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PMEs podem e devem se aproximar da agenda ESG

Em 2021, em comparação com 2020, aumentaram em mais de 150% as buscas por brasileiros no Google pelo termo “ESG”, sigla que, em português, também é buscada como “ASG”, que refere-se a temas Ambientais, Sociais e de Governança.

Tudo isso comprova que os consumidores tornara-se ainda mais engajados, conscientes e críticos com relação às suas decisões de consumo e que há um movimento também das empresas buscarem mais informações sobre o tema.

Segundo dados do relatório da PwC, divulgados no portal do Pacto Global – Rede Brasil, 77% dos investidores institucionais entrevistados disseram que planejam parar de comprar produtos não ESG nos próximos dois anos.

Outro levantamento, feito pela Morningstar e pela Capital Reset, mostra que, no Brasil, fundos ESG captaram R$ 2,5 bilhões em 2020 e mais da metade da captação veio de fundos criados nos últimos 12 meses.

Diante desses números, é fato que esse conceito veio para ficar no ambiente corporativo e, portanto, é hora de se adaptar para que a empresa tenha perenidade e sustentabilidade.

marketing de propósito

Marcus Nakagawa da ESPM. Crédito: divulgação

“Cada dia mais o ESG é uma realidade dentro das empresas e tem que ser um tema discutido e implementado internamente nos diversos departamentos. Entretanto, ainda existe uma longa jornada a ser trilhada, com muito investimento e, principalmente, a mudança de mindset da alta gestão de que o tema é transversal e é a nova forma de gestão empresarial. E não somente alguns indicadores a mais para gerenciar ou um departamento a ser criado ou, ainda, um projeto bacana para ganhar visibilidade”, analisa o coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental (CEDS), Markus Nakagawa, em entrevista ao Portal de Notícias da GS1 Brasil.

Nelmara Arbex, da KPMG Brasil. Crédito: divulgação

“Além disso, o ESG deve ser uma cobrança a curto prazo de bancos e acionistas, que têm mudado suas formas de avaliar riscos, incluindo cada vez mais fatores ESG.Tudo indica que será uma exigência do mercado e essas mudanças têm acontecido em prazos cada vez menores”, disse a sócia-líder de ESG da KPMG Brasil, Nelmara Arbex.

“Hoje os investidores estão conscientes que os desequilíbrios entre forças da natureza podem causar riscos tremendos para as empresas. Assim, estão considerando essas questões nas análises de riscos”, afirma o pró-reitor da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), Alexandre Garcia.

Também vale reforçar que os critérios ESG estão totalmente relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), da Organização das Nações Unidas (ONU). Os 17 ODSs reúnem os grandes desafios e vulnerabilidades da sociedade como um todo.

O que é o ESG?

Rafael Bicca fala sobre ESG

Rafael Bicca Machado da Carvalho, Machado e Timm Advogados (CMT)

Esses três temas (meio ambiente, social e governança), individualmente, não são novos. A preocupação com o meio ambiente, por exemplo, acontece há muito anos, ganhando força no Brasil na década de 90, com a conferência Rio-92.

O mesmo acontece com os temas responsabilidade social e governança, já tratados há longa data no País e no mundo.

Mas a partir de 2020, grandes fundos de investimento começaram a declarar que esses temas, até então soltos e espalhados, fariam parte da realidade dos negócios.

“A BlackRock, uma das maiores gestoras de investimentos do mundo, anunciou que só iria investir em empresas que atuassem com esse conceito. Isso foi um elemento novo. Porque até então, tudo aquilo que ainda era tratado como se estivesse apenas no campo da ética, passou a ter também uma métrica financeira. Por isso, nos últimos dois anos ouvimos falar tanto em ESG”, explica o advogado sócio na Carvalho, Machado e Timm Advogados (CMT) e líder de ESG no escritório, Rafael Bicca Machado (fotos).

Desafios do ESG para as PMEs

Carla Capoleti do Sebrae-SP. Foto: Patrícia Cruz/A2FOTOGRAFIA.

Mesmo com a realidade, para a consultora do Sebrae-SP, Carla Capoleti, muitos empresários não conseguem identificar a abrangência e as oportunidades de ganhos para o seu negócio.

“Acreditam que implantar a sustentabilidade é para grande empresa, custa caro e é trabalhoso. Alguns, já praticam a gestão sustentável, porém não conseguem identificar quais são os pilares atingidos, adequar e manter as práticas sustentáveis na empresa e demonstrar aos colaboradores, comunidades, consumidores e parceiros as ações implantadas e seus resultados.”,  detalha Carla.

Os três maiores desafios para iniciar o processo de acordo com ela são:

1 –  Pouco conhecimento sobre as práticas sustentáveis;

2 –  Falta de apoio e cobrança, por parte da gestão pública;

3 – Falta de conhecimento sobre a parte operacional, ou seja, como colocar práticas sustentáveis em funcionamento, na empresa.

Mas como as PMEs podem e devem se aproximar do ESG?

1 – Comece

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De acordo com a especialista do Sebrae é possível iniciar com um plano básico de práticas sustentáveis com ações de baixo investimento, menor nível técnico para implantação e que ofereçam impactos social e ambiental positivos em um curto período de tempo.

Confira as dicas práticas da especialista:

– Elabore um plano com práticas sustentáveis factíveis (ex.: Gestão da Água, Gestão de Resíduos, Gestão de Energia, Gestão de Pessoas, etc);

– Melhore a relação com os colaboradores;

– Envolva a comunidade do entorno e escolas;

– Convide parceiros: Prefeitura; Cooperativas; Sindicatos; Sebrae; etc

– Monitore constantemente os resultados alcançados.

2 – Identifique as oportunidades e parcerias

“Avalie aquilo que se perde por não agir, e as oportunidades que se tem ao engajar no tema da sustentabilidade, fazendo uma análise interna da empresa e externa do mercado”, diz o especialista em Sustentabilidade na IHM, empresa do Grupo Stefanini, Matheus Medeiros.

Segundo ele, uma vez reconhecido o cenário que se encontra, o segundo passo seria desenvolver plano de ações, que deve indicar quem são os possíveis financiadores e se existe a possibilidade de fazer parcerias estratégicas para o negócio em função de cada necessidade.

3 – Tenha estratégia e envolva a empresa

Ismael Fischer da Bibi. Crédito: divulgação

Para a construção de uma boa estratégia e  atrair bons parceiros, a dica é tornar a cultura da sustentabilidade um fator sistêmico na empresa, em que não fique sob responsabilidade de um departamento ou pessoa, e sim que faça parte de todo o processo da organização, permeando entre os mais diversos departamentos. Desse modo, várias conexões e projetos se desenvolverão envolvendo todos os stakeholders.”, disse o gerente de suprimentos e Sustentabilidade da Bibi, Ismael Fischer.

Segundo ele, é necessário entender claramente onde pode gerar impacto. Vale revistar os ODS (objetivos de desenvolvimento sustentável) da ONU e avaliar onde se deseja gerar impacto. A partir de um foco claro, abrir espaço para que todas as pessoas possam construir e sugerir mudanças.

“Só se constrói empresas sustentáveis se todos estiverem envolvidos.”, completa Eliezer.

4 – ESG deve ser o centro do negócio

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A empresa primeiramente precisa alinhar os seus valores, missão e visão aos temas ligados à sustentabilidade.

Após atrelar à sua estratégia, é necessário buscar desenvolver programas, projetos e ações para trazer da “fala” para a ação. Aí sim, com os indicadores e comprovações destas ações pode-se usar o marketing a favor delas.

Markus Nakagawa, diz que o maior erro que as empresas cometem é mentir, criar fake news ou ludibriar o consumidor.

“É necessário que a empresa tenha uma verdadeira transparência na relação com todos os seus públicos de relacionamento, os stakeholders. Ou seja, que comece com uma boa comunicação e educação para a sustentabilidade com o seu público interno, e que prolongue esta comunicação com os fornecedores, acionistas, distribuidores, ONGs, governos, enfim com toda a sociedade em geral. Muitas vezes a empresa quer aparecer sustentável para o consumidor e com os outros stakeholders isso não acontece de fato. É necessário falar e fazer, em inglês, o chamado Walk the Talk”, exemplifica.

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Foto: iStock

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