Falar sobre saúde mental ainda é um tabu para muitos, seja dentro ou fora das organizações.
Mas diante da pandemia, nota-se que o tema ganhou uma atenção maior, até porque a nova realidade fez com que todos fossem obrigados a mudar a forma de viver e trabalhar.
Edna Bedani, da ABRH-SP. Foto: divulgação
Aliás, esse ‘novo normal’ fez com que o número de pessoas ausentes no trabalho por problemas relacionados ao estresse, Burnout, entre outros sintomas psicológicos tenha aumentado consideravelmente neste momento, segundo afirma a diretora da Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seccional São Paulo (ABRH-SP), Edna Bedani, em entrevista ao Portal de Notícias da GS1 Brasil.
Uma pesquisa da International Stress Management Association (ISMA) reforça, inclusive, que 44% dos brasileiros afirmaram sentir exaustão do trabalho durante a pandemia.
“Isso se dá pelo próprio contexto desafiador que envolve o grande volume de trabalho, as pressões por resultados e a insegurança, somados ao isolamento social e ao próprio impacto na vida pessoal de cada um”, diz.
Portanto, as companhias perceberam a necessidade de cuidar mais dos seus colaboradores.
“Quando falamos de empresas, falamos de pessoas. Por isso, é difícil desassociar uma coisa da outra. Os colaboradores passam por momento difíceis, e cada um lida de uma forma. Mas, sem dúvidas, são situações que influenciam na rotina de trabalho, e por, consequência, as empresas precisam estar prontas para lidar com essas questões”, alerta a Country Manager do InfoJobs, Ana Paula Prado.
Inteligência emocional (IE) “é a capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos”.
Essa é dada pelo psicólogo e jornalista norte-americano Daniel Goleman, autor de vários livros sobre Inteligência Emocional, e que, segundo a executiva da ABRH-SP, traduzem bem esse conceito, que cresce cada vez mais em valor no ambiente corporativo.
“A IE favorece o trabalho em equipe e, consequentemente, um melhor desempenho”, sintetiza Edna. Para ela, esta capacidade é importantíssima em qualquer situação da vida.
“Quanto mais conhecemos nossas emoções e sentimentos, mais conseguimos estabelecer relações interpessoais saudáveis e colaborativas, bem como fazer escolhas pessoais com foco em nossos potenciais. Dessa forma, escolhemos, conscientemente, o nosso trabalho com foco no que precisa ser feito para atingir os resultados esperados”, diz.
Ana Paula Prado, do InfoJobs. Crédito: divulgação
Para incentivar a inteligência emocional nesse momento de crise, a especialista do InfoJobs avalia que os pilares principais são: saber se colocar no lugar do seu colaborador e entender suas individualidades; tomar cuidado com a pressão excessiva; e entender que nem todas medidas podem ser tomadas em massa.
“É fundamental ter um canal de comunicação aberto, no qual os colaboradores sintam-se à vontade para falar sobre os seus sentimentos, a fim de propor soluções juntos”, aconselha Ana Paula.
Para ela, outras práticas, como reconhecimento, ter flexibilidade de horário, reavaliação de metas e, principalmente, estimular técnicas que ajudam no autoconhecimento, como meditação, também auxiliam a diminuir o estresse e a pressão.
“Também é saudável manter conversas descontraídas. Portanto, pode-se criar reuniões de equipe que não necessariamente sejam para falar de demandas, mas, sim, compartilhar notícias boas e acontecimentos cotidianos”, pontua.
Primeiramente, o líder precisa estar preparado para orientar pessoas e suas adversidades.
Portanto, também é muito importante que estes profissionais estejam com a saúde mental em dia; pratiquem as técnicas propostas para os colaboradores; busquem ajuda sempre que necessário.
“Os líderes também estão em um cenário de incertezas e sendo pressionados. Portanto, precisam se cuidar e se conhecer”, reforça Ana Paula.
Edna recomenda, assim, que este profissional identifique muito bem seus pontos fortes e a melhorar; e esteja em autodesenvolvimento contínuo, para que conheça cada membro de sua equipe e entenda as “dores” individuais, bem como as potencialidades para valorizá-las e reconhecê-las.
Mas é importante lembrar que ter inteligência emocional não significa “nunca ser vulnerável”. Muito pelo contrário!
“Significa saber vivenciar situações de vulnerabilidade e gerenciá-las sem perder o controle das emoções ocasionadas por ela; e acreditar que é uma situação específica e passageira, e que somos maiores do que a situação”, pontua.
Para tanto, a especialista da ABRH-SP afirma que, neste momento, é importante para o líder:
Edna Bedani, da ABRH-SP, recomenda:
*Fontes: Country Manager do InfoJobs, Ana Paula Prado; e diretora da Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seccional São Paulo (ABRH-SP), Edna Bedani
Fotos: iStock
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