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Por que usar vídeos curtos no marketing digital?

O aplicativo de mídia TikTok, com vídeos curtos, é uma febre mundial. Em setembro de 2021, atingiu a marca de 1 bilhão de usuários mensais. Seu crescimento vertiginoso – 45% desde julho de 2020 – fez com que plataformas mais consagradas como Instagram e YouTube trilhassem caminho parecido, criando produtos, como Reels e o Shorts, respectivamente, que permitem a realização e o compartilhamento de vídeos curtos.

Esses recursos simulam as mesmas características do algoritmo criado pelo Tik Tok para detectar interesse no conteúdo e sugerir um vídeo semelhante em sequência.

De acordo com a mestre em Neuromarketing, especialista em mídias sociais e fundadora da Like Marketing, Rejane Toigo, em nenhum momento da história das redes sociais um formato de conteúdo esteve simultaneamente popular nas três maiores plataformas mundiais.

Tamanha popularidade dos vídeos curtos não deve ser ignorada por empresas na hora de divulgarem seus produtos e marcas nas redes sociais.

Segundo Rejane, a explicação para o sucesso dos vídeos curtos reside nos seus conteúdos, que costumam ser de mais fácil assimilação e interpretação pelo cérebro. “Este tipo de conteúdo é neurocompatível, ou seja, é capaz de acionar neurotransmissores específicos que desencadeiam uma cascata de sensações no indivíduo, o que o torna praticamente irresistível ao cérebro”, explica.

Entenda o sucesso dos vídeos curtos

A primeira característica dos vídeos curtos que fazem com que sejam neurocompatíveis é que eles são fluídos e rápidos, contando histórias em “looping”, muitas vezes utilizando elementos de memória preexistente do usuário, como áudios de personagens consagrados da TV ou cinema, músicas em alta ou sátiras da atualidade.

Conforme a mestre em Neuromarketing, isso faz com que a aderência ou rejeição do cérebro ao conteúdo seja feita em milésimos de segundo, acionando o sistema 1 descrito pelo psicólogo Daniel Kahneman em sua aclamada obra “Rápido e Devagar”.

Segundo Kahneman, o cérebro humano pode ser dividido em dois sistemas operacionais: rápido (sistema 1) e devagar (sistema 2). Para funções cotidianas utilizaríamos o sistema 1 e para tarefas complexas empregaríamos o sistema 2.

De acordo com a especialista em mídias sociais, o fato de serem metafóricos também torna mais acessível sua compreensão.

“Dessa forma, conseguem revelar conceitos complexos e mensagens importantes rapidamente, fazendo com que sejam processadas pelo sistema 1”, ressalta. Ainda segundo a fundadora da Like Marketing, as mesmas metáforas, realizadas por meio de palavras, seriam compreendidas apenas pelo sistema 2.

Os vídeos curtos também são neurocompatíveis porque promovem o acionamento instantâneo dos neurônios-espelho, estrutura especializada localizada no córtex pré-frontal e que gera o incontrolável reflexo da imitação. Ele ativa as regiões motoras do cérebro, mesmo sem que as pessoas estejam se movimentando.

“Bocejamos quando alguém ao nosso lado boceja por causa desse mecanismo cerebral e também sentimos desejo dançar quando assistimos a uma dancinha no Reels ou Tik Tok por conta dele”, diz Rejane.

Sensação de bem-estar

Outra característica que faz com que vídeos sejam neurocompatíveis é que normalmente eles são divertidos e engraçados. “Gargalhadas estimulam a produção de serotonina, neuroregulador responsável pela sensação de bem-estar e são capazes de alterar a produção de cortisol e adrenalina, hormônios responsáveis pelo estado de estresse”, explica a fundadora da Like Marketing.

A sensação de bem-estar ocasionada pelo conteúdo impele as pessoas a compartilhar os vídeos com amigos e conhecidos. “Ao fazermos isso, simulamos em nossa mente que estamos rindo com eles, o que potencializa a sensação de bem-estar”, diz. Segundo Rejane, estudos sobre o efeito coletivo do riso já concluíram que o ser humano tem a capacidade de rir até 30 vezes mais quando está acompanhado.

“Isso provavelmente explica porque conteúdos humorísticos são os mais compartilhados nas redes sociais, proporcionando maior alcance e visibilidade aos formatos de vídeos curtos”, declara.

Para a especialista em mídias sociais, já passou do momento de as empresas e os produtores de conteúdo voltado ao marketing digital deixarem de lado o preconceito com o vídeos curtos, compreendendo de uma vez por todas que Reels, Tik tok e Shorts não são sobre “dancinhas”.

“Eles promovem conteúdo rápido, metafórico, dinâmico e com ritmo que agrada muito ao cérebro, portanto, são uma excelente oportunidade de conexão com os usuários para conquistar novos fãs e clientes”, conclui.

Foto: iStock

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