O primeiro Summit Educação & Carreiras, realizado no dia 29 de outubro pela GS1 Brasil, em sua sede em São Paulo (SP), trouxe reflexões importantes sobre os novos rumos da carreira num momento em que o trabalho passa por transformações significativas com a crescente automação, a diversidade de pessoas e os novos modelos de negócios de base digital.
“Relatório do Fórum Econômico Mundial, de 2018, mostra que 75 milhões de empregos serão impactados até 2022 e tendem a desaparecer. Má notícia? Não, porque este mesmo estudo aponta que vão nascer 133 milhões de vagas, que serão mais ligadas à área de tecnologia, porém demandando outros tipos de competências. É um grande desafio e uma grande oportunidade para todos!”, afirmou a gerente de educação da GS1 Brasil, Flávia Ponte, na abertura do evento.
Flávia Ponte, gerente de educação da GS1 Brasil, na abertura do evento
O encontro reuniu nomes importantes da área de recursos humanos, educação e carreira, com palestras que reforçaram a necessidade de uma mudança de mindset para ter sucesso profissional. Aliás, hoje, sucesso não significa trabalhar para ganhar dinheiro, mas ter um propósito alinhado ao da empresa e encontrar a felicidade no trabalho.
Nesse novo contexto, o profissional precisa ser protagonista de sua própria carreira. Para isso, é preciso desenvolver novas competências, em especial as comportamentais, conhecidas como soft skills, como empatia, criatividade e pensamento crítico.
“A GS1 Brasil acredita no poder transformador da educação e apoia os profissionais nessa trajetória desafiadora de crescimento profissional”, afirmou Flávia.
O evento contou com palestras, painéis e oficinas com o objetivo de colaborar para o crescimento profissional de executivos do mercado. Confira a mensagem dos palestrantes.
Mekler Nunes
O palestrante mostrou que o investimento em educação tem impacto direto no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e reforçou o fato de que os esforços em treinamento e capacitação não devem ser encarados como custo. “Existe um retorno de investimento para o País, famílias, empresas e profissionais que enxergam na educação uma possibilidade de alavancagem”, comentou. Segundo ele, no Brasil, cada ano adicional de estudo produz um aumento de 10%, em média, nos ganhos anuais. Mekler também comentou sobre o poder da educação corporativa, que hoje movimenta R$ 2 bilhões todos os anos no País. “Como a educação formal não prepara profissionais da maneira como as empresas precisam, elas precisam apostar nesse tipo de capacitação”.
Vania Ferrari
Com um tom bem-humorado, Vania propôs uma série de reflexões para os participantes repensarem a carreira, reforçando o papel da educação na realidade contemporânea. “Um terço de tudo o que você sabe vai ficar obsoleto em três anos. Estudar, então, é uma condição sine qua non para se adaptar neste mundo. Todas as informações que você aprendeu até agora o trouxeram para a sua carreira atual, mas não são elas que a encaminharão para o próximo semestre de sucesso pessoal e profissional”, disse. A palestrante falou também sobre os desafios da liderança e da importância da diversidade e inclusão no ambiente corporativo. “Empresas com políticas sérias de inclusão e de diversidade são 18,3% mais rentáveis”, disse.
Lina Nakata
Lina falou sobre os conflitos entre gerações dentro das empresas e a convivência com os vários tipos de diversidade – de gênero, etária, social, portadores de necessidades especiais, etc. “A diversidade etária é a única em que todos profissionais vão passar”, afirmou, explicando as características de várias gerações – baby boomers (50 a 68 anos), geração X (38 a 49 anos), Geração Y (21 a 34 anos) e Geração Z (até 23 anos). Para ilustrar, Lina comandou um painel com a participação de três profissionais que compartilharam fatos marcantes do cenário cultural, sócio-ecônomico e político de sua época e como tudo isso se reflete no trabalho. Estiveram presentes: Willian Benedutti, da 3M; Camila Panachao, da Roche; e Cristiane Oyakawa, do Great Place to Work.
João Paulo Pacifico
Aproveitando um conceito de James Carse publicado em 1986 na obra Jogos Finitos e Infinitos e retomado recentemente por Simon Sinek no livro O Jogo Infinito, João Paulo refletiu sobre os jogos que estamos jogando na vida, nas empresas e na carreira. “A vida é um jogo infinito, ou todo mundo ganha ou todo mundo perde”, disse. Para ele, a compaixão – que envolve empatia, desejo de aliviar o sofrimento do outro e ação – é uma solução para empresas e líderes jogarem esse jogo, promovendo a felicidade no ambiente corporativo. O executivo também contou as iniciativas do Grupo Gaia, que atua na área de securitização, para promover a felicidade dos colaboradores e mostrou a importância de ter um propósito além do lucro.
Ione entrevistou João Paulo Pacifico, abordando a trajetória profissional do fundador do Grupo Gaia, além de questões como propósito, empreendedorismo e fontes de estudo e inspiração do executivo.
Camila Antunes
Depois de se tornar mãe, Camila Antunes criou a Filhos no Currículo, consultoria com foco no impacto da chegada dos filhos na carreira e que apoia empresas que se preocupam em atrair e reter talentos, promovendo uma cultura de diversidade que valorize profissionais com filhos. Camila destacou que profissionais com filhos vivem em uma espécie de laboratório de inovação diariamente e têm a oportunidade de adquirir e desenvolver soft skills, como flexibilidade, empatia, criatividade, pensamento crítico, resolução de problemas complexos e tomada de decisões – competências cada vez mais valorizadas no mercado de trabalho atualmente.
Marcelo Veras
A Revolução 4.0 está promovendo mudanças que ocorrem de forma cada vez mais acelerada no dia a dia das pessoas. Pensando na carreira, Marcelo Veras mostrou os aspectos que caracterizam uma liderança exponencial. Para ele, um líder exponencial precisa desenvolver competências técnicas, como estudar o futuro e as tendências, e comportamentais, como a empatia, para ajudar a resolver problemas. Para se tornar um líder exponencial é necessário ter a humildade de ser um eterno aprendiz e se cercar de pessoas que tenham competências complementares.
No período da tarde, quatro salas de dinâmicas experimentais colocaram em prática o conteúdo que foi absorvido nas palestras. Os participantes escolheram o tema que mais desejavam conhecer profundamente.
As atividades foram organizadas e conduzidas pelo coordenador de suprimentos do Itaú Unibanco, Eduardo Junqueira, que mostrou como construir uma dinâmica para planejamento e processos de mudanças usando Lego. Como parte da atividade, os participantes não se apresentaram no início da oficina, mas foram convidados a fazer a montagem de um pato. Depois, com um clima leve, cada um montou um modelo e, a partir deste modelo, se apresentou. “Foi um momento de descontração com propósito. Todos interagiram. Na sequência, trabalhamos aspectos como, por exemplo, trajetória profissional e base de educação, o que exigiu uma montagem mais complexa”, contou Eduardo.
A montagem final foi a junção da trajetória de cada um, conectado com os conteúdos das palestras da manhã e pensando na questão: qual o perfil do profissional do futuro? “O grupo definiu os pilares e contou uma história. E que história! Refletimos sobre as habilidades, as capacidades e as necessidades do profissional, reforçando o fator do reaprender constante. Foi um fechamento sensacional do dia”, afirmou.
Esta oficina, coordenada pelo diretor da Midiaria.com, Kleber Pinto, levou os participantes a refletirem sobre o que é o pensamento digital e o poder das redes sociais para a marca pessoal. Segundo Kleber, quando o empreendedor entende o seu propósito, ele pode usar as plataformas sociais para divulgar, com sucesso, suas ações pessoais e profissionais.
As atividades exploraram o LinkedIn, que não é uma ferramenta para mera reprodução do currículo. “Os participantes puderam entender que o LinkedIn é um espaço para mostrar sua trajetória, conquistas e cases de sucesso, montar uma rede de contatos e um ótimo ambiente para compartilhar e receber conhecimento das áreas de interesse”, disse Kleber.
A escritora, palestrante e sócia da Bindu Escola de Valores, Lúcia Barros, apresentou o mindfulness (atenção plena), que promove benefícios cientificamente comprovados, como diminuição do estresse e da depressão, e melhor capacidade de concentração e atenção. Lúcia propôs alguns exercícios de mindfulness para os participantes, destacando que essa prática ajuda no desenvolvimento e aplicação de soft skills.
“Não dá para falar de softks skill sem falar de mindfulness. Há quase 40 anos os melhores centros de pesquisa do mundo, como Harvard, Berkeley, MIT e Oxford, desenvolvem estudos sobre mindfulness como resposta ao estresse. Quando entramos em situação de estresse – e esse é um processo físico – perdemos o acesso às partes do cérebro ondes estão guardados os nossos soft skills. Então, não adianta desenvolver essas habilidades, se na hora que você mais precisa, não consegue usar”, explicou Lúcia.
O gerente técnico da 3M do Brasil, Luiz Daniel Borges, mostrou como o design thinking pode auxiliar a inovação. As atividades da oficina envolveram habilidades como, por exemplo, entendimento de necessidades e problemas, formulação de objetivos e empatia – que podem ser aplicados tanto no desenvolvimento de projetos de uma empresa ou na vida pessoal.
Além disso, a oficina propôs a busca de soluções e resolução de problemas de forma inovadora, conectando a parte teórica com exercícios práticos de observação, como prototipagem e análise, no qual os participantes tiveram a oportunidade de pensar sobre design thinking, aplicá-lo, ter um feed back e trocar experiências entre o grupo. “Tivemos uma troca de experiências muito legal, porque o grupo interagiu bastante, foi divertido, agradável, plural e inclusivo, pois todos participaram e tiveram voz”, afirmou Luiz.
O Summit Educação & Carreiras 2019 contou com o apoio das empresas: 3M, Pilot, Convenção, Itaueira, Rasip, Sucos Jandaia, Vegetais Saudáveis e Vapza.
Fotos: Eliane Cunha
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