Como resposta à pandemia da Covid-19, 73% dos CEOs brasileiros entrevistados pela KPMG afirmaram que ganharam uma importância maior os temas relacionados ao comportamento social e às questões de meio ambiente, sustentabilidade e governança, conhecidas pela sigla em inglês ESG (Environmental, Sustentability and Governance). Entre eles, 20% discordam desse movimento enquanto 7% não concordam e nem discordam.
Os dados constam na pesquisa anual intitulada “CEO Outlook 2020” que entrevistou os líderes de oito setores da economia e reuniu questões como impacto do isolamento social nas estratégias de negócios das companhias, perspectivas econômicas, confiança empresarial, reputação, propósito, diversidade e futuro do trabalho.
Ainda sobre sustentabilidade, 60% dos CEOs afirmaram que querem garantir os ganhos em mudanças climáticas que foram obtidos como resultados da crise, sendo que outros 7% não pretendem fazer isso e 33% não concordam e nem discordam.
“Na percepção dos CEOs, as mudanças climáticas têm um peso muito grande no cenário atual e funcionários e clientes esperam que sejam tomadas medidas capazes de prevenir ou contornar esses problemas. Além disso, os consumidores mais jovens têm cobrado novos padrões de sustentabilidade das empresas”, analisa o presidente da KPMG no Brasil e na América do Sul, Charles Krieck.
Já no que diz respeito ao impacto da pandemia no processo de transformação digital da empresa que preside, 80% dos entrevistados apontaram que esse movimento foi acelerado, em alguns meses, pela criação de um novo modelo em que a mão de obra dos trabalhadores é ampliada pela automação e inteligência artificial. Já para outros 13% esse progresso foi o mesmo antes da pandemia e para 7% esse movimento foi acelerado de forma relevante, colocando a empresa anos à frente do progresso esperado.
Quando questionados sobre a digitalização da operação e da criação de novos modelos de negócios, para 40% esse processo foi acelerado; para 27%, ele foi além do que esperava; para 20%, ele se manteve estável; e para 13% houve um atraso.
No que se refere à criação de novo modelo digital de negócios, 40% deles relataram que esse processo foi acelerado por uma questão de meses; para 27%, a empresa superou o progresso esperado; o mesmo percentual disse que o progresso se manteve igual ao período antes da pandemia e 7% deles tiveram algum tipo de atraso.
“Além das questões usuais como cadeia de suprimentos, retenção de talentos, fatores operacionais e regulatórias, os CEOs das grandes empresas brasileiras tiveram um início de ano atípico com novos desafios provocados pelo isolamento social por causa da covid-19. Nesse cenário complexo, a pesquisa mostrou que duas questões ganharam destaques na agenda desses executivos: a transformação digital e a fundamental discussão em torno das questões de ESG”, afirma Krieck.
Pensando nos principais objetivos estratégicos das empresas brasileiras ao responder à crise e se preparar para a nova realidade, 53% disseram que estão alocando a maior parte dos investimentos na compra de tecnologia e temas de inovação enquanto que outros 47% afirmaram que estão direcionando mais investimentos para a força de trabalho e desenvolvimento de habilidades e capacidades.
No que diz respeito à confiança e reputação, 80% concordam em usar os propósitos corporativos para ajudar a impulsionar as ações necessárias para os stakeholders e apenas 20% não concordam. Além disso, a maioria deles disse que concorda que o propósito da empresa ter uma estrutura clara para a tomada de decisão rápida e eficaz relacionada à covid-19. enquanto 20% deles não concordaram com essa afirmação e 13% não concordam e nem discordam. Quando questionados se será necessário reavaliar os propósitos da empresa frente aos resultados da covid-19 para melhor endereçar as necessidades dos stakeholders, a resposta foi quase unânime: 47% concordam fortemente, 47% concordam e 7% não concordam e nem discordam.
Os CEOS ainda foram perguntados se a experiência pessoal deles com a covid-19 teve um impacto na estratégia utilizada para enfrentar os desafios de negócios trazidos pela pandemia. Para 44%, houve algum impacto e foram feitas algumas mudanças na estratégia empresarial por causa da experiência pessoal; para 33% deles, foi registrado um pequeno impacto porque a experiência fez eles terem mais atenção aos aspectos humanos da pandemia; para 11%, a experiência pessoal deles impactou a estratégia e para outros 11% não houve impacto na forma como os negócios foram endereçados.
CEO Outlook é uma pesquisa global da KPMG. A edição de 2020 foi realizada nos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Índia, Japão, Canadá, França, China, Austrália, Itália, Espanha e Brasil. Entre janeiro e fevereiro de 2020, antes que o mundo começasse a sentir o real impacto da crise provocada pela pandemia, a KPMG entrevistou 1.300 CEOs das principais economias do mundo, 50 CEOs brasileiros e 270 CEOs da América do Sul para entender as principais preocupações, prioridades, desafios e expectativas com relação à economia e negócios.
Em função da pandemia, a pesquisa ganhou um capítulo dedicado ao impacto do isolamento provocada pela Covid-19 nos negócios. Entre julho e agosto, foram entrevistados mais 315 CEOs globais, 15 brasileiros e 80 sul-americanos para entender como os pontos de vista desses executivos mudaram durante a crise.
Foto: Getty Images
Send this to a friend