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Qualidade de dados é estratégica no setor de alimentos

Nos cinco primeiros meses de 2021, a indústria de alimentos manteve a trajetória de gradual retomada de atividade, movimento iniciado no segundo semestre do ano anterior, segundo análise da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia).

Entre janeiro e maio deste ano, a entidade pontua que as vendas reais do setor (mercados interno e externo) apresentarem expansão de 2,1% e a produção física (base volume) de 2,5%, comparativamente ao mesmo período do ano anterior.

O desempenho acumulado nos últimos 12 meses, até o mês de maio, ficou próximo ao do fechamento de 2020: as vendas reais apresentaram alta de 3,9% e a produção física (em volume), de 1,7%.

“Este desempenho foi influenciado pela lenta retomada das vendas do canal food service (alimentação fora de casa), diante das restrições à circulação de pessoas e aos horários de funcionamento dos estabelecimentos e uma acomodação nas vendas do varejo alimentar”, analisa o presidente da Abia, João Dornellas.

Contudo, apesar do crescimento ainda tímido, se manter em alta nesse cenário, por si só, já comprova a força do setor.

“Independentemente da situação brasileira ou mundial, os alimentos e bebidas são insumos indispensáveis para a vida. Apesar do impacto negativo que a pandemia trouxe para diversos setores econômico-produtivos, o setor alimentício se superou e cresceu no ano de 2020. Prospecções mostram aumento para o ano de 2021”, disse, em entrevista ao Portal de Notícias da GS1 Brasil, o coordenador dos cursos de graduação em Tecnologia de Alimentos e Engenharia de Alimentos da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), Prof. Dr. Maurício Bonatto de Castilhos.

Qualidade de dados no setor de alimentos

gestão de dados variáveis

A análise de dados é uma ciência que pode nortear a tomada de decisões importantes em um negócio/empresa.

Dependendo do comportamento dos dados, é possível gerenciar ações corretivas e preventivas em um processo produtivo, tanto no que se refere ao controle de qualidade quanto ao volume de produção, pontua o Prof. Dr. Castilhos.

“Na indústria de alimentos, o setor de controle e garantia de qualidade sempre traz dados importantes para otimizar o processo produtivo e minimizar gaps do processo, como retrabalhos e produção de unidades não conformes. Todo esse controle é essencial para que os produtos sejam elaborados com segurança e com a qualidade necessária, respeitando as exigências preconizadas pela legislação e os parâmetros de qualidade impostos pela própria indústria”, afirma.

Na análise do professor de TI da Universidade São Judas, Unidade Mooca, Iguatinã de Melo, tanto a qualidade como a segurança de dados representam uma parcela importante para o crescimento e o avanço de qualquer segmento do mercado, pois a massificação do uso de aplicativos faz com que as brechas em termos de segurança tornem-se mais significativas.

“A qualidade de dados impacta diretamente no setor de garantia de qualidade do setor alimentício, uma vez que hoje se tem um consumidor muito mais atento e exigente com o produto consumido, e o setor também tem a necessidade de melhoria do processo produtivo, com diminuição de perdas, aumento da produtividade e rapidez na distribuição”, destaca.

Com o aumento das atividades do e-commerce registradas na pandemia, o tema ganha ainda mais relevância.

“O aumento da importância do e-commerce, tornando o canal ainda mais massificado, exigem uma reinvenção constante para todos os setores envolvidos no setor de alimentos, tornando o mapeamento dos processos, o conhecimento do mercado, o investimento no desenvolvimento dos aplicativos e o foco no cliente ainda mais importantes”, conclui o Prof. Melo.

E quando os consumidores ficam receosos devido a algum acontecimento expressivo, como a pandemia, os olhares para a qualidade dos produtos aumentam e ficam mais criteriosos. “É um mecanismo natural de defesa, pois até de forma inconsciente, os consumidores querem alimentos de qualidade para enfrentar um cenário de incertezas”, diz o Prof. Dr. Castilhos.

Apesar dessa importância, nem todas as empresas que produzem alimentos investem no setor de ciência de dados, muitas vezes pensando ser um investimento que não trará benefícios a curto prazo. Mas ele faz um alerta.

“Enganam-se aqueles que pensam dessa forma. O viés científico e estatístico que os dados trazem, quando bem analisados e planejados, embasam as tomadas de decisão de uma forma forte e consolidada, trazendo benefícios significativos para a qualidade dos produtos e, por conseguinte, para o balanço econômico da empresa”, finaliza o especialista da UEMG.

Sem qualidade de dados no setor de alimentos, podem existir prejuízos…

1. Nos negócios entre os envolvidos no setor: em um mercado cada vez mais competitivo, que exige agilidade e organização dos processos, objetivando a saúde financeira do negócio, a falta de qualidade e gerenciamento dos dados se tornam impeditivos para o crescimento, na organização e na saúde financeira das empresas ligadas ao setor.

“O conhecimento do mercado e a necessidade de inovação constantes fazem com que o gerenciamento de dados seja crucial para o sucesso em um mercado tão competitivo”, aponta o Prof. Melo.

Na segurança e qualidade dos produtos finais: qualidade de dados e informação refletem, diretamente, na qualidade do produto final de qualquer setor.

“Se não houver planejamento, coleta e análise de dados de amostras representativas dos lotes produzidos, a empresa corre o risco de ser autuada por produzir alimentos que não atendem aos pré-requisitos preconizados pela legislação ou pelo registro do produto nos órgãos governamentais”, adverte o especialista da UEMG.

Para os consumidores de alimentos: se não houver controle e garantia da qualidade mediante a coleta de dados e geração de laudos de expedição, os produtos finais podem apresentar avarias significativas. “Isso pode acarretar problemas de recall (quando o produto for rastreado) ou culminar com problemas mais graves, como casos de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs)”, sintetiza o Prof. Dr. Castilhos.

No atendimento da legislação: dados referentes ao produto final também são importantes, principalmente aqueles que devem ser comparados com a legislação ou com o registro do produto no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) ou na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), dois órgãos que regulamentam a questão alimentícia no Brasil.

“Estes dados do produto final devem contemplar os requisitos dos padrões de identidade e qualidade do produto, garantindo a segurança para o consumidor”, finaliza o Prof. Dr. Castilhos.

Foto: iStock

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