O índice MCC-ENET, desenvolvido pelo Comitê de Métricas da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, indica que o varejo modalidade e-commerce cresceu 73,88% em faturamento em 2020.
Em dezembro, mesmo com lojas físicas abertas, as vendas on-line subiram 53,83% em relação ao mesmo mês no ano anterior, aponta o índice.
Já a consultoria de negócios Boston Consulting Group (BCG), na pesquisa Consumer Sentiment Brasil, indica que, enquanto 60% dos brasileiros esperam diminuir os gastos em 2021.
A influência da jornada digital do consumidor brasileiro é crescente: 69% dos entrevistados mencionaram a influência dos canais digitais em 2020, contra 59% no ano anterior.
Passados mais de 300 dias do início da pandemia no Brasil, nota-se que o aumento do consumo digital deve persistir e varejistas se perguntam como obter sucesso em um 2021, que deve ser marcado por resultados instáveis e constantes lockdowns – o ano do “Abre & Fecha” das cidades, segundo o vice-presidente da Linx Core, unidade de negócios da Linx, Gilsinei Hansen.
Para o especialista, o foco do varejista deve ser o aumento máximo da produtividade e a digitalização assertiva do negócio para o varejo superar 2021.
Além de “uma postura de leão para caçar clientes no físico e no digital, superar as adversidades e fazer cada real investido valer”, diz ele, que enumera as oito estratégias que considera mais importantes.
Com menos fluxo nas lojas, é preciso converter mais vendas proporcionalmente e elevar o ticket médio de cada uma delas.
Nas lojas físicas é possível apostar em boas mecânicas de promoção, bonificação ou cashback para a próxima compra.
Enquanto no e-commerce, se o lojista ultrapassar 150 pedidos on-line por dia, é o momento certo para apostar na integração com o sistema de gestão ERP, pois assim melhora a conversão e rentabilidade da loja on-line, a gestão dos processos do dia a dia e reduz a instabilidade de pagamentos.
O dinheiro tem mudado de formato – “cédulas já quase não existem e o cartão de plástico está se transformando em um QR Code ou link de pagamento”.
Neste cenário, não se pode perder vendas por não aceitar o Pix, por exemplo, ou por não oferecer crédito parcelado.
Tudo precisa estar amarrado nas vendas que passam no sistema de gestão do ponto de venda, garantindo a conciliação correta dos pagamentos.
A taxa de erro no pagamento de operadores de cartão pode comprometer até 3% do faturamento do varejo, segundo dados da Concil.
É recomendável utilizar tecnologias de ponto de venda que façam pagamentos via Transferência Eletrônica de Fundos (TEF), que reduzem essa margem, além de automatizar o processo, aceitar praticamente todas as bandeiras e ainda permitir ao lojista conciliar tudo sem erros e de maneira simples.
Outro ponto sensível são as perdas tributárias provocadas por multas ou tributação indevida por falta de tecnologias que atualizam a parametrização fiscal do sistema de gestão ERP.
Se o varejista tem mais de mil itens cadastrados na loja e não tem essa tecnologia, a chance de as alíquotas de ICMS estarem erradas, por exemplo, é enorme.
Os marketplaces, com seu grande alcance, são ótimos para conquistar clientes novos, mas é preciso complementar a estratégia com um e-commerce próprio.
Um exemplo é o segmento de food service: se o restaurante não tem um aplicativo de delivery próprio, os lucros obtidos nas entregas são engolidos nas comissões dos marketplaces.
O ano de 2020 mostrou como a jornada física influencia a digital e vice-versa.
Por isso, para o varejo superar o 2021, varejistas devem seguir apostando cada vez mais em soluções phygital, que mesclam o mundo on e off, como o omnichannel, e permitem a retirada de produtos em loja física ou o envio do produto da loja mais próxima do destino do comprador.
O vendedor que se limita aos metros quadrados de sua loja já acabou.
É preciso que ele seja empoderado com um sistema de gestão móvel, como com um aplicativo de celular, e com soluções para vender à distância, como um WhatsApp para vendas – em alguns casos, pode-se pensar até na volta do velho atendimento porta a porta.
Uma das tecnologias que prosperaram no isolamento social foram os pagamentos contactless, ou seja, que não precisam de contato, visando evitar a transmissão do vírus e aumentar os casos da doença.
Nesse campo, recomenda-se a adoção do sistema de ponto de venda móvel, ajuste de processos na loja para que tenham uma percepção de segurança e pagamentos por aproximação (NFC), QR Code, Pix ou link de pagamento.
A adequação à LGPD, que impacta as ferramentas de Customer Relationship Management (CRM), são essenciais para atrair consumidores a partir do cadastro e de um contato ativo em campanhas.
É urgente iniciar ações para obter os consentimentos (opt-ins) dos clientes para uso dos dados.
Sem o opt-in, uma simples campanha de WhatsApp fica impossibilitada, por exemplo.
Fotos: Getty Images
Send this to a friend