A necessidade de distanciamento social nos últimos anos acelerou a inovação e a tendência de novas políticas de trabalho que, cada vez mais, se consolidam como novos modelos de colaboração.
A principal delas é o modelo híbrido de trabalho que, em 2022, se torna uma realidade implementada por 48% das empresas, como indica a 18ª edição do Índice de Confiança Robert Half (ICRH).
A sondagem leva em conta as respostas de 387 recrutadores, coletadas entre 3 e 30 de novembro, e revela ainda que 38% das empresas devem retornar ao modelo 100% presencial, enquanto apenas 3% devem permanecer no modelo 100% home office.
Na ocasião, 11% dos entrevistados afirmaram ainda não ter o modelo definido para 2022. Em junho, esse número era de 58,1%.
Entre as empresas que já definiram o modelo híbrido de trabalho para 2022, a maioria optou por um maior equilíbrio entre casa e escritório, com 30% delas exigindo a presença dos trabalhadores no escritório por três vezes por semana, e 28%, duas vezes por semana.
Apenas 4% definiram o escritório como local de trabalho em quatro dias, e 6% deverão comparecer apenas uma vez por semana.
Luiz Drouet, da ABRH-SP. Foto: divulgação
De acordo com especialistas ouvidos pelo Portal de Notícias da GS1 Brasil, esse é, de fato, o trabalho híbrido é um modelo que veio para ficar.
“Um estudo divulgado no ano passado pelo Google Cloud revelou que 43% das empresas pesquisadas já haviam escolhido o modelo híbrido como regime de trabalho. De lá para cá, o que se observa no mercado é que essa tendência se fortaleceu ainda mais. O trabalho híbrido deve se consolidar como principal modelo, especialmente por conta dos benefícios gerados para os colaboradores e as empresas”, analisa o presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seccional São Paulo (ABRH-SP), Luiz Drouet.
Marcelle Oliveira, da Luandre RH. Foto: divulgação
Para a gerente regional de desenvolvimento organizacional da Luandre RH, Marcelle Oliveira, as empresas têm adotado o trabalho híbrido pois conseguiram adaptar muitas atividades que podem ser feitas à distância, mas também, não deixaram de considerar o presencial, já que esse formato é importante para manutenção das relações interpessoais. “Enxergamos o equilíbrio como o melhor caminho”, indica.
Marcelle enxerga que, para as empresas, o modelo híbrido de trabalho traz algumas vantagens, com destaque para a economia de gastos com o espaço físico.
“Para a organização, os principais benefícios são redução de custos, na medida em que a empresa não precisa disponibilizar uma estação de trabalho para cada funcionário. Ainda que os escritórios continuem tendo um papel importante, eles acabam sendo reduzidos significativamente”, constata o executivo da ABRH-SP.
Além disso, o que se observou desde o início da pandemia foi, em geral, um aumento significativo na produtividade.
“O que vem sendo discutido é a sustentabilidade dessa produtividade. Embora muitos profissionais tenham passado a trabalhar mais tempo no modelo remoto e naturalmente isso acaba tendo um impacto também na saúde mental, quando há uma jornada equilibrada de trabalho, as experiências mostram que os modelos remoto e híbrido proporcionam produtividade superior ao modelo presencial”, diz.
E os benefícios podem se estender aos colaboradores, que ganham mais qualidade de vida. “Eles passam a estar mais próximos da família e a terem mais tempo para atividades de lazer, estudos ou hobbies”, comenta. De fato, esse ganho pode ser significativo considerando o tempo que se perde no percurso ao trabalho.
“O tempo de deslocamento da residência da maioria dos colaboradores até o trabalho é, em média, duas horas e meia entre ida e volta”, releva a especialista da Luandre.
A prática mostra, inclusive, que o modelo híbrido é algo que foi aceito por colaboradores de todas as idades.
“Por incrível que pareça, tivemos aceitação desse modelo de trabalho pela maioria das pessoas. Foi preciso apenas aperfeiçoar os treinamentos para os que tiveram mais dificuldades com a tecnologia”, comenta Marcelle.
Para que o modelo dê certo, é fundamental que empresa e colaboradores estejam alinhados e comprometidos com essa nova forma de se trabalhar.
Portanto, a boa gestão se torna fundamental, começando com a cultura e a comunicação da empresa, que precisam ser adaptadas a esse novo modelo.
“Um erro comum das empresas que improvisaram a mudança para o regime remoto ou híbrido foi agendar reuniões para todos os tipos de discussões e problemas a serem resolvidos, resultando numa maratona interminável de videoconferências”, adverte Luiz Drouet, lembrando que outro desafio que afeta mais os colaboradores é em relação ao equilíbrio entre vida e trabalho.
“Os limites entre estas duas áreas ficam menos claros e podem gerar confusões, geralmente com jornadas excessivas de trabalho”, alerta.
Para Marcelle, outro grande desafio é o de aperfeiçoar a forma de fazer a gestão das pessoas, garantindo que, mesmo à distância, as entregas sejam cumpridas e as pessoas estejam engajadas e comprometidas, ainda que não estejam se vendo a todo momento.
“Nesse processo, é essencial manter o contato com as pessoas do time, independentemente de onde elas estejam”, aponta.
As soluções tecnológicas podem auxiliar no acompanhamento dos números, das entregas e da satisfação de todos.
“A tecnologia tem um papel fundamental na medida em que viabiliza a comunicação de diferentes formas e permite aos profissionais colaborarem em atividades, compartilhando documentos que podem ser alterados e preenchidos simultaneamente”, mostra Drouet, reforçando que ela também tem um papel importante na medida em que disponibiliza os arquivos e informações e facilita a integração entre profissionais que podem estar em diferentes regiões do planeta e trabalham em equipes como se estivessem a poucos metros de distância.
*Fontes: gerente regional de desenvolvimento organizacional da Luandre RH, Marcelle Oliveira; e presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos de São Paulo (ABRH-SP), Luiz Drouet
Fotos: iStock
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