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Mudanças rápidas, respostas instantâneas, flexibilidade e agilidade: essas são algumas das necessidades que fazem a transformação digital algo inevitável para qualquer empresa. Mas se engana quem pensa que essa realidade é apenas focada em tecnologia.

Acima de tudo, a transformação digital implica que os negócios passem a ter um mindset digital e que tudo seja pensando considerando não apenas a necessidade de otimizar processos na empresa, mas também em atender as demandas do consumidor.

Por mais que o tema pareça complexo, ele não deve apenas fazer parte das estratégias de grandes corporações.

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Cassio Dreyfuss, do Gartner Foto: Divulgação

Pequenas e Médias Empresas (PMEs) também precisam estar atentas a essa realidade para se manterem competitivas no mercado, principalmente no atual contexto da pandemia da Covid-19.

Os benefícios desse novo olhar digital podem ser muitos. “Com maior frequência, os impactos da transformação acontecem sobre os clientes e sobre o mercado, mas pode haver mudanças positivas com impacto na gestão interna da empresa”, resume o VP Analyst do Gartner, Cassio Dreyfuss.

Para a diretora global de Innovation & Digital Business na Stefanini Brasil, Mary Alejandra Ballesta Estrada, essa forma de pensar nos negócios ajuda as MPEs a gerarem melhores resultados e, como consequência, venderem mais.

“A transformação digital pode ajudar a empresa a escalar melhor, se adaptar e ser mais competitiva diante de tanta concorrência no mercado. Cria-se, assim, uma melhor proposta de valor”, pontua.

Transformação digital durante a pandemia

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Mary Estrada, da Stefanini Brasil – Foto: Divulgação

Diante da pandemia pelo Covid-19, que levou a população ao confinamento social, a tecnologia ganhou uma relevância ainda maior na vida das pessoas.

Afinal, foram as soluções digitais que fizeram a vida continuar. Compras via e-commerce ou reuniões virtuais no trabalho foram algumas das alternativas encontradas neste ‘novo normal’.

“Diante desta realidade não há outra escolha: ou reagimos ou ficamos para trás. A pandemia acelerou o que já se via no mercado e capacidade de reagir de forma rápida. Frente ao look down e de consumidores que não enxergam mais as barreiras entre o mundo físico e o digital, as empresas não tiveram outra alternativa. O que se vê é que quem não está presente no meio digital não está produzindo”, alerta Mary Estrada.

Essa realidade foi constatada por uma pesquisa do Sebrae. Um estudo recente revelou que, durante a pandemia, 44% dos pequenos negócios entrevistados interromperam a operação, pois dependiam do funcionamento presencial.

Outros 32% mantiveram o funcionamento com auxílio de ferramentas digitais e 12% mantiveram o funcionamento, apesar de não contar com estrutura de tecnologia digital.

“A necessidade da ampliação de vendas por meio de canais eletrônicos já era uma realidade para empreendedores e continuará sendo determinante nos modelos de negócio para acompanhar a mudança de perfil de consumo. A palavra de ordem é estruturar e intensificar a presença digital das empresas”, afirma o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Wilson Poit.

Portanto, para se manter no mercado, desde grandes até pequenas empresas, tiveram de se adaptar.

“As empresas resilientes, que avançam na crise, saem na frente e são mais bem-sucedidas. De qualquer maneira, é necessário, para cada uma delas, realizar um exercício cuidadoso de desenhar um cenário futuro, definir objetivos e criar uma estratégia nova para chegar lá”, analisa Dreyfuss, salientando que esta é a hora das PMEs transformarem as ameaças da pandemia em uma oportunidade, considerando o perfil de cada negócio.

Desafios para vencer

O executivo do Gartner avalia que a transformação digital não precisa atingir necessariamente toda a empresa. As PMEs podem definir a transformação na amplitude em que ela é possível.

Afinal, em função de seu tamanho, é natural que as PMEs tenham, tipicamente, limitações de flexibilidade.

Elas têm menos folgas em seus fluxos de recursos para experimentar novos modelos de negócio e, consequentemente, mudar seu modelo operacional, investindo em novos processos e capacitações. Mas essa realidade não pode ser vista como limitadora.

“Uma organização ‘mais compacta’ permite uma mudança organizacional mais rápida e eficaz”, argumenta Dreyfuss.

A especialista da Stefanini também concorda com a visão de que uma empresa com estrutura enxuta possibilita aprender e agir rapidamente.

“Pequenos empresários são resilientes por natureza. Então, têm a capacidade de, ligeiramente, ver o que não funcionou e criar novas ideias. É esse mindset que os diferencia”, diz Mary.

Foco no conhecimento

Para se chegar a esse ponto, antes de pensar em tecnologia, é importante avaliar as necessidades reais da empresa e o perfil do cliente que se pretende atingir.

“O foco deve estar em se criar uma experiência de alto valor e sem atritos para o consumidor e isso exige conhecê-lo muito bem. E hoje as tecnologias estão mais acessíveis. Aliás, muitas vezes, há soluções que uma pessoa pode desenvolver com tutoriais disponíveis na web”, comenta Mary.

De fato, hoje, a informação sobre qualquer tecnologia está disponível a partir de várias fontes.

“Embora o domínio efetivo de um a tecnologia só aconteça quando ela é experimentada dentro de um contexto de negócios específico, graças a informações e conhecimentos disponíveis, as PMEs podem avançar bastante no processo de adoção de uma solução sem a necessidade de investir nela desde o primeiro instante”, pondera Dreyfuss, do Gartner.

Ele sugere que a escolha de uma tecnologia pode ser feita a partir do conhecimento do uso pioneiro feito por outra empresa. Neste caso, o empresário de uma PME será um “seguidor”, mas não um “inovador”.

“Nesse cenário, é importante corrigir uma percepção comum a respeito de inovação. Inovação não é necessariamente o uso pioneiro de uma tecnologia. É  o uso de uma tecnologia – nova ou não – na criação pioneira de um novo modelo de negócio”, diferencia.

É importante, ainda, que os bons cases ou modelos de transformação digital sejam vistos como uma inspiração e adaptados à realidade de cada negócios.

“Muitas vezes, os microempreendedores querem copiar os exemplos de grandes corporações e isso pode ser um problema. Mas não é porque se é micro que não se consegue criar uma estrutura profissional própria”, reforça a executiva da Stefanini.

Passos importantes para transformação digital em PMEs

Mary Estrada, da Stefanini Brasil, e o VP Analyst do Gartner, Cassio Dreyfuss, listaram para a reportagem do Portal de Notícias GS1 Brasil os pontos fundamentais para a transformação digital dos pequenos negócios:

  1. Garantir o engajamento de toda a empresa;
  2. Entender que a transformação digital não é somente uma transformação pela adoção de uma tecnologia ou da área de TI. É uma mudança no mindset dos negócios, com impacto em toda a organização;
  3. Ter um programa estruturado de inovação nos negócios;
  4. Ter um colaborador ou parceiros que entendam de tecnologia para o apoio e que esteja apto a transitar pelas mudanças de mercado, que são praticamente diárias.

Fotos: Getty Images

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