrevista ao Portal de Notícias da GS1 Brasil, reforçando que essa deve ser uma cobrança a curto prazo de bancos e acionistas, que têm mudado suas formas de avaliar riscos, incluindo cada vez mais fatores ESG.
“Tudo indica que será uma exigência do mercado e essas mudanças têm acontecido em prazos cada vez menores”, diz.
Alexandre Garcia, da Fecap. Foto: divulgação
Além disso, a pandemia pela Covid-19 trouxe uma reflexão maior dos investidores, que repercutiu nos executivos e está se alastrando pela sociedade.
“Hoje os investidores estão conscientes que os desequilíbrios entre forças da natureza podem causar riscos tremendos para as empresas. Assim, estão considerando essas questões nas análises de riscos”, afirma o pró-reitor da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), Alexandre Garcia.
Também vale reforçar que os critérios ESG estão totalmente relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), da Organização das Nações Unidas (ONU). Os 17 ODSs reúnem os grandes desafios e vulnerabilidades da sociedade como um todo.
A KPMG explica, com exemplos, cada uma das práticas que fazem parte da sigla. Acompanhe:
E para que todos esses valores sejam colocadas em prática, é fundamental que haja envolvimento dos líderes da empresa com essas práticas.
“Os líderes precisam entender a conexão do sucesso do negócio com esses aspectos, além de conhecer os impactos sociais e ambientais. Esse entendimento e conhecimento são os primeiros passos. A partir daí, fica mais fácil perceber quais temas deve-se priorizar, a fim de definir objetivos e metas para mudar ou melhorar sua atuação”, reforça Nelmara.
O conceito de ESG não só pode como deve ser incorporado à realidade de pequenas e médias empresas. “Considerando que as PMEs são, por vezes, fornecedoras de grandes companhias, estas tendem a pressionar os seus parceiros para a adoção de melhores práticas”, enfatiza o pró-reitor da Fecap.
Nelmara também reforça a importância desses requisitos para crescimento no mercado. “O impacto desses temas acontece de forma diferente de grandes negócios, mas todas precisam considerar esses aspectos para o sucesso. Para serem fornecedoras de empresas que possuem esses critérios na sua avaliação, esses pontos são considerados”, diz Nelmara.
Portanto, PMEs que adotam o ESG entre os seus princípios se tornam mais competitivas. “A qualidade da gestão em geral melhora e o acesso aos recursos financeiros e mercado de talentos também pode ser facilitado. Além do que, a reputação do negócio é aprimorada, gerando muitos outros benefícios”, reforça a especialista da KPMG.
As vantagens das empresas que adotam o ESG podem ser inúmeras e em diversas frentes, indo além da competitividade, conforme enumera o especialista da Fecap.
“A empresa pode ter vantagens financeiras, já que acabam obtendo um menor custo de capital. O segundo benefício a longo prazo é que o negócio acaba tendo maior valor de mercado, especialmente aqueles que têm ações em negociáveis bolsa. Afinal, eles acabam sendo bons ativos para investir. Também é importante citar como vantagem a retenção de funcionários, já que empresas com práticas mais sociais têm menos rotatividade; e a fidelização dos clientes, que acabam fazendo escolhas mais sustentáveis”, esclarece Garcia.
Aliás, sobre a fidelização, os consumidores têm exigido cada vez mais respostas e boas práticas às empresas.
“Os clientes estão mais interessados em saber o que as companhias e marcas que eles gostam têm a dizer e o que fazem sobre temas que são importantes para eles, como proteção ambiental, diversidade, igualdade entre homens e mulheres etc. Empresas e marcas que não têm respostas para essas causas podem ter cada vez mais dificuldade de atrair consumidores”, prevê Nelmara.
Fotos: iStock
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