Empreender em 2021 está na lista de desejos de muitos brasileiros. Para se ter uma ideia, segundo levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2020, o Brasil encerrou outubro com 13,8 milhões de desempregados, cerca de 3,6 milhões a mais do que o registrado em maio, o que corresponde a uma alta de 35,9% no período.
Por outro lado, diante do desemprego, boa parte da população tentou virar o jogo por meio de um negócio próprio. Números revelados pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostram que foram criados 1,47 milhão de Microeemprendedores Individuais (MEIs) de janeiro a setembro de 2020 – um recorde desde o surgimento da categoria em 2009.
“Com a crise, veio também a possibilidade de se reinventar. Quem já pensava em abrir um negócio, finalmente tomou a decisão de dar o pontapé inicial. E quem se viu desempregado ou perdeu parte da renda, também embarcou no empreendedorismo como forma de não ficar para trás”, analisa o palestrante, escritor e professor para turmas de MBA na Fundação Dom Cabral, Uranio Bonoldi.
Entretanto, é preciso ter atenção aos riscos. Em entrevista ao Portal de Notícias da GS1 Brasil, o coordenador acadêmico dos cursos de Administração, Gestão de TI e Marketing Digital do Centro Universitário FIAP, prof. Cláudio Carvajal, o empreendedorismo de sobrevivência pode ter algumas desvantagens, como a ausência de propósito ou até mesmo de afinidade do empreendedor pelo novo negócio.
“Isso aumenta o risco, mas ainda assim é uma saída para muitos brasileiros que precisam buscar alternativas para trabalhar”, diz.
Para empreender, é fundamental que haja preparação prévia para iniciar essa jornada. A experiência profissional anterior pode ajudar, mas as habilidades e as competências que o empreendedor precisa são bastante diferentes. Por isso, é importante buscar uma capacitação.
“O desenvolvimento de competências empreendedoras leva tempo, mas existem cursos e conteúdos disponíveis que podem ajudar as pessoas a obter conhecimentos em visão de futuro, ideação de novos negócios, design thinking, planejamento, gestão, finanças, marketing, tecnologia, entre outros”, enumera o prof. Carvajal.
Aliás, uma das competências cada vez mais importante para criação de novos negócios é a habilidade de inovar, em especial utilizando tecnologia.
“Negócios criativos e inovadores têm maiores chances de obter sucesso no mercado, porque possuem diferenciação. No mundo digital, é importante desenvolver habilidades e competências tecnológicas”, opina.
Planejar e colocar um negócio em prática exige muita disciplina e determinação. Neste cenário, o CEO do banco digital Linker, David Mourão, fornece algumas dicas para não cair em armadilhas. Acompanhe:
Muitas vezes, no início da jornada, o empreendedor não tem um salário, ou recebe muito abaixo do que está acostumado. Nesse sentido, é necessário planejamento para estar preparado para suportar este período, até o negócio se consolidar no mercado.
Para tanto, a dica é ter uma agenda com todas as atividades que o empreendedor deve realizar durante o dia e dividir o tempo que irá gastar com cada uma. Assim, será possível otimizar o trabalho, dar mais atenção para assuntos que sejam prioridade e, de quebra, estar preparado para lidar com imprevistos que possam aparecer durante o dia.
Somar forças é essencial no empreendedorismo. É necessário, assim, conhecer outros empreendedores do mesmo ramo, tendo a mentalidade de cooperação. Assim, será possível entender as “dores” e dificuldades que possam acontecer, compartilhar dúvidas, conhecer fornecedores confiáveis e contar com o apoio dessa rede de contatos, principalmente no início.
É importante sempre realizar um benchmarking semestral para entender o que a concorrência está, quais novidades estão apresentando e, principalmente, quais resultados têm conseguido com essa estratégia. Essa análise é crucial para guiar a estratégia da equipe e otimizar as práticas e processos da empresa.
Nem sempre as ideias do empreendedor serão o melhor para a empresa. Portanto, se desapegar delas e aceitar ideias novas e diferentes é importante para todas as áreas do empreendedorismo.
É crucial que o empreendedor se aprofunde em todas as pontas da área de atuação e esteja sempre atualizado sobre as tendências do mercado. Dessa forma, vale pesquisar, acompanhar e estar em dia com os movimentos que podem impactar a empresa; como também estar atento às oportunidades e ameaças do negócio.
Quando um colaborador pede demissão, e o empreendedor precisa pagar todos os direitos, é preciso estar minimamente preparado. Assim, será possível fazer um acordo ou resolver a situação de uma forma que não prejudique o caixa da empresa. Entretanto, algumas situações já são pré-programadas, como o 13º salário. Organização é tudo!
Esse é um dos principais fatores que garantirá o sucesso do empreendimento e deve ser pensado antes mesmo de colocar a ideia em prática. Ter clareza quanto aos diferenciais do negócio parece óbvio, mas muitos empreendedores não abraçam este potencial.
É um pouco óbvio, mas o dinheiro e as despesas da empresa não podem ser misturados com o dinheiro e os gastos pessoais. Muitas vezes, o próprio empreendedor, por falta de recursos e pessoas, acaba fazendo essa mistura e isso é muito prejudicial. Aliás, essa é uma das maiores causas de mortalidade dos novos empreendimentos.
É importante sempre rever acordos, fornecedores, parceiros e gastos. Procurar pessoas e soluções que ofereçam as melhores condições para a empresa e buscar ferramentas para que se ganhe tempo, agilidade e economia.
Foto: Getty Images
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