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Recommerce: veja como se beneficiar desta estratégia

OLX, Mercado Livre, Ebay, Enjoei…Esses são alguns exemplos de empresas que ganharam força no varejo e que praticam, com excelência, o recommerce, conceito que se caracteriza pela compra e venda de produtos usados. Basicamente, são consumidores vendendo para consumidores.

“Produtos usados e reformados voltam para o varejo em novo formato de venda, em lojas focadas neste tipo de negócio”, sintetiza o sócio-fundador da agência de marketing digital CoreBiz, Felipe Macedo.

O potencial de crescimento desse conceito parece ganhar força pelo mundo. Uma pesquisa realizada pela marca californiana de roupas de segunda mão thredUP, aponta, por exemplo, que 64% das mulheres que compram moda, estão dispostas a comprar roupas usadas.

“A previsão é que o mercado de roupas usadas dobre nos próximos cinco anos. O relatório da thredUP também indica que os consumidores em geral esperam que as empresas varejistas trabalhem de forma ética e sustentável, evitando desperdícios nas produções”, comenta Macedo.

Cases de sucesso

Somente no terceiro trimestre de 2019, o Ebay registrou faturamento de US$ 2,649 bi

Seja no Brasil ou  fora dele, os cases de recommerce começam a crescer. “Já temos diversos casos de recommerce, mas talvez nenhum mais famoso que a própria Ebay”, opina o especialista da CoreBiz.

Somente no terceiro trimestre de 2019, o Ebay (que tem uma plataforma de venda de produtos novos e usados), registrou faturamento de US$ 2,649 bilhões.

Outra empresa de destaque neste segmento é a OLX Brasil. No mercado desde 2010, a companhia nasceu com o propósito de empoderar as pessoas a alcançarem seus sonhos, reinventando o modelo de consumo.

Ao encorajar o reuso, a OLX Brasil contribui com a redução de lixo, de emissões de CO2 e incentiva o uso de recursos naturais, dando aos itens segunda, terceira e até uma quarta vida. A OLX Brasil registrou um faturamento de cerca de R$ 400 milhões em 2019 e segue crescendo sua rentabilidade.

A brasileira Enjoei, que está no mercado desde 2009, é outro case de sucesso. “É o que chamamos de “pure player” do recommerce, ou seja, só vende produtos de segunda mão. A estimativa de faturamento de 2018 do Enjoei foi de R$ 200 milhões”, comentou Macedo.

Negócios sustentáveis

O recommerce também envolve a prática do reuso, algo que pode ser muito importante tendo em vista os impactos de novas compras ao meio ambiente.

Segundo dados do estudo sobre a indústria da moda lançado pela Fundação Ellen MacArthur ,e divulgados no portal da C&A, cerca de 100 bilhões de roupas foram produzidas no ano de 2015, o dobro do que eram produzidas nos anos 2000. Globalmente, cerca de 70% dessas peças vão para aterro ou incineração ao final da vida útil.

Justamente para reduzir o impacto ambiental que as roupas podem causar pelo descarte incorreto, a C&A lançou, em 2017, o Movimento ReCiclo.

Esta iniciativa oferece aos clientes ou qualquer interessado uma alternativa de descarte para roupas usadas, que atualmente está disponível em​ ​​​150 lojas pelo Brasil.

Nesta ação, as peças em boas condições são destinadas ao Centro Social Carisma, sendo um dos destinos a venda em bazares sociais que realizam, revertendo a renda da venda das peças para os programas desenvolvidos pela organização.

Já aquelas que não têm mais condições de uso são destinadas à Retalhar, um negócio social que faz o processo de manufatura reversa, ou seja, higienização das peças, retirada de aviamentos (que são enviados para a reciclagem), fragmentação e desfibração dos tecidos.

O produto pós desfibração é transformado em matéria-prima usada na indústria automotiva, principalmente, entre outros destinos.

Por meio do conceito de recommerce, as marcas também têm a oportunidade de criar seus próprios departamentos de “segunda mão”.

“Além de atrair um público maior para suas lojas, eles ainda podem rentabilizar produtos que muitas vezes são oriundos de devolução e/ou têm pequenos problemas na produção”, sugere o executivo da CoreBiz.

A marca de moda feminina Farm é um exemplo. “Além de criar a coleção – ‘re-roupa’ – aplicando o conceito de upcylcing, que envolve reutilização criativa) com sobras de tecidos da produção, dá descontos para as clientes que trazem roupas antigas da marca na hora de comprar novas peças nas lojas físicas. A marca também tem uma parceria com a Enjoei”, comenta Macedo.

Recommerce traz vantagens em todas as pontas do processo

Conceito garante benefícios a todos os envolvidos

Para o vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm), Rodrigo Bandeira, as vantagens do recommerce existem para todos os envolvidos. “Quem vende consegue gerar uma renda extra com produtos que não usa mais. Quem compra, conquista uma condição melhor de preço por um produto de interesse”, resume.

Para facilitar as transações, os produtos anunciados devem ter boas fotos e descrições detalhadas, envolvendo tamanho, cor, tempo de uso, possíveis avarias e outros detalhes que o vendedor achar interessante.

Empresas que participam da intermediação entre compradores e vendedores também são favorecidas. Ao garantirem que a transação será feita de modo seguro, elas levam uma parcela do total da compra.

De modo geral, as comissões giram em torno de 20% e também há uma taxa de anúncio, que varia de acordo com o valor do produto.

Mas para que as transações ocorram com sucesso, é fundamental ter alguns cuidados.

“A procedência e estado dos produtos usados depende da ética de quem está vendendo. Outro ponto que merece cuidado do consumidor é a pirataria e produtos falsificados. Portanto, vale desconfiar de artigos com valor muito abaixo daqueles praticados pelo mercado. Mas os portais que fazem a intermediação entre a compra e a venda, de modo geral, oferecem garantias e cobertura caso haja arrependimento”, comenta Bandeira, salientando que o segredo é buscar fornecedores de qualidade.

Fotos: Getty Images

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