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Entrevista: qualidade de dados é fundamental no varejo

A qualidade de dados é uma ciência que pode nortear a tomada de decisões importantes em um negócio.

Ela consiste em analisar informações de maneira otimizada e favorável à geração de insights que as orientam a tomarem decisões mais assertivas.

Em contrapartida, 87% das empresas ainda têm baixa maturidade no uso da inteligência de dados, de acordo com a Gartner.

Kelly Carvalho, da Fecomércio. Crédito: divulgação

Para falar sobre o assunto inteligência de dados, o Portal de Notícias da GS1 Brasil convidou para uma entrevista a Kelly Carvalho, assessora econômica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) Confira!

1. Por que o varejo precisa estar mais orientado à dados?

As empresas que tomam decisões baseadas em dados têm maiores chance de sucesso, traçando estratégias mais assertivas.

A análise de dados pode ajudar as empresas a se manterem à frente das tendências do mercado, ainda mais diante de um cenário de retomada da atividade econômica.

Deve-se levar em conta que a pandemia mudou de forma significativa o ambiente empresarial, sobretudo no que diz respeito aos hábitos de compra dos consumidores e à integração dos canais de vendas online e offline.

A experiência de compra do consumidor passou a exercer um papel fundamental para a competitividade do negócio.

loja do varejo com conceito de inteligencia artificialAssim, não basta mais o varejista traçar estratégias baseadas em suposições ou percepções.

É preciso utilizar dados para entender o comportamento do consumidor, aperfeiçoar o conhecimento e o posicionamento da marca no mercado e tomar melhores decisões, construindo hipóteses de longo prazo mais confiáveis, inclusive no que diz respeito aos concorrentes.

No entanto, não basta apenas ter os dados da empresa sozinhos, emitidos por meio de relatórios.

É preciso que se realize uma análise sistemática destas informações, utilizando-se, inclusive, de indicadores econômico-financeiros para análise da viabilidade do negócio.

Além disso, é importante o acompanhamento constante dos indicadores econômicos, que têm impacto direto na atividade empresarial e na decisão de consumo, tais como inflação, juros, crédito, endividamento das famílias, entre outros.

2. O uso da inteligência de dados é indispensável para qualquer empresa?

O uso da inteligência de dados é indispensável para qualquer empresa, como forma de aumentar a competitividade.

O processo contempla a coleta, a organização e a análise de informações, geralmente por meio de softwares de automação, que integram diversos processos da empresa e auxiliam na tomada de decisões de forma estratégica.

Atualmente, o CRM e o ERP são os softwares mais utilizados na emissão de relatórios para a análise de dados empresariais.

O mercado está cada vez mais concorrencial, e tomar decisões baseadas apenas no “achismo” pode levar ao fracasso do negócio.

É preciso ter dados precisos e saber analisá-los para evitar prejuízos e traçar estratégias mais assertivas, inclusive para a retenção de consumidores.

A tomada de decisões baseada em dados diminui a incidência de erros, reduzindo custos e perda de tempo.

Como forma de otimizar os processos, o quanto antes a empresa adotar a transformação digital, melhores serão os resultados.

Além dos softwares de gestão, há diversas outras formas para coletar informações na projeção de cenários, na análise de possibilidades e nas demais ações que tornam o negócio mais competitivo.

hiperautomaçãoAlém do uso de Inteligência Artificial (IA) e Big Data, por exemplo, a empresa pode ter uma cultura baseada em dados coletando informações em outras fontes – por exemplo, pelas redes sociais e pelos demais canais da internet.

Os consumidores deixam suas percepções no ambiente digital.

Saber utilizar essas informações é importante para que a empresa adote estratégias de vendas baseadas no perfil do cliente, inclusive conseguindo captar percepções referentes aos concorrentes.

Outro ponto a ser considerado é o investimento em uma pesquisa de mercado para testar, por exemplo, a comercialização de um novo produto, a percepção sobre a empresa, as tendências de consumo, entre outros aspectos.

Com base nas informações coletadas, a empresa pode analisar estratégias mais adequadas para melhorar a experiência de compra no estabelecimento físico e nos canais digitais, mapeando o perfil do consumidor.

Fontes de dados secundários também são importantes, já que a empresa pode fazer um comparativo dos dados do negócio com o que está acontecendo no mercado e, com isso, adotar estratégias mais adequadas.

3. Por que esse recurso demora a chegar ao cotidiano das empresas, principalmente nas pequenas e médias empresas (PMEs)?

As pequenas e médias empresas foram praticamente obrigadas a passar por uma verdadeira transformação digital durante a pandemia.

Até então, as pequenas empresas tomavam suas decisões a partir de experiências anteriores, não estudando a fundo os mercados consumidor e concorrencial, além dos fornecedores.

A diversificação dos canais de vendas por intermédio de uma plataforma digital foi fundamental para a sobrevivência dos negócios e a mudança na forma de condução das atividades. Esta é uma tendência que veio para ficar.

Neste contexto, a integração entre os canais físicos e digitais se farão cada vez mais presentes no mercado, melhorando a experiência de compra do consumidor.

O investimento em softwares de gestão empresarial pelos pequenos negócios vem sendo fundamental para alavancar a atividade, ainda mais quando se fala em integração de canais de vendas online e offline, que requer atenção ainda maior no que diz respeito a estoques e estratégias de vendas.

Outro ponto a ser considerado é que, com a implantação de ferramentas de gestão, há otimização do tempo e redução das chances de erros.

O uso da inteligência de dados combinado aos indicadores de desempenho para os pequenos negócios é fundamental para que as empresas possam tomar decisões mais assertivas diante desta nova realidade de mercado, que, por sua vez, se tornou ainda mais dinâmico e requer respostas e ações cada vez mais rápidas.

Neste contexto, não considerar o uso de dados para traçar estratégias ao negócio pode ser prejudicial para a continuidade da empresa. A partir da captação, da análise e da separação de dados, são gerados relatórios que apontam as ações que devem ser tomadas de acordo com os movimentos do mercado. Como resultado, a empresa conhecerá profundamente consumidores e concorrentes e poderá criar ações que aumentarão a competitividade.

Além disso, com a integração dos canais de vendas físico e digital, o uso de ferramentas que otimizem a geração de dados é fundamental, inclusive para controle de estoque, logística e adoção de estratégias de vendas para atrair o consumidor, como a criação de cartões de fidelidade ou a adoção de políticas de cashback.

4. Quais os benefícios da utilização qualidade de dados no varejo?

radar-empresarial

O setor varejista é um dos mais competitivos.

Tomadas de decisões tradicionais, como histórico de vendas e intuição, não são mais suficientes, ainda mais diante da atual dinâmica do mundo dos negócios.

Hoje, os varejistas contam com dados atualizados, métricas e fatos sólidos para a tomada de decisões.

A coleta de dados é importante, mas sozinha não faz sentido, devendo vir acompanhada de uma análise para mudar e otimizar as rotinas da operação e do dia a dia dos varejistas, os quais, muitas vezes, dispõem de relatórios com indicadores – como cobertura de estoque e porcentual de ruptura e perdas –, mas não usam os dados para a tomada de decisões diárias, por exemplo, a necessidade de girar o estoque ou investir em ações que possam reter os clientes.

O ambiente de negócios mudou, principalmente para o varejo.

O comércio varejista vem acompanhando esta tendência, baseando a tomada de decisões em dados e indicadores. Por meio de uma análise mais detalhada de dados, o próprio modelo de negócios passa por adaptações para melhorar a experiência de compra do cliente.

5. Em um cenário dinâmico e com mudanças rápidas, como o atual, tomar decisões baseadas em dados é a única maneira de adotar estratégias eficientes e estar à frente dos concorrentes?

Diante de um cenário cada vez mais dinâmico no ambiente de negócios, com a integração dos canais físicos e digitais, a tomada de decisões baseada em dados é crucial para que a empresa se mantenha competitiva.

No entanto, como mencionado anteriormente, não basta apenas ter os dados.

É preciso que, com a integração de sistemas, seja possível analisar os resultados para que se seja possível adotar estratégias de vendas eficientes, tornando-se competitiva.

A empresa deve se utilizar de indicadores financeiros para a tomada de decisões, mensurando e acompanhando o progresso do negócio em relação a objetivos específicos, como a realização de investimentos ou o corte de gastos.

Assim, os acompanhamentos sistemáticos do fluxo de caixa, da taxa de retorno do investimento, do fluxo de estoque, entre outros, são indicadores fundamentais para que a empresa possa analisar a viabilidade do negócio e traçar estratégias para melhorar a experiência de compra do cliente diante da concorrência acirrada.

Com base nos dados e nos indicadores econômico-financeiros, a empresa poderá identificar eventuais problemas, realizando um profundo diagnóstico e listando eventuais soluções.

Estar à frente dos concorrentes pode envolver uma solução que foi identificada com base no diagnóstico realizado em relatórios.

Com a digitalização dos negócios, o consumidor pode escolher pesquisar um determinado produto em uma plataforma online e comprar no estabelecimento físico; pode comprar no comércio eletrônico e retirar na loja física; e, ainda, ir até a loja física e conhecer o produto, mas comprar online.

Toda esta trajetória requer que a empresa invista em ações para atrair o consumidor, proporcionando bom atendimento e condições diferenciadas.

Contudo, para entender as alternativas possíveis para não sair no prejuízo, é preciso tomar decisões baseadas em dados e indicadores.

Foto: iStock

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